Ismênia Ribeiro
Schneider
Cristiane Budde
Daniela Ribeiro
Schneider
Inécio Pagani Machado
Carlos Solera
Eleni Cássia Vieira
Na
matéria de hoje, apresentamos mais um personagem da família Pereira Machado,
que foi homenageado com um nome de rua no município de Urupema (SC): Otávio
Pereira Machado.
A
rua é fechada ao trânsito de veículos, o que só ocorre em ocasiões especiais.
Em uma das laterais da rua, encontra-se o acesso às escadarias da Igreja
Matriz, e, logo a seguir, um pequeno lago e a Gruta Nossa Senhora de Lourdes.
Na lateral oposta, a rua contorna a praça Manoel Pinto de Arruda, com seus
belos canteiros de flores[i].
A denominação da rua consta na Lei n. 255/1996, de 31 de dezembro de 1996, como
pode ser visto abaixo:
Lei n. 255/1996, ver número V. Documento fornecido por Carlos Solera e Eleni Vieira. |
Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Fotos fornecidas por Carlos Solera, a quem agradecemos. |
Otávio Pereira
Machado (nasc. 20/12/1896, bat. 22/02/1897[ii],
São Joaquim, SC) era filho de Leonel Caetano da Silva Machado (05/05/1865[iii]
– 06/02/1946[iv])
e Arminda Rodrigues Machado (nasc. 11 de julho de 1866[v]).
Portanto, Otávio era irmão de Olavo
Pereira Machado, que também recebeu como homenagem um nome de Rua em
Urupema (SC).
Notas:
* Leonel era filho de Leonel
Caetano da Silva Machado e Florinda Pereira de Jesus.
** Arminda era filha de Thomaz
Bento Rodrigues e Belizária Cândida da Silva (Saldanha Rodrigues).
*** Para mais informações sobre
Olavo Pereira Machado, ver a matéria: http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2020/06/rua-olavo-pereira-machado-urupema-sc.html.
Registro de batismo de Otávio Pereira Machado. Fonte: Family Search. |
Otávio adquiriu, por volta de 1939, uma usina hidráulica para fornecimento de energia elétrica (potência 8Kw[vi]), que foi a primeira usina da região. Ela foi construída por Ernesto e Ari Ponte[vii]. No texto a seguir, de autoria de Inécio Pagani, mais informações sobre o assunto.
Otávio casou-se
com Virgínia Pereira de Souza (nasc. 10/10/1900), filha de Francisco José
Pereira de Medeiros e Anna Felicidade de Souza[viii].
Notas:
* Anna Felicidade era filha de
Ignácio Rodrigues de Souza e Felicidade Maria de Saldanha.
** Felicidade Maria de Saldanha era
filha de Antônio Caetano da Silva Machado e Ismênia Muniz de Saldanha (D.
Yayá).
Otávio e Virgínia
não tiveram filhos, mas adotaram o sobrinho Roseni Antunes Machado[ix]
(pai de Inécio Pagani Machado), e Herly Luiz Pagani Machado[x].
Árvore genealógica de Otávio Pereira Machado. |
Para finalizar a matéria, publicamos um texto escrito por Inécio Pagani Machado, neto[xi] de Otávio:
Otávio Pereira
Machado
Por Inécio Pagani
Machado
Foi
um homem folclórico. De produtor rural a empresário, numa época difícil e
desafiadora.
Inicialmente
residindo na localidade de Quebra Dentes, hoje propriedade da Família Medeiros,
veio para a Vila de Santana, adquirindo outras ali. Uma delas, ficava no Bairro
Coqueiros, próximo à ponte do Rio Caronas, que liga esse “bairro” ao centro.
Havia
uma pequena atafona e um projeto, já iniciado, para a construção de uma usina
hidrelétrica. Com espírito empreendedor, vislumbrou a possibilidade de tocar o
projeto, o que acabara acontecendo. Numa fase imediata, foi implantada a rede,
fornecendo energia para a Vila.
Como fez isso?
Construiu
um desvio no Rio Canoas, onde está a propriedade do senhor Arosni Pagani da
Silva, pela encosta da chácara que havia adquirido e, pelo desnível natural,
formava uma queda de aproximadamente vinte metros. Com um sistema de turbina,
movimentava todo o complexo de polias, produzindo a energia necessária para a
produção de luz elétrica e para a atafona. Criança de sete a dez anos,
trabalhei na atafona.
Então,
Santana foi a primeira localidade da Comarca a ter uma usina elétrica movida
exclusivamente à água, graças a Otávio Pereira Machado.
Falei
que era folclórico, pois tinha um jeito peculiar de ser: brincalhão, barba
sempre por fazer, recebeu o apelido de “Moro Velho”. Ficava furioso se alguém o
chamasse assim!
