Texto de Mauricio
Cardoso da Silva[i],
com adaptações de
Ismênia Ribeiro Schneider e Cristiane Budde
Na matéria de hoje, apresentamos mais uma rua do
município de Bom Jardim da Serra (SC), denominada Emílio Ribeiro. A homenagem
da rua se atribui ao personagem Emílio
Benevenuto Ribeiro (nascimento 1870, falecimento 1943), cidadão ativo na
política e na organização da vila de Bom Jardim (na época, distrito de São
Joaquim da Costa da Serra), sendo um dos seus oito fundadores. Emílio também
foi capitão da guarda nacional, título honorífico, mas de representatividade.
Emilio Benevenuto Ribeiro. |
Emílio era filho de Manoel Bento Ribeiro (nasc. 1828,
falec. 01/12/1895) e de Felicidade Maria Rodrigues. Era, ainda, sobrinho do
Coronel João da Silva Ribeiro (Júnior), importante político na sua época, que
deu o nome as praças do centro de São Joaquim e Lages.
Rua Emilio Ribeiro, Bom Jardim da Serra, SC. |
Emílio morava na Fazenda Cachoeirinha, e casou-se com Maria Benta Ribeiro filha de Manoel
José Pereira (nasc. 14 do julho do 1846, falec. 23 do junho do 1924) e de Cândida
Maria da Silva (nasc. 3 do junho do 1856, falec. 27 do agosto do 1938).
O casal teve sete filhos:
F1 - Antônio Evândulo Ribeiro, “Nico”;
F2 - Maria Cândida Ribeiro Goulart;
F3 – Gasparino Ribeiro;
F4 - Manoel Benevenuto
Ribeiro,” Manequinho”;
F5 - Moises Ribeiro
Sobrinho;
F6 - Lorena Ribeiro,
“Tia Lora”;
F7 - Felicidade
Ribeiro, “Dadinha”.
Nos primeiros anos após o surgimento da vila de Bom
Jardim, os colonizadores dispunham de poucas opções de lazer na região. Foi
então que Emilio e um grupo de desbravadores fundaram o Clube Recreativo Bonjardinense.
A fundação se deu precisamente no dia 14 de abril de 1910, às 16h, na sede do
edifício construído para a referida associação, como consta na ata de fundação do
clube.
Ata de Fundação do Clube Bonjardinense. |
A notícia da fundação do Clube Recreativo Bonjardinense
teve bastante repercussão na época, sendo noticiada no jornal A REPÚBLICA, da
cidade de Florianópolis.
Emilio
tinha terras na denominada Fazenda do Socorro e na Fazenda Pelotas, onde
requereu a demarcação no início do século 20.
Pode-se
observar que no depoimento de Manoel Cecílio Ribeiro, acompanhado de seu
advogado Nereu Ramos, no processo de divisão e demarcação da Fazenda do Socorro,
em 1916, que se tentou através de reuniões resolver onde ficavam as divisas
entre as referidas fazendas (Socorro e Pelotas), pois as delimitações que
constavam nos documentos até então eram precárias e com informações vagas a
respeito das divisas. Entretanto, não se chegou a nenhum acordo naquele
momento.
Segue na íntegra o
depoimento de Manoel Cecílio Ribeiro:
DEPOIMENTO
DE MANOEL CECILIO RIBEIRO ACOMPANHADO POR
SEU ADVOGADO NEREU RAMOS NO PROCESSO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DA FAZENDA
DO SOCORRO INSTAURADO EM 1916:
MANOEL CECILIO RIBEIRO interrogado pelo advogado dos
réus JOÃO DE PAULA E SILVA respondeu as seguintes perguntas:
PERGUNTA: Se sabe o depoente se Zacarias Francisco Pereira e
Manoel Polycarpo de Souza não residem há muito tempo fora da Comarca?
RESPOSTA: Residiam
na Comarca e se se mudaram e quanto tempo ignora, porque os mesmos não lhe
mandaram avisar.
PERGUNTA: Se sabe se Zacarias Francisco Pereira arrendou ou não
seu campo, casa e benfeitorias?
RESPOSTA: Ignora.
PERGUNTA: Se sabe se a Fazenda Santa Bárbara está em comunhão?
RESPOSTA: Sabe
perfeitamente que está, mesmo porque tem parte nela e que a mesma confronta com
a Fazenda do Socorro por um rio.
PERGUNTA: Se sabe se no rol dos confrontantes acham-se todos os
condôminos da mesma Fazenda de Santa Bárbara?
RESPOSTA: Nem todas
se acham no dito rol, mas que julga isso desnecessário porque nenhuma dúvida
existe quanto as divisas de uma e outra fazenda, sendo assim todos ali vivem de
acordo.
PERGUNTA: Se sabia explicar com seja o arroio da Porteira
mencionado na escritura antiga?
