quarta-feira, 5 de maio de 2021

Casa da Cultura de Urupema - Parte II

 


Texto de Eleni Cássia Vieira

 Curadoria e Expografia da Casa da Cultura Ana Paula da Silva Souza, Urupema/SC


A Casa da Cultura Ana Paula da Silva Souza, instalada à Rua Arlindo Pereira de Souza, recebe em seu novo espaço, a continuidade da proposta da primeira casa inaugurada em 2015, à Rua Evaristo Pereira de Souza, também conhecida como Rua dos Coqueiros.

A reimplantação exigiu que o imóvel passasse por reformas. Os trabalhos foram coordenados pela engenheira Franciele Medeiros Andrade, secretária de Administração e Finanças da prefeitura municipal de Urupema.

Importante ressaltar que pela própria mudança, houve a necessidade de adaptações e inovações do projeto desenvolvido por Carlos Solera e Eleni Cássia Vieira durante mais de dois anos de estudos e pesquisas. O resultado foi um novo olhar e atividades para o espaço cultural, em referência.

Procuramos de início, ouvir, ver e sentir as pessoas, porque a cultura sempre foi um traço de união entre os povos e reveladora das singularidades locais. Assim, a Audiência Pública realizada em 02 de agosto de 2018, abriu possibilidades à comunidade em compartilhar experiências, trocar ideias e sugestões a serem consideradas e incorporadas ao processo de reestruturação da Casa da Cultura.

Escolhemos como base de investigação em nossas pesquisas a criança lado a lado do adulto. Pensamos o brincar e as razões de o lúdico estar cada vez mais incorporado em cada sala. A criança porque junta, reúne objetos, coleciona. E ela, ao entrar na Casa da Cultura iria ao encontro da ideia de que ali há sinais que fazem parte da vida dela.

Cabe lembrar o significativo legado que nos deixou o primeiro prefeito de Urupema, Áureo de Souza Ramos (in memorian) durante entrevista de pesquisa que com ele fizemos: “Criança que não observa a natureza, não se humaniza”.

Crianças e professores constituem grande parcela do público frequentador de museus e casas de Cultura. Nosso objetivo foi abrir canais de reflexão para que pesquisadores e profissionais da área sentissem a criança ali representada, descentralizando este olhar voltado só para adultos.

Desse trabalho, resultou toda uma prática de exercícios artísticos propostos para as crianças e para despertar no adulto a criança que existe dentro dele, às vezes, tão escondida.

O quadro verde no espaço externo está ali para estimular o artista, escritor ou poeta que habita em cada um de nós, seja a criança ou o adulto. Brincar de desenhar, escrever, deixar lembranças.

O visitante, ao chegar, percebe a manutenção de saberes e fazeres observando o jardim, as plantas medicinais, o muro de taipas e as pedras que revestem a parede frontal da casa. Proposta que buscamos integrar ao conceito gerador do projeto, o de fortalecimento da herança patrimonial com a presença dos taipeiros e a sabedoria da medicina campeira:

 “Acreditamos em remédios caseiros, no uso das ervas medicinais, fazemos nossos temperos com cebolinha, salsa, alho, orégano e alecrim.” (Grupo Conviver de Urupema)

Ao entrar no ambiente, entre sons de pássaros, cantiga das águas, o tilintar dos cincerros e tropel de cavalos, o visitante é convidado a fazer uma viagem inesquecível, seja para descobrir ou redescobrir Urupema e região ou a si mesmo. A partir desta aproximação, um conjunto de elementos de valor cultural, de cenários coloridos são convertidos em emoção, como atestam comentários deixados no livro de visitas. 

Através da exposição de longa duração, o público tem a oportunidade de registrar, conviver com a dimensão histórica e as inter-relações significativas das raízes, reconhecimento de seu papel sociocultural em Urupema, onde a comunidade é parte integrante do espaço-tempo. Convém ressaltar, entretanto, que a Casa da Cultura não abriga todos os temas, até porque é preciso estabelecer limites para não haver a banalização da memória e a massificação dos produtos culturais.

É uma casa do tempo, quando a explicação remonta para antes e para além do momento de ocupação da região, escalona através das épocas, chegando no tempo em que se está vivendo e abrindo-se em direção ao futuro.

Os objetos que compõem o acervo são resultado de doações e empréstimos da comunidade. Revestem-se de conhecimentos históricos e significados. Daí, o valor de sua documentação para os sistemas de preservação do Patrimônio Cultural.

A importância do ato de transformar os objetos doados   em patrimônio público foi visto pela prefeitura municipal de Urupema. Com a instalação da primeira Casa da Cultura em 2015, este cuidado passou pela secretária de Educação, Cultura e Esportes, Sônia de Fátima Arruda, hoje, mantido e em prosseguimento pela atual secretária Rozilene Muniz de Oliveira Candido. Cada objeto tem a sua identificação, número de registro, termo de uso, dados históricos de forma imutável, compondo o Inventário do Acervo. O empréstimo passa pelo mesmo processo, porém, não é de domínio público.