Tinha
um coração imenso, bondoso. Como não teve filhos com a sua esposa, Virgínia
Pereira de Souza, adotou meu pai (Roseni Antunes Machado) como filho, criou um
irmão meu que também, por afinidade, considerava-o como filho. Acolheu todos os
sobrinhos, alguns órfãos e outro por grau parentesco, em sua casa. Os chamava
de filhos. Tanto era verdade, que meu pai os tinha como irmãos, e nós como
nossos tios.
Eram
comuns as noitadas de jogo de pife (baralho) em sua casa. Sempre com
companheiros de sua idade e amizade. A sua cama ficava na cozinha e ele jogava
meio deitado ou sentado. Também eram famosas as suas “reinas”, como chamavam.
Ficava sem falar e irritado, às vezes por vários dias.
Mais
curiosidades:
Outra
propriedade adquirida foi a chamada “Chapada da Cidade”. Era assim conhecida em
homenagem à antiga dona do terreno, de nome Felicidade, daí o apelido dado:
Chapada da Cidade. Atualmente, pertence aos herdeiros de Hildebrando Almeida
Borges.
O
meio de transporte para ir ao terreno, normalmente, era feito por carro de
bois. Levava sempre uma pessoa para conduzir o carro. Certa vez, o carro
quebrou ainda no sítio. A distância, para a sua idade, era considerável para ir
a pé. Puxou um “palheiro” (cigarro de fumo em corda com palha de milho) e, após
algumas baforadas, chamou o companheiro, um menino de seus dez anos, e pediu
para ele cortar um arbusto com muitos galhos. Sem entender nada, o menino fez o
que lhe fora ordenado. Amarrou os bois, um de cada lado do tronco da árvore,
sentou-se nos galhos, e veio embora. A uma certa distância, as pessoas
perceberam uma nuvem intensa de poeira, sem saber do que se tratava. Era verão.
Alguém gritou: “É coisa do diabo!”. Outros: “É uma tormenta que está vindo,
olha o redemoinho!”. Não se via ninguém, apenas dois animais e poeira. Ao
chegarem à avenida Manoel Pereira de Medeiros, viram o “Moro Velho”, pitando o
palheiro. Foi uma festa para a criançada.
Gostava
muito de política e era fanático do PSD, como dizia, do “Cerço”, que nada mais
era do que “Celso Ramos”, então Governador de Santa Catarina.
Quando
havia eleição, fazia aposta com o meu outro avô, partidário ferrenho da UDN,
Orozimbio Pereira de Souza[xii].
O ganhador da aposta somente cobrava do perdedor, após trinta dias ou mais, a
fim de evitar discussões e intrigas. Com o passar do tempo, tudo voltava ao
normal. Isto porque eram cunhados…
Muitas
outras pequenas histórias poderíamos registrar, mas não é o propósito no
momento. Apenas procuramos relatar um pouco da vida de Otávio Pereira Machado.
Referências
[i] Dados fornecidos por
Carlos Solera.
[ii] FAMILY Search. Registro
de batismo de Otávio, 1897. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:939Z-Y595-Q6?i=52&wc=MFKJ-X29%3A1030434101%2C1030402502%2C1030447401&cc=2177296.
Acesso em 05/10/2020.
[iii] FAMILY Search. Disponível
em: https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-9834-13616-6?cc=1719212&wc=M93V-TPF:1401581973.
[iv] FAMILY Search. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-X9F9-789?i=73&wc=MXYR-RP2%3A339728001%2C339728002%2C339831801&cc=2016197.
[v] FAMILY Search. Brasil, Santa Catarina, Registros
da Igreja Católica, 1714-1977. Registro de nascimento de Arminda Rodrigues,
1866. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-65VK-HR?i=90&cc=2177296.
Acesso em: 05/10/2020.
[vi] MORAES, Fábio Farias. A
eletrificação em Santa Catarina. Tese de Doutorado, Departamento de
História, Universidade de São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-21022020-143822/publico/2019_FabioFariasDeMoraes_VCorr.pdf.
Acesso em: 05/10/2020.
[vii] URUPEMA, Município de. História
de Urupema. Publicado em 13/09/2017. Disponível em: https://www.urupema.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/103621.
[viii] FIGUEIREDO, Edinna B.
Pereira. Raízes centenárias de São Joaquim da Costa da Serra. Videira:
Êxito: 2018.
[ix] Roseni Antunes Machado
era filho de Orozimbio Pereira de Souza e de Lavinia Antunes Amorim.
[x] De acordo com Inécio
Pagani, não houve adoção documentada. Herly morou com Otávio até se casar.
[xi] O pai de Inécio Pagani
Machado, Roseni Antunes Machado, foi adotado por Otávio Pereira Machado.
[xii] Orozimbio Pereira de
Souza era irmão de Virgínia Pereira de Souza, esposa de Otávio.
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