quinta-feira, 24 de junho de 2021

RUA DO CONHECIMENTO – PARTE II

                               

Texto escrito por Carlos Solera

 




 

URUPEMA TEMPO E MEMÓRIA 

    Projeto cultural idealizado e desenvolvido por Eleni Cássia Vieira e Carlos Solera. Conta com parceria técnica do Blog Genealogia Serrana de Santa Catarina, com as renomadas pesquisadoras, escritoras e professoras Ismênia Ribeiro Schneider, Cristiane Budde, Daniela Ribeiro Schneider e a importantíssima colaboração da comunidade de Urupema. Visa resgatar a história de vida de pessoas que nomeiam as ruas da cidade e, de alguma forma, contribuíram para o enriquecimento da cultura local. 

   Neste mês de junho de 2021, estamos abordando uma nomenclatura mais abrangente e com várias vertentes de referências: Rua do Conhecimento. 

    Esta segunda matéria irá abordar um pouco mais sobre duas famílias urupemenses, que num ato de cidadania, fizeram a doação de um terreno ao patrimônio público municipal, estadual ou federal, com intuito registrado para ali ser construída uma escola ou um hospital.

     Anos depois, a área doada serviu de importante contrapartida da prefeitura local, para trazer ao município de Urupema, uma unidade do Instituto Federal de Santa Catarina, o IFSC-Campus Urupema.

 

   Antes de apresentarmos aspectos de vida dos beneméritos doadores, retratamos aqui duas interessantes colocações. 

   Na primeira matéria postada sobre a Rua do Conhecimento (http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2021/06/rua-do-conhecimento.html), citamos a origem da palavra conhecimento e diversas vertentes que podem derivar desse nome. Uma delas, seria estimular os leitores da comunidade, principalmente, a perceber que a denominação e localização dessa rua guardam relação com eventos que nela aconteceram. Sejam fatos históricos do município, da instituição educacional ali implantada ou, mesmo, com intuito de se fazer uma analogia da palavra conhecimento com o saber, a leitura e outras.  

 

    Vale ressaltar que a matéria é postada em diversas formas de mídias - local, regional, estadual, nacional e, até mesmo, no exterior. 

   Muitas são as mensagens de retorno.  Acenos de recebimento, outras com menção de agrado, sugestões, novas contribuições, às vezes, correções, etc... Nessa edição foram mais de duas centenas delas em nossas redes sociais, no facebook de Eleni Cássia Vieira e quase outras duas centenas de acessos no Blog Genealogia Serrana de Santa Catarina, até a tarde de segunda-feira, 21 de junho. 

     Tudo isso é muito significativo pois demonstra interatividade com o leitor, o que é objeto da proposta. E dentre as muitas mensagens que recebemos, duas foram bem inusitadas. 

    Uma instigativa. Recebida de um amigo, empresário paulista e participante de uma rede social ligada ao Turismo, da qual faço parte. Aplaudindo, escreveu: por mais ruas do Conhecimento no Brasil (alegóricas e reais). Foi pesquisar e achou uma outra Rua do Conhecimento no município de Praia Grande/SP. Isso me chamou a atenção. Fiz o mesmo, fui pesquisar se haveriam outras ruas com esse nome pelo Brasil e não consegui encontrar. Em princípio, temos duas ruas do Conhecimento no país. 

   Outra mensagem de retorno me chamou atenção. Diferente, mas que trouxe muita alegria. E saberes. 

     Aconteceu no final de semana pós postagem da primeira parte da matéria (sábado, 19 de junho). Foi uma positiva resposta aos objetivos do projeto Urupema Tempo e Memória, em âmbito local, que é o de induzir o munícipe a pesquisar, resgatar e valorizar a sua própria história. 

   Através de um telefonema, uma pessoa que conheço, há quase duas décadas aqui em Urupema, começou uma prosa muito agradável. Interessante é que já havíamos conversado muitas vezes sobre aspectos da história local, mas nunca com mais detalhes. 

   Disse que havia recebido pelo whatsapp a matéria postada durante a semana, que o tema abordado, Conhecimento e as histórias ali elencadas, despertaram-lhe muitas “saudades”. Reunira a família, filhos e netos, em seu sítio, em um almoço para conversarem sobre isso. E que gostaria de me contar, assim como estava fazendo junto a sua família, muitas coisas vividas em seus 80 anos de idade. Mas “não queria me incomodar”. “Fique tranquilo”, disse-lhe, “estou muito interessado em ouvir suas histórias”. 

     Começou a falar. Uma longa conversa se deu, então, naquele chuvoso final de semana. E, depois, mais dois outros telefonemas, pois quando eu não entendia ou ficava em dúvida, retornava um áudio com solicitação de explicação. 

