Mais uma vez,
reservamos uma matéria do Blog para relembrar a figura de meu pai, Enedino
Batista Ribeiro, que recebeu (In Memoriam)
uma medalha da Comenda do Legislativo de SC (2018), em reconhecimento a suas
ações em prol do Estado.
A homenagem ocorreu no dia 19
de novembro de 2018, no Plenário da Assembleia Legislativa, decorridos sessenta
e sete anos da posse de Enedino como deputado. No momento de sua posse, na 22ª Sessão
Ordinária da Câmara, no dia 02 de maio de 1951, sob a presidência de Volney
Colaço de Oliveira, apresentou-se Enedino, e em discurso de improviso, afirmava:
“quero falar do coração do povo de São
Joaquim para o coração dos outros catarinenses aqui tão bem representados por
seus 38 deputados”.
A medalha da Comenda foi
recebida pela pesquisadora deste Blog, Ismênia Ribeiro Schneider, filha de
Enedino.
Comenda do Legislativo concedida a Enedino Batista Ribeiro (In Memoriam). |
Ismênia Ribeiro Schneider com a medalha da Comenda do Legislativo de SC (2018), em homenagem a seu pai Enedino. |
Homenageados na Sessão Solene de Outorga da Comenda do
Legislativo de SC. Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 19 de
novembro de 2018.
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Homenageado Enedino Batista Ribeiro (In Memoriam) pelo Deputado Dirceu Dresch. Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 19 de novembro de 2018. |
Enedino Batista Ribeiro[1]
nasceu em São Joaquim (SC), a 14 de maio de 1899, filho de duas das famílias mais
tradicionais e antigas do município, os Ribeiros e os Souzas. Teve entre seus
ancestrais, figuras humanas e políticas relevantes na definição dos caracteres
específicos de nossa cidadania, como o avô paterno, Cel. João
Ribeiro (1819 – 1894), político tão importante em sua época que foi homenageado
por seus contemporâneos com a designação do seu nome para as praças centrais de Lages e São Joaquim,
presidente do Conselho Fiscal do grupo de fazendeiros que fundou São Joaquim em
1 de abril de 1873, segundo prefeito dessa cidade no período de 1891 a 1895; o
avô materno, Marcos Baptista de Souza, que sucedeu o Cel. João Ribeiro na chefia do
Partido Republicano na região e também um dos fundadores da cidade de São
Joaquim na qualidade de secretário geral dos trabalhos, sendo igualmente grande
pecuarista na região de São Joaquim, e no Rio Grande do Sul, em Bom Jesus.
Marcos Baptista teve também seu nome reconhecido numa das ruas centrais da
primeira dessas cidades; João Baptista de Souza (1800 - 1850), “Inholo”,
trisavô materno, também fazendeiro e político; o pai, João Batista Ribeiro de
Souza (1860 – 1944), mais conhecido por “Seu Batista”, figura de proa em sua
época.
Casou-se com Lydia
Palma em 24 de abril de 1926, também de tradicional família joaquinense. Os
pais dela, Inácio da Silva Mattos e Ismênia Pereira Machado foram os troncos da
conhecida Família Palma. A família “da Silva Mattos” junto com a Cavalheiro do
Amaral, liderou a fundação do Partido Liberal – depois Federalista – no município,
fato ocorrido na “Fazenda das Palmas” no dia 24 de novembro de 1872. Esse Partido era oposição ao governo
estabelecido, tendo desempenhado fundamental papel na consolidação da
Democracia na região, quando da Proclamação da República.
Enedino e Lydia tiveram
nove filhos. Querendo propiciar-lhes continuidade nos estudos, inclusive curso
superior, oportunidade que São Joaquim ainda não oferecia a seus jovens,
radicou-se em Florianópolis. Jamais, porém, ele e a família desligaram-se da
cidade natal. Até avançada idade manteve uma pequena fazenda na região do
Pericó, para onde todos se deslocavam tão logo acabava o ano letivo. Conseguiu,
assim, cumprir importante meta, a de cultivar nos filhos o amor e o apego a São
Joaquim. Pelos anos afora, os laços de parentesco continuaram fortes,
extrapolando, porém, dessas relações familiares para um convívio fraternal com
toda a comunidade joaquinense.
Formado em Farmácia no Rio de Janeiro, em 1923, “Seu Tinoco”, como era
conhecido, abriu em São Joaquim uma farmácia, por pouco tempo. Em seguida, foi
tabelião, função que o obrigava a viajar a cavalo por todo o município. Foi
durante esse período que passou a conhecer profundamente cada rincão de sua
terra, suas riquezas e seus problemas.
Em consequência dessa
consciência cívica, passou a se interessar por política, única forma que
considerava viável para o cidadão interferir nos destinos de sua comunidade.
Isolado entre montanhas, sem estradas, sem telefones, etc., o município de São
Joaquim era refém de sua geografia e, consequentemente, do seu atraso. O fato
era uma preocupação constante para o brioso joaquinense: ver sua terra sempre
preterida nas políticas de desenvolvimento do Estado, motivo de indignação e
revolta.
Já residindo na Capital, mais perto do poder, decidiu candidatar-se a
deputado, para efetivamente ter condições de ajudar a reverter as
circunstâncias adversas de sua terra. Como deputado estadual conseguiu aprovar
vários projetos que se mostraram decisivos para a inserção do município no
caminho do desenvolvimento (ver
matéria sobre abertura da Serra).
Em Florianópolis desempenhou várias outras funções:
-
Presidente da Comissão Estadual de Abastecimento
e Preços (1954 – 56);
-
Diretor Comercial da Empresa Luz e Força de SC (1956
– 59);
-
Inspetor Geral, interino, da Inspetoria de
Veículos e Trânsito Público de SC (1956);
-
2º Oficial do Registro de Imóveis de
Florianópolis (1959 – 1960) – quando se aposentou;
-
Representante do Governo do Estado junto ao
Conselho Regional do Serviço Social Rural (1959 – 1961);
-
Professor da Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal de SC (Disciplina: Farmacognosia), onde se aposentou.
Enedino Ribeiro distinguiu-se também como escritor e historiador, apesar
de ser pequena a parcela publicada de sua obra. Dela destacamos a “Monografia
de São Joaquim”, de 1941. Como professor titular da cadeira de Farmacognosia,
da Universidade Federal de Santa Catarina, publicou um livro didático (em 1959)
sobre sua especialidade, que igualmente se notabilizou por sua raridade.
Em 1999, para comemorar seu centenário de nascimento, o Instituto
Histórico e Geográfico, do qual era membro efetivo, publicou suas memórias no
livro “Gavião-de-Penacho, Memórias de um Serrano”, Volume I da Coleção
Catariniana, na qual a entidade publica textos inéditos de escritores
catarinenses.
Todos esses aspectos o enaltecem; no entanto, o seu traço mais peculiar e
permanente e, por isso mesmo, o mais cativante, foi o de genuíno pecuarista.
Filho da região agreste do sul do município, fronteira com o Rio Grande do Sul,
criado numa grande fazenda de gado, “São João de Pelotas”, ali forjou o
caráter, forte, leal, corajoso e honesto. Pautou a existência por princípios,
segundo os quais vivia e educava os filhos. Inteligente e curioso, passou boa
parte de sua vida a estudar. Seu interesse abraçava todos os ramos do
conhecimento, da Música à Pintura, da História à Astronomia, da Biologia à
Antropologia, etc.
Seu legado para a família, os conterrâneos e amigos foi o exemplo de sua
vida, simples, mas plena de riquezas interiores, da altivez própria do homem
telúrico, daquele que vive nos altiplanos.
Enedino faleceu
em Florianópolis no dia 10 de abril de 1989.
Mais informações sobre Enedino, suas ações no Estado, e sobre sua
família em:
[1] Filiação: João Batista
Ribeiro de Souza (1860-1944) e Cândida dos Prazeres Batista de Souza (1871-
1930).
Gostaria de conhecer a origem da família da minha avó materna. Seu nome é Daria Machado Justina, filha de Jose Machado filho e Anna Pereira Machado.
ResponderExcluirParabéns pelo blog!!!
O documento da minha avó é de Orleans-SC.
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