Continuamos hoje a sequência de
matérias sobre o nome de ruas e praças, mas, ampliando agora para alguns dos outros
municípios serranos de Santa Catarina (além de São Joaquim, do qual já foram publicadas
diversas matérias [ver índice
do Blog]). Assim, iniciaremos nas próximas postagens uma série de
ruas de personagens conhecidos em nossas pesquisas genealógicas do município de
Bom Jardim da Serra (SC), conforme nos sugeriu nosso querido amigo Henrique
Brognoli Martins.
Iniciaremos esta nova série por um
importante personagem desta cidade e da Serra Catarinense, o Sr. Prudente Luiz Vieira.
Nosso personagem em questão, juntamente
com os fazendeiros Antão de Paula Velho, José Caetano do Amaral, Manoel Cecilio
Ribeiro, Ranier Cassetari, Emilio Benevenuto Ribeiro, Manoel Ignacio Esteves,
João Francisco Rodrigues, Joaquim Ezirio, Vitorino Rodrigues Machado, Taurino
Gonçalves Padilha e outros, fez parte da comissão fundadora da Vila de Bom
Jardim da Serra (SC)[i].
De acordo com a pesquisadora Edinna Figueiredo, Prudente Luiz Vieira doou 125
mil metros quadrados de terra para a fundação da vila.
Nota: “A História de Bom Jardim da
Serra começa em 1870, com a chegada do gaúcho Manoel Pinto Ribeiro e seus
filhos, que se instalaram na localidade de Fazenda Pelotas. Uma trilha aberta
pelos colonizadores ficou conhecida como “Serra do Doze” e foi o primeiro nome
do lugar, que chamou-se depois “Serra do Rio do Rastro”. Elevada à condição de
povoado em 1905 e de vila em 1921, Bom Jardim da Serra oficializa-se como
cidade em 29 de janeiro de 1967 e é instalado a 05 de março do mesmo ano” [ii].
Prudente Luiz Vieira foi batizado em 24/05/1859[iii],
e faleceu em 24/02/1921, às 22h, de doença no fígado[iv].
Pai: João
Luiz Vieira (falec. 06.09.1909).
Mãe: Ana
Maria Domingues Arruda (nasc. 1825), filha de José Domingues Arruda, falecido
em 01.02.1849 e Maria de Souza Teixeira.
Nota: João Luiz, filho de Leandro
Luiz Vieira, falecido em 1863, e Clara Maria dos Santos.
Morte:
24.02.1921 (aos 62 anos), sepultado no cemitério público de São Joaquim.
Fazendas:
das TIJUCAS (em Bom
Jardim ).
Segundo relatório do Estado de Santa Catarina (1914)[v],
o capitão Prudente Luiz Vieira era criador.
Esposa: MARIA DOS PRAZERES
DO AMARAL VIEIRA (†20.11.1933), liv. 5, p. 50, CRC-SJ, faleceu de edema agudo
nos pulmões[vi].
Pais:
Antonio Caetano (“Cachoeira”) do Amaral e de Anna Borges do Amaral, filha de
Fellippe Borges do Amaral e Castro e de Maria do Nascimento do Amaral. Anna
nasceu em junho de 1849 em
São Francisco de Paula, RS.
Nota: Nas certidões dos filhos de
Prudente/Maria dos Prazeres, o nome do pai de Maria dos Prazeres era Antonio
Caetano Pereira do Amaral.
Filhos:
1- HERCÍLIO
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 11.05.1888)
C. c. Maria Cândida Ribeiro Vieira, “Candoca”
Filha de João Batista Ribeiro de Souza e de Cândida dos Prazeres
Batista de Souza
Nº de filhos: 06
Fazenda: do “POSTO” (em “São João de Pelotas”)
2- SYLVIA
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 01.11.1891)
C. c. Bernardo Vieira Ramos
Filho de Vidal José de Oliveira Ramos Sobrinho e Joaquina Domingues
Vieira
3- ARGYMIRO
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 01.07.1894)
C. c. Olívia do Amaral Vieira
Filha de Antão de Paula Velho e Maria Adelaide do Amaral e Souza
Velho
4- ANTONIO
VIEIRA DO AMARAL, (27.10.1895 - 18.09.1964)
C. c. Olívia Ribeiro Vieira, “Vivi” (1900 - 28.11.1964)
Filha de João Batista Ribeiro de Souza e de Cândida dos Prazeres
Batista de Souza
5- ADALBERTO
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 10.12.1896)
C. c. Itália Cassetari Vieira
Filha de Ranier Cassetari (italiano) e Emília Teixeira (de São
Francisco de Paula, RS).
6- ESMERALDA
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 31.03.1898)
C. c. Valentim Ignácio Velho
Filho de Ignácio Manoel Souza Velho (“Inacinho”) e de Angelina
Vieira Borges Velho
7- DONATILLA
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 05.08.1899)
C. c. Affonso Ribeiro Velho
Filho de Manoel Inácio Velho (morto em 1916) e de Ana Maria Baptista
Ribeiro (filha do Cel. João Ribeiro e de Ismênia Baptista de Souza)
Filho único: Luiz Adailton Vieira Velho, c. c. Maria Imaculada
Fialho Velho
8- CÂNDIDA
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 20.08.1906)
C. c. Isaac Bertonini
9- BENILDA
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 15.07.1909)
C. c. Anacleto Barbosa de Camargo
10- JAYME
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 27.12.1920)
C. c. Maria Velho Vieira
Filha de Antão de Paula Velho e de Maria Adelaide do Amaral e Souza
Velho
11- ABIGAIL
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 20.09.1903)
C. c. Dimas Baptista de Souza
Filho de Ambrósio Baptista de Andrade e de Maria Trindade do Amaral
e Souza.
Ambrósio, filho de Marcos Baptista de Souza e “Vó Marica”.
O casamento de Abigail foi notícia
no Jornal Imprensa de 25 de abril de 1920, como pode ser visto na imagem abaixo[vii].
Jornal Imprensa, abril de 1920. |
12- NAIR
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 12.12.1913)
C. c. João Lacerda de Camargo Ramos
13- NELSON
VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 23.02.1915, data a confirmar)
C. c. Ainda Paim Vieira (?)
14- MARIA
DO CARMO VIEIRA RAMOS, (nasc. 01.03.1915, data a confirmar), neta herdeira
Representante, no inventário, da mãe falecida Anna Maria do
Amaral, c. c. João Vidal Vieira Ramos.
Filho de Vidal José de Oliveira Ramos Sobrinho e Joaquina Domingues
Vieira.
---xxx---
Esses
eram os filhos vivos na data da morte de Prudente Luiz Vieira. Além deles,
Prudente teve mais os seguintes, falecidos crianças ou jovens:
a - ELVIRA
VIEIRA DO AMARAL;
b - ALZINA
VIEIRA DO AMARAL;
c - ONDINA
VIEIRA DO AMARAL;
d - WALDIVINO
VIEIRA DO AMARAL (15.07.1904 - 10.11.1916).
Faleceu
atingido por um raio, fato descrito por Enedino Batista Ribeiro em seu livro
“Gavião-de-Penacho, Memórias de um Serrano”, 1999, p.331-333, o qual
reproduzimos, em parte, aqui:
No
dia 10 de novembro de 1916, aconteceu, para mim, para minha mana Maria Cândida
Ribeiro Vieira, uma lamentável tragédia que encheu a nossa família de enorme
tristeza e mágoa.
Candoca
partira da sua Fazenda do “Posto”, com destino a Lages, onde vinha nos visitar.
Viajavam em sua companhia, seu cunhado, Valdivino Vieira do Amaral, jovem de
doze anos, e sua filhinha Araci, criança de colo, com menos de um ano de idade;
além deles, o empregado da casa, cujo nome não me recordo. A viagem era feita a
cavalo, com dois ou três cargueiros.
No
segundo dia de jornada, cerca de três quilômetros da Fazendo do Sr. José
Prudente Vieira (vulgo Juca Prudente), depois de atravessarem o vale do rio
“Pelotinhas”, armou-se uma trovoada para as bandas do sudoeste; a comitiva, já
no alto da coxilha, junto a uma lagoinha seca, foi atingida por uma poderosa
faísca elétrica que pôs por terra todos os cavaleiros; os animais de montaria
com os cargueiros espalharam pelo campo em doida disparada. Eram duas da tarde.
Quando minha mana recobrou os sentidos, pôde avaliar a extensão do desastre;
estavam mortos no chão, seu cunhado Vivaldino e o cavalo em que montava. Araci,
a pequenina que viajava no colo do mocinho que pereceu fulminado pelo raio,
praticamente nada sofreu, apenas leves queimaduras na testa e lacrimejamento de
uma vista; em pouco tempo ficou totalmente reestabelecida.
Como
pôde acontecer aquilo, de a criança se salvar, enquanto seu tio e a respectiva
montaria pereceram instantaneamente? Milagre? Ou será o fenômeno examinado por
pessoa competente, teria explicação em face das leis físicas da eletricidade?
Chegada
a notícia em Lages, dali partiram meus manos mais velhos, Afonso e Marcos, para
conduzir nossa mana e providenciar a condução do cadáver até a cidade, onde foi
velado na casa de residência do Dr. Walmor. [...]
Valdivino
era irmão do meu cunhado Hercílio Vieira, filho de Prudente Luiz Vieira e de
dona Maria dos Prazeres do Amaral Vieira. Nasceu no dia 15 de julho de 1904,
sendo sepultado no cemitério público da cidade de Lages, onde a família mandou
erigir um túmulo, para perpetuar sua rápida passagem por este mundo (Ribeiro, 1999, p. 331-333).
---xxx---
Montante dos Bens de Prudente (inventário):
- Bens
de raiz
|
82:421$599
(área |
- Bens
semoventes
|
51:780$000
|
- Monte
mor
|
134:201$599
|
Cabe à viúva
meeira
|
67:100$799
|
Cabe à
cada um dos 14 herdeiros
|
4:792$914
( |
A
avaliação dos bens foi feita no local dos vários imóveis pertencentes ao
espólio, iniciando-se pela Fazenda TIJUCAS, que era o domicílio da
família e onde se reuniram o juiz, escrivão, o curador geral dos órfãos,
Theodolindo Lima, o inventariante Argymiro, os avaliadores João Pereira e
Jacintho Goulart:
I- FAZENDA
"TIJUCAS" (área total:
2- Uma casa
de moradia e suas benfeitorias sitas na referida fazenda
3- Dois
potreiros de campos e matos, anexos à casa acima mencionada
|
30:604$200
6:000$000
325$214
|
II- FAZENDA
"CAPIVARAS"
|
3:762$000
|
III- FAZENDA
DO "PÚLPITO"
- outra
parte na mesma fazenda - "CANTINHO"
|
7:323$000
285$600
|
IV- FAZENDA
SÃO "BENTO" (
- uma
invernada de campos e matos: Invernada da "COSTA" (
- na
mesma fazenda, a Invernada dos "PAPAGAIOS" (
- na
mesma fazenda, uma casa de moradia
- na
mesma fazenda, um potreiro de campos e matos anexos à referida casa (coube à
herdeira Maria do Carmo)
|
10:309$200
9:816$000
2:515$800
1:000$000
218$400
|
V- Uma casa
em construção em Bom Jardim
|
2:000$000
|
IV- Uma
parte de campos e matos no lugar denominado "CRIÚVAS", anexa
à FAZENDA DO "POSTO"
|
2:320$878
|
VII-
Uma parte de campos e matos situado na Fazenda "NOVA", no
Rio Grande do Sul
|
3:159$707
|
VIII-
Uma CASA em construção em Lages
|
2:781$600
|
ÁREAS E VALORES DAS PROPRIEDADES:
I- TIJUCAS
- área total:
|
30:604$200
|
II- SÃO
BENTO - área total:
|
10:309$000
|
III- Invernada
da Costa - área total:
|
9:816$000
|
IV- Invernada
dos Papagaios - área total:
|
2:515$800
|
V- POTREIROS:
- de
Tijucas - área:
- São
Bento - área:
ÁREA
TOTAL CONJUTA:
Valor
Total conjunto:
|
82.421$599
|
Cada
herdeiro ganhou 7:988$190 m2 de terras.
Nesta
propriedade geral de Prudente Luiz Vieira fica o arroio do OURO, que faz foz no
rio de Púlpito,
- Lembrar
que Manoel Ignácio da Silva Esteves tinha uma "fazenda do Ouro", na
Fazenda Tijucas.
Referências
RIBEIRO, Enedino
Batista. Gavião-de-Penacho, Memórias
de um Serrano. Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina; co-edição da
Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina, 1999, 544 p., Coleção Catariniana, n.
1.
[i] Autobiografia de Adolfo José Martins, fornecida pelo descendente
Henrique Brognoli Martins, a quem agradecemos.
[ii] SEBRAE/SC. Santa Catarina em
Números – Bom Jardim da Serra. Florianópolis: SEBRAE/SC, 2010. 114p.
Disponível em: http://www.sebrae-sc.com.br/scemnumero/arquivo/Bom-Jardim-da-Serra.pdf.
[iii] Batistério: https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-9834-12445-13?cc=2177296&wc=MFKJ-DM9:1030404201,1030404202,1030467001.
Matrimônio: https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-9833-33233-50?cc=2177296&wc=MFKJ-HMS:1030404201,1030404202,1030522101.
[iv] Inventário sem Testamento de Prudente Luiz Vieira, 1921, Processo
nº501 – Reg. no L2º - fls. 17.
[v] Estado de Santa Catarina. Annuario
Admininstrativo, Agricola, Profissional, Mercantil e Industrial dos Estados
Unidos do Brazil. Obra Estatística e de Consulta, Almanak Laemmert, 66º
ano, 1891 a 1940.
[vi] FIGUEIREDO, Edinna B. Pereira. Raízes
centenárias de São Joaquim da Costa da Serra. Videira: Êxito, 2018.
[vii] Disponível em: http://hemeroteca.ciasc.sc. gov.br/jornais/imprensa/ IMPR1920032.pdf.
Boa noite gostei de lê ,esse documentário eu só Neto de Argimiro Vieira.
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