     Disse-me que seu pai e ele eram nascidos aqui. Sua infância pelos “campos da Urupema” fora igual a de muitos meninos dos anos 1940 e 50. Nadando, pescando, pegando passarinho, andando a cavalo, etc. Tivera muito pouco conhecimento – só o primário e por isso, nunca tivera letras.... Logo entendi que se referia a pouca escolaridade, havia feito apenas o período de alfabetização, pois trabalhava no campo ajudando o pai. 

     Contou sobre a derrubada das matas de araucárias e o barulho do cair das árvores. Falou do frio de antigamente e das grandes nevascas, com neve, às vezes, chegando a cobrir os pneus dos jipes e caminhões que aqui existiam. Fora também cavaleiro, pois o uso de cavalos para locomoção era comum naqueles tempos. Viu tropas de bois sendo conduzidas pelo interior e tropeiros atalhando pelos caminhos para os lados do Rufino e litoral, serra abaixo. E voltavam, depois, para serra acima, com muitas mercadorias e novidades.

 

      Relatou sobre as missas que aconteciam no povoado e as muitas festas em casas de famílias, sempre com bastante comida e “muitos bailinhos”. Foi sentindo a cidade crescer e mudar hábitos. Sentia tristeza, mas entendia a necessidade. E foi contando muita coisa mais, tipos populares que existiam, o trabalho duro nas lidas rurais, construções de estradas. A carência nos serviços médicos, mas que existiam o boticário e parteiras que ajudavam a comunidade a superar problemas de saúde. E, assim, foi enfileirando casos. As dificuldades de Urupema como distrito de São Joaquim, a luta pela emancipação e a conquista de autonomia política, etc. As eleições. Como elas aconteciam e como eram os acertos políticos, comícios etc. e tal. E como política é campo fértil para divagações, ele foi longe nesse assunto... como se diz no dito popular. 

     Mas não sendo menções políticas, o objetivo de nossa proposta, essa parte ficou só em registro de arquivos.  Ao final “pediu” apenas, para que se eu fosse relatar algo sobre o que ele havia dito, conservasse comigo o seu nome.  Entendi e comprometi-me. Muito obrigado ao meu anônimo amigo que me encantou com suas histórias. 

      Ao final de tudo, fiquei a pensar. Quanta riqueza histórica existe guardada em tantos viventes de caminhadas como este amigo me relatou. A importância de tudo isso ser resgatado, gravado, escrito, transcrito, etc.

 

       Li, recentemente, que na Dinamarca, país que investe muito em educação e cultura, existe uma nova modalidade de “biblioteca”. A “biblioteca viva”. Ao invés de você tomar emprestado apenas um livro para ler, existem pessoas com seus saberes e vivências a sua disposição para repassar-lhe seus conhecimentos. Uma boa experiência a ser vivenciada.

 

DOAÇÃO DE TERRENO: UM GESTO DE CIDADANIA

 

       Vamos agora à continuidade de nossa matéria, com o relato de algumas histórias sobre duas famílias urupemenses que souberam plantar uma boa árvore. Hoje, gera excelentes frutos não só para Urupema, mas para todo o Brasil. 

Para iniciar, informações sobre o casal Pedro Pereira de Souza e Anita Pereira de Souza, fornecidas pela filha, Arlita Terezinha de Souza Pagani:

 

“Pedro Pereira de Souza (in memoriam) e Anita Pereira de Souza uniram-se em matrimônio em 21 de agosto de 1948. Ele, com 22 anos, filho de Arlindo Pereira de Souza e Bernardina Arruda. Ela, Anita Pereira de Souza, com 17 anos, filha de João Eduardo de Souza e Florinda Pereira de Souza.

 

Nota: Matéria sobre Arlindo Pereira de Souza foi publicada no Blog em 25 de fevereiro de 2021: http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2021/02/rua-arlindo-pereira-de-sousa-urupema-sc.html


 


O casal teve onze filhos:

F1 - Arlete das Graças;

F2 - Arlita Terezinha;

F3 - Ana Marlita;

F4 - João Vianei;

F5 - Erosarte;

F6 – Arlindo;

F7 - José Eduardo;

F8 – Pedro;

F9 – Antônio;

F10 - Anita Aparecida;

F11 - Rita de Cássia.


Pedro, Anita e os 11 filhos.

  

A família cresceu muito ainda, com a chegada de 24 netos:             

Alcione 

Marcone

Jucimara

Sandro 

Giovana

Patrícia 

Pedro Hugo

Leonardo Felipe 

Eduardo Odilon 

Joana Márcia 

Fernanda

Artur Jacó 

Gabriel 

Thiago Artur

Arlindo Júnior 

João Eduardo 

Hélder

Rodrigo 

Eliza 

Raquel

Letícia 

Amanda

Luana 

Mariana 

 

 

O casal Pedro e Anita e os netos.