RESPOSTA: Que
justamente por desconhecer com precisão o referido arroio é que propôs a
demarcação da fazenda.
PERGUNTA: Se sabia se as divisas
descritas na petição inicial da presente ação de demarcação e divisão da
Fazenda do Socorro compreenderiam todo o perímetro da mesma fazenda?
RESPOSTA: Que sabe
que as divisas compreendiam digo na petição inicial compreenderiam todo o perímetro
da mesma fazenda.
PERGUNTA: Se sabia dizer com certeza qual seja o lugar onde há
cento e quarenta anos existia uma Tapera do Padre José Carlos?
RESPOSTA: Que ele
não existindo a cento e quarenta anos não podia ter conhecimento próprio onde é
a referida Tapera mas o que sabe sobre ela é porque seus antecessores e outros
pessoas ainda existentes lhes dirão aonde é a Tapera do Padre José Carlos.
PERGUNTA: Se sabia descrever com exatidão a divisa formada por
restingas e faxinaes conforme comenta a escritura antiga?
RESPOSTA: Não podia
descrever com precisão porque nunca ela foi demarcação razão pela qual requereu a ...............que
ignora com precisão quais sejam estas divisas...........................digo
que devem ficar compreendidas entre a Fazenda Pelotas e do Socorro
PERGUNTA: Se sabia dizer que parte da Fazenda do Socorro, ficava
a referida divisa formada de restingas e faxinais si ao Norte, ao Sul a Leste
ou a Oeste?
RESPOSTA: Matematicamente
não pode responder mas que o documentos podem dizer .
PERGUNTA: Se conhecia o rincão do Campo Redondo, Campo da Cria,
Campo de Fora até o Boqueirão do Olho D’ Água, Rincão de Fora, Boqueirão, do
Capão da Cinza, Rincão da Vigia, Rincão da Palha, Rincão do Potreiro, Faxinal
da Costa da Serra, do Bicudo, Rincão que foi de Bairros e Damascena?
RESPOSTA: Conhecia
todos estes rincões como outros, ainda porque nasceu e foi criado, e seus
antecessores sempre lhe disseram que estes rincões faziam parte da fazenda do
Socorro, a exceção de Bairros e Damascena que seus antecessores nunca lhes
disseram se estes dois rincões pertenciam ou não a Fazenda do Socorro.
PERGUNTA: Se sabia se o campo denominado Remanescente está
compreendido nesses rincões?
RESPOSTA: Ignora,
porque seus antecessores nunca lhe falaram e tal Campo e nem conhece qualquer
documento a que ele se refira. Disse mais que desconhece se existe ou não algum
Campo chamado Remanescente, não podendo precisar se algum dos donos da Fazenda
do Socorro ou não na posse do dito Campo.
PERGUNTA: Se sabe se João da Silva Ribeiro e sua mulher quando
morreram eram os donos únicos da Fazenda do Socorro?
RESPOSTA: Não sabe,
que só o exame dos documentos pode esclarecer e que conhece da fazenda do
Socorro apenas os documentos que dizem respeito a ele depoente, até pelos
documentos que possui não pode dizer se João da Silva Ribeiro e sua mulher eram
ou não os únicos donos da referida fazenda.
PERGUNTA: Se sabe qual o herdeiro de Matheus José de Souza ainda
tinha parte na fazenda quando do falecimento de João da Silva Ribeiro e se não
mais existia herdeiros do mesma referido Matheus José de Souza?
RESPOSTA: Não sabe,
os documentos podem dizer.
PERGUNTA: Se antes de começar a demarcação da Pelotas requerida
por Emilio Benevenuto Ribeiro, os interessados desta e da Fazenda do Socorro
fizeram uma reunião em Bom Jardim e no memorial de demarcação o depoente seu
genro Adolfo Martins, o Coronel Cezario Joaquim do Amarante e outros fizeram um
acordo sobre as linhas de demarcação?
RESPOSTA: Houve de
fato a referida reunião mas que nenhum acordo se realizou, havendo entretanto
entre ele depoente e Emilio Benevenuto Ribeiro conhecido à aquela reunião aonde
nenhum acordo se realizou.
PERGUNTA: A quanto tempo Manoel Ribeiro se estabeleceu com a
propriedade na gleba denominada de Cachoreinha?
RESPOSTA: Ignora a
data em Manoel Ribeiro se estabeleceu com a propriedade na gleba denominada de
Cachoreinha, e nada mais disse e nem lhe foi perguntado.
----
Emilio passou boa parte da vida na Fazenda Cachoeirinha
onde, posteriormente, com a perda de sua esposa, permaneceu com uma de suas
filhas, Lorena Ribeiro “tia Lora”, onde ficou até o fim da sua vida, no ano de
1943.
[i] Mauricio Cardoso da Silva é bisneto de Emílio Benevenuto Ribeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário