quarta-feira, 13 de maio de 2015

Tio Cridi, um poeta serrano



         Enquanto preparamos a próxima matéria do blog, que descreverá os filhos de José Zeferino de Mattos com Maria José de Souza (segundo casamento), segue um estudo sobre a família de Euclides Palma Ribeiro, conhecido como “Tio Cridi”, e uma poesia escrita por ele.


         EUCLIDES PALMA RIBEIRO (nasc. 28.08.1918), “Tio Cridi”, filho de Abel da Silva Ribeiro Rosa e de Eulália Pereira da Silva (22.04.1887 – 15.12.1965).


Abel da Silva Ribeiro Rosa e Eulália Pereira da Silva, pais do “tio Cridi”.
 

         “Tio Cridi” casou com Benailde Pereira Palma (nasc. 08/04/1927), “Tia Nem”, filha de Cyrilo José Pereira (nasc. 05/01/1901) e de Ignácia de Lima (nasc. 21/02/1901[i]).
Data do casamento: 27 de abril de 1943, São Joaquim-SC[i].

Filhos[ii]:
- Cirilo Pereira Ribeiro;
- Vera Márcia Palma;
- Cesar Palma;
- Nara Nazaré Ribeiro Grillo;
- Duda Palma.







             



 
Segue abaixo uma das poesias de Euclides Palma Ribeiro.



Rodeio do Alecrim
(Euclides Palma Ribeiro)

            I
Muitas coisas se passaram
E muitas tenho na lembrança
Da Fazenda Antonina
Em meu tempo de criança.
           
            II
Era inverno
Não sei qual o mês
Na Fazenda Antonina
Em mil novecentos e vinte seis
           
            III
Uma determinação de rodeio
Da qual vou contar a história
Muita gente ainda vive
E muitas de saudosa memória
           
            IV
Era inverno
Já tinha nevado
Em todo o tempo
Davam sal para o gado
           
            V
Enquanto aparavam os cascos
De alguns pingos
No galpão, rodava
Uma roda de chimarrão
           
            VI
Meu avô perguntou:
Quais são os animais de
Cargueiro,
Que estão pegados no potreiro?

            VII
A mula Camurça,
O Tordilho Cargueiro,
A Quebra-Cangalha,
E o Burro Coiceiro
           
            VIII
E os cavalos que foram pegados?
O Lubuno, o Tubiano,
O Baio Encerado,
O Buatê, o Macio, o Vermelho Pipoca,
O Rosilho Bragado.
           
            IX
O Gatiado Louco
O Liberti, o Marca Torta,
O Tordilho Tozado
           
            X
Papagaio, Jacotinga
O Socó e o Rebanhado
O Madrugada,
E a Caboré do Paim.
           
            XI
Então dá para irem
Para rodeio do Alecrim
Levem três cargueiros de sal
Não esqueçam do creolin.
            XII
Para trazer o gado da Murta
Vocês chamem o Joaquim
Que evita maçada
Levem a chaira nas bruacas
E as facas bem afiadas
Para trazer uma vaca carneada
E antes de espalhar o sal
Mandem enxotar aquela eguada

            XIII
O Hermelino
Que é mais leviano
Vai no Tubiano
Corra nas esperas pra rebate


            XIV
O Audalicio
Que é guapo no laço
Vai no Buatê,
O Paim no Caboré
Pelo morro da fazenda,
Não deixe escapar o Jaguané

            XV
No Tordilho Tosado
Vai o Aparício Bernardo
O Nistardo no Pipoca,
O Bastião no Rebanhado.

            XVI
Pelas pedras do fogo
Gritando, chamando o gado
Quando chegarem no rodeio velho
Cuidado, o Zelui Fantasiado.

            XVII
O Manezinho, perna de H
Pode ir no Gatiado Louco
Mas que vá devagar
O Caetano que é soberano,
Gosta de andar bem montado
Quer poupar o Liberti,
Pode ir no Rosilho Bragado

            XVIII
O João que vá no macio
Pela capoeira da Pedra
Não deixem o gado na costa do rio

            XIX
O Barbosa que leva os cargueiros,
Vai no Baio Encerado.
O Leonel, no Socó
Direito ao Rodeio Cercado.

            XX
Esperar na porteira do Mangueirão
Pra ver se conta o gado
O Barbosa pode te ajudar a contar
Por causa do Gado do Cedro
E uma parte da Murta
Que entram pela porteira de lá.

            XXI
Os viadeiros do João
Vocês deixem amarrados
Que viram a correr veado
E dá um extravio no Gado

            XXII
O Luva e o Macaco
Que são muito apegados
Vocês levem acorelhados
Para não judiar o Gado

            XXIII
Levem o Gaes, o Milor
O Palmito e o Japão
Se acharem porco xucro
Assinalem algum leitão.

            XXIV
Se tiver em ponto de assar
Tragam duas leitoas
Negociem o Tronchudo Velho
Afamado, o Zé Chico diz que viu
Ele e mais um preto bragado.

            XXV
Comendo pinhão
No pinheiro da Lagoa
Quando viram ele
Saíram correndo
Pro Capão da Canoa
Se pegaram o Tronxo Velho
Vai ser uma beleza
Não deixem cortar os cachorros
E me tragam as suas presas.



Referências


[i] LIMA, Rogério Palma de. Dados sobre Euclides Palma Ribeiro inseridos no Genoom.
[ii] Dados fornecidos por Duda Palma, em maio de 2015.
[iii] Jornal Mural. Euclides Palma Ribeiro – “Tio Cridi, Poeta da Vila”. São Joaquim, outubro de 1990, pg. 4.