Fotos Acervo da família

 

       E com o tempo, mais 24 bisnetos vieram aumentar a prole familiar de Pedro e Anita. A matriarca segue sua vida com boa saúde, sob os cuidados dos filhos.


 

 

 


 

Pedro de Souza foi sempre um homem muito ativo. Entre outras ações, fez o primeiro loteamento organizado (com escrituras e registros) de Urupema.

Em sociedade com seu futuro genro, Armando Pagani (in memorian), implantou também o primeiro posto de combustível da cidade, o Posto Texaco. Mais tarde, vendeu a sua parte ao Orlando Pagani (in memorian), irmão de Armando. Exerceu também atividades na agropecuária, no que foi seguido pela maioria dos filhos.

Em 09 de abril de 1991, o casal Pedro e Anita de Souza vendeu para um grupo de pessoas da cidade de Urupema uma área com 232.500m2, localizada dentro de uma gleba maior de terras de campos, matos e pastagens com 303.000 m2, em lugar denominado Morro Agudo. O imóvel confrontava com a estrada estadual Urupema a Rio Rufino e estrada municipal Urupema ao Cedro, entre outros limites. As áreas adquiridas entre os compradores tinham tamanhos diferentes.

Ficou estabelecido e declarado em escritura/registro, que na gleba de terra comprada por um deles, o biólogo Ronei Pagani de Arruda, com 217.500 m2, ficaria doada uma área de 10.000 m2 ao patrimônio público federal, estadual ou municipal, a qual seria escriturada pelo adquirente quando ali fosse ser construído um hospital ou uma escola. A escritura seria outorgada pelo novo proprietário Ronei Pagani de Arruda e seria localizada em uma área que fornecesse boas condições para edificação. 

Nesse intuito e ação benemérita de Pedro e Anita de Souza, teve participação também um dileto casal de amigos deles. Orozimbo Oliveira Rodrigues e sua esposa Ivonete Vieira Rodrigues (ambos in memorian) fizeram questão de participar do ato de doação.

Orozimbo pagou a Pedro de Souza metade do valor correspondente aos 10.000 m2 de terreno doado para uma ação de futura melhoria para o município. Como as terras estavam registradas em nome de Pedro de Souza, foi ele e a esposa que assinaram a escritura de venda integral. Mas cada casal foi então responsável pela doação de 5.000 m2 da área, formando assim os 10.000 m2 de terreno que viriam a ser, futuramente, o embrião estratégico de captação de uma unidade do IFSC para Urupema.


       Sobre Orozimbo, segue texto escrito pela neta Silvia Rodrigues Vieira, com contribuições históricas de seus irmãos Luciano Rodrigues Vieira e Ricardo Rodrigues Vieira[i]. 

“Orozimbo Oliveira Rodrigues nasceu em Urubici/SC, em 17 de maio 1923 e faleceu em Lages/SC, em 13 de setembro de 2001. Foi o terceiro filho de Felicíssimo Rodrigues e Emília Oliveira Rodrigues. Cresceu na Fazenda Caveira Danta, onde teve uma infância voltada às tradições e rotinas da vida rural.

Quando estava em idade escolar foi para o internato no município de São Ludjero/SC. Sonhava estudar e ser “doutor”. Mas este desejo foi interrompido anos depois de estar no colégio, pois teve paratifo e no tratamento aplicaram-lhe uma injeção que deu uma reação alérgica e muito mal fez a ele. Era uma pessoa de muita fé e, naquele momento de desespero, fez uma intenção: que se ele se curasse, preferia ser um agricultor/pecuarista são, do que um doutor com sequelas.

Conseguiu sarar. De volta aos afazeres e vida na fazenda, dedicou-se à rotina rural e aprendeu a lidar com gado e domar mulas e cavalos. Com o tempo, trabalhou como motorista de caminhão para o seu tio “Negruxo Oliveira”, proprietário de uma madeireira. Orozimbo, por ser um bom motorista e homem de confiança, auxiliava-o nos negócios.

Em 10 de julho de 1946, Orozimbo ficou noivo de Ivonete Vieira Rodrigues (nascida em 09 de julho de 1930 e falecida em 16 de novembro de 2011). Ela era filha de Juvelino Vieira de Souza e Cândida Arruda Vieira. 

 

 

Nota: Maiores informações sobre Juvelino Vieira de Souza e família, veja matéria publicada no Blog em setembro de 2020:

http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2020/09/avenida-juvelino-vieira-de-souza.html

 

Logo resolveram se casar. Para as festas de casamento, ocorrida em 11 de dezembro de 1946, Orozimbo e todos os familiares vieram a cavalo, da vila de Urubicipara à vila de Urupema, ambas localidades, então, à época, distritos de São Joaquim.

 


 

Durante os seis primeiros anos de casamento, morou com os sogros na Fazenda do Rincão em Urupema, ajudando nas lidas campeiras, na doma de cavalos e mulas. Em 1952, ele e a esposa se mudaram para uma casa na Fazenda da Barrinha, próximo à fazenda dos sogros. Uma casa muito simples, com cozinha de chão batido. 

 

Orozimbo ao violão; gostava de tocar. Foto de Silvia.

 

Para seu sustento e de sua família, além das atividades já citadas, fazia cangalhas de madeira forrada com palha, confeccionava as bruacas de couro cru para os cargueiros e como ele mesmo dizia, “fazia o arreame completo”. Muitas vezes, além do arreame[1] vendia uma mula de sua doma como parte da encomenda. Até hoje, na invernada das contendas, ainda são encontradas as palhas que ele usava nestes arreames. O pagamento fazia questão de receber em cabeças de gado para povoar suas invernadas e ir construindo sua vida.

Além deste feito, fazia também carros de bois carreiros para comercializar. Em um fogo de nó de pinho, às margens do Rio Caixão, preparava ali em uma laje de pedras, os ferros para as rodas do carro de boi. Domava também as juntas de bois carreiros que serviam para puxar os carros.

Em função das cheias do Rio Caixão, em 1958 se mudaram para o outro lado do rio, para que não ficassem ilhados. Neste local, fez a sede da Fazenda: uma casa boa, com mangueiras de taipa, calçadas com pedra ferro.

Como outra atividade econômica, ao final do inverno, saía para os matos pegar porcadas xucras e vender para serra abaixo. Estes porcos eram reunidos na mangueira calçada de pedra ferro que tinha na fazenda para este fim.

Além de criarem seus quatro filhos: Glaucia Maria Vieira Rodrigues, Blévio José Vieira Rodrigues, Luiz Carlos Vieira Rodrigues e Vera Maria Rodrigues Zapelini, o casal criou também três netos de sua filha Glaucia que faleceu de lúpus aos 34 anos.

F1: Glaucia Maria Vieira Rodrigues (in memoriam), c.c. Carlos Camargo Vieira.

Netos:

N1.1 - Claudio Roberto Rodrigues Vieira (in memorian);

N1.2 - Silvia Rodrigues Vieira;

N1.3 - Luciano Rodrigues Vieira, c.c. Emanueli dos Santos;

N1.4- Ricardo Rodrigues Vieira, c.c. Grazieli Medeiros Andrade.

 

F2: Blévio José Vieira Rodrigues (in memoriam), c.c. Maria Cândida Bleyer Rodrigues.

Netos:

N2.1 - Beatriz Bleyer Rodrigues;

N2.2 - Christiane Bleyer Rodrigues;

N2.3 - Jorge Blayer Rodrigues.

 

F3: Luiz Carlos Vieira Rodrigues, c.c. Valcira de Souza Rodrigues.

Netos:

N3.1 - Katiane de Souza Rodrigues;

N3.2 - Camila de Souza Rodrigues.

 

F4: Vera Maria Rodrigues Zapelini, c.c. Luiz Carlos Zapelini.

Netos:

N4.1 - Rafael Rodrigues Zapelini (in memoriam);

N4.1 - Ramiro Rodrigues Zapelin.

 

Família também numerosa, com mais nove bisnetos ainda.

 

Em dezembro de 1996, Orozimbo e Ivonete completaram 50 anos de casados e comemoraram as Bodas de Ouro”.

 





 
Orozimbo e Ivonete Rodrigues


 

O casal e os filhos Blévio, Vera e Luis Carlos



O casal Orozimbo e Ivonete e os netos


  O casal com filhos, noras e genros.

                    Fotos Acervo da família
     

 

Um legado de cidadania deixada ao município de Urupema, por estas duas famílias. Com certeza, motivo de muito orgulho para seus descendentes e amigos.

 

Na próxima edição, em terceira matéria sobre a Rua do Conhecimento, relataremos a trajetória histórica do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC e sobre a implantação do IFSC- Câmpus Urupema, que celebra agora, em 28 de junho, dez anos de atividades. Esperamos a sua companhia!

E participem online do evento de 10 anos de aniversário do IFSC- Câmpus Urupema. 

 

 

Como seguimos trabalhando de maneira remota, organizamos uma *série de atividades virtuais* para nosso mês de aniversário, serão: lives, reexibição de mini documentários e conversas que retratam um pouquinho da nossa história na Serra Catarinense. 

 

Saiba mais -> http://bit.ly/10anos_CampusUrupemaIFSC

  



[1] Arreame: Conjunto de apetrechos usado para trabalho do animal de carga ou tração (cavalar ou muar).

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[i] Pequenos ajustes no texto realizados por Cristiane Budde, Ismênia Ribeiro Schneider e Daniela Ribeiro Schneider.

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