 O projeto que apresentamos especificou sobre a importância da limpeza técnica dos objetos e do espaço em si, com   normas de prevenção e conservação, tarefa imprescindível quando se fala de espaço museológico. 

A placa original da Casa da Cultura, obra do Edilberto Arruda (Betão), reconhecido artesão urupemense foi mantida e preservada. A sua maestria vai além, pois abrange diversos segmentos como a confecção dos manequins, tomadas em formato de pinhão, dentre outros.

 A projeção e colocação dos painéis e apoios no teto para iluminação ficaram sob a responsabilidade do parceiro de longa data, o comunicador visual, Antônio Carlos Pedro e o Betão, dupla operacional de excelência.

 

Vamos começar a nossa viagem?

 

Sala 01

A formação histórica de Urupema segue uma linha do tempo, a começar pelos primeiros habitantes locais, os indígenas, depois a instituição da Capitania de Sant’Ana pelo governo português e suas influências na construção do território catarinense. A tríade índio, negro e branco é destacada com seus valores e saberes.

 A colonização açoriana, ocupação dos Campos de Lages e São Joaquim da Costa da Serra merecem uma leitura. O surgimento do povoado de Sant’Ana, distrito, vila, emancipação e criação do município, instalação do poder executivo e legislativo se fazem presentes.

 Nomes revelando significados de Urupema se harmonizam com a preservação do Patrimônio Natural. Pássaros desenhados e pintados pela artista plástica Elisa Grossi revelam a riqueza da fauna aliada aos mananciais de água e matas com araucária.

Dois mapas tão bem delineados pelo professor Víctor Ribeiro de Souza compõem o cenário. Um identifica o território de Urupema e núcleos rurais; o outro, os rios que nascem ou cruzam o município.

A homenagem a Ana Paula da Silva Souza tem seu espaço de honra. O painel Tempo e Memória acolhe este sentimento como forma de suporte e identificação, a quem nomeia a Casa da Cultura.

Documentos de grande valor cultural deixados pelo guardião da memória, filho da terra, Dimas Pinto de Arruda, registram a história como fortalecimento da identidade local.

E como não poetisar o que tão bem deixou o escritor do livro Memórias de Um Século, Antônio Rodrigues Lisboa ao falar de Urupema em seus versos?

 

Foto Marleno Muniz

                                                                                                  

Sala 02

Os Ciclos Econômicos abordam o desenvolvimento da pecuária, agricultura, madeira e fruticultura. Os objetos testemunham o tempo de cada um, identificam os ofícios e os homens no seu trabalho de construção. Marcas que tocam emoções, provocam lembranças. A história a partir da chegada dos colonizadores até a Urupema de hoje, recebe as pinceladas nas telas de Elisa Grossi. A sala, além da relevância, é acrescida pela presença do painel das abelhas que representam vida na terra.

 



     
Fotos Marleno Muniz



Sala 03

O universo feminino tem Nossa Senhora de Sant’Ana, padroeira de Urupema, como imagem mestra para se falar da religiosidade local, das habilidades femininas e de tantos aprendizados. Os móveis de quarto são depositários de saberes, usos e costumes. Linhas, agulhas e bordados povoam sonhos, revelam modos de ser, costumes e   talentos locais.

 

           

Foto Marleno Muniz

                                                                            

 

As várias gerações se encontram em coloridas tramas desde os panos de parede até a araucária bordada pela APAE.  A sabedoria ancestral sobrevive nas vozes de homens e mulheres de todas as idades, que preservam e contribuem para que a memória permaneça viva pelos tempos. Não se sai dali sem pensar naquele cafezinho e sobremesa tão bem servidos nas casas. E leva junto a homenagem às matriarcas da sabedoria, tão bem acolhidas nos pincéis da Elisa.

                                                                                                


Fotos Marleno Muniz


Sala 04

O cotidiano da Lida Campeira, o Fogo de Chão e o muro de taipas, traduzem imagens guardadas, que revelam o modo de ver e sentir o lugar. A cozinha, interligando costumes, revigora tradições e mantém a chama acesa. O couro, ali estendido, retrata a cultura regional, ao mesmo tempo em que se torna revelador de um saber ameaçado.

 

                                                                                              



Foto Marleno Muniz

 

Os objetos dialogam com os textos dos painéis. Selas e demais acessórios de montaria, canastras percorrem estradas. Cestos carregam os lombos. O café tropeiro, a roda de chimarrão, a trempe, panelas de ferro sustentam, com orgulho e zelo, as marcas do tempo.

O Caminho dos Conventos, pioneira rota tropeira que cortou o território de Urupema a partir de 1731, precursora da ocupação dos Campos de Lages e citada em obras primas como a dos conhecidos e respeitados escritores catarinenses, Víctor Antônio Peluso Junior, Indalécio Arruda e Licurgo Costa, mereceu um painel à parte.


Foto Carlos Solera

                                                                                                      

Integrando o ambiente, um grande achado em nossas pesquisas realizadas com o especialista em Cartografia, Valter Fraga Nunes da cidade de Viamão/RS, nosso parceiro do projeto Tropeiro Brasil, foi: Carta Hydrographica de huma parte do terreno e costa do Império do Brazil, extrahida da carta da Província de São Pedro do Rio Grande levantada em 1778 pelo brigadeiro Francisco João Rocio.

 




 O mapa foi encontrado nos arquivos da Biblioteca Nacional e nele está identificado, de forma clara, o nome Morro de Santa Anna. A importância desse achado não pode passar despercebida, dado o seu valor histórico e geográfico para a região de Urupema. Um tesouro lá no alto. Morro de Santa Anna, depois nominado Morro do Campo Novo, hoje é chamado Morro das Antenas ou das Torres. A história permanece viva ao subir e descer o Morro.

 

Sala 05

E a sala da Geofauna? O acervo identifica animais e mostras geológicas da Serra Catarinense. A sala tem uma proposta educativa. Sonho de Carlos Solera e do biólogo Wiliam Veronezi que se tornou realidade. Parte do acervo do Museu Didático Nelson de Souza Rodrigues, Base Avançada de Pesquisas do IBAMA/Painel foi doado à prefeitura de Urupema, por solicitação do prefeito Evandro Frigo Pereira.

 

Foto Marleno Muniz

                                                                                                             

 

Sala 06

A Sala Multimeios é reservada para apresentação de documentários, palestras, cursos, oficinas, exposições temporárias, biblioteca específica para a qual já conseguimos a doação de vários livros e continua aberta à construção. As máquinas de escrever retratam memórias e homenageiam a todos que fizeram o curso de Datilografia.

 

      

Biblioteca em construção, Sala multimeios. Foto Marleno Muniz



 

Reserva Técnica

A Reserva Técnica é o espaço físico destinado à guarda das peças do acervo, quando não estão em exposição. Um espaço com adoção de medidas de segurança e acondicionamento adequado. Os objetos ficam ali armazenados passando por toda conservação preventiva, preservação e salvaguarda. Não é um espaço aberto ao público.

 

Simbologia das Cores na Casa da Cultura

 

Pesquisando sobre as cores para a Casa da Cultura, fomos buscar o que é significativo e faz parte da cultura local. Surge o pinhão como reflexo de nosso entendimento por estar diretamente associado à vida da comunidade, pela presença das matas com araucária. As cores do pinhão têm a sua amplitude nas paredes, portas, janelas. O verde do telhado remete à cor da pinha e das araucárias, mães zelosas que acolhem a todos sem distinção.

 

Foto Marleno Muniz

        

Personagens da Casa da Cultura

 

Flora

O visitante, ao chegar à casa, vai perceber que a personagem Flora está ali, tipicamente vestida, para lhe dar boas-vindas. Em suas mãos, a peneira com marcelas ou macelas, planta-símbolo de Urupema, lei nº 961/2016 de 06 de abril. A peneira porque traduz um dos significados do nome Urupema. Flora registra seu importante papel na preservação do Patrimônio Natural.

 

                                                                                            

 Foto Marleno Muniz

 

Tecelã

Representa o universo feminino com seus saberes e fazeres. A tecelã constrói, desfaz, fia, renova, transforma sonhos em realidade. No domínio do fuso, da roca e do tear, tece suas habilidades de formas diversas e nos ensina que há tempo de tecer e de atar, mas há tempo de cortar e romper. Sabedoria das fiandeiras.

 

                                                                                                     

Foto Marleno Muniz

 

Tropeiro

O tropeiro ocupa significativo espaço na Serra Catarinense porque ainda vive em cada gesto, campo, em cada rancho. Na continuidade das tradições, sua presença fortalece a oportunidade de refazer a viagem no ir e vir das tropas. Ele deixa um recado ao visitante: A casa é sua! A jornada continua.

Continuando a jornada,

puxei tropas de fronteira,

fiz café nas madrugadas,

na velha chocolateira,

fiz ronda em noite de geada,

ao redor de uma fogueira.

(Memórias de Um Século – Poesias – Antônio Rodrigues Lisboa)

 

                                                                                                             

Foto Marleno Muniz

 

Os painéis na arte de Elisa Grossi Fabrino

 

Elisa Grossi Fabrino nasceu em Três Corações, sul de Minas Gerais, entre o cheiro das plantações de café e currais leiteiros. Aos três anos de idade, a família mudou para Diamantina onde ela reside até os dias atuais.

Sua trajetória no campo das artes é marcada por diversas exposições individuais e coletivas pelo Brasil e exterior.

Através de nossa amizade, chega a Urupema e se encanta com tudo que vê e sente.  Movida pela alma gentil e generosa, doa a sua arte, produzida em painéis, para fazer parte da exposição permanente da Casa da Cultura. Transforma tecidos, aparentemente comuns, em tesouros históricos que revelam modos de vida do território de Urupema, sua ocupação nos primórdios até os dias atuais.

 

Foto Carlos Solera

Foto Marleno Muniz

 

     

Urupema nas telas de Deizi Pagani

 

A firmeza do traço resguarda a singular forma de revelar a cidade em que nasceu. Os pincéis delineiam a história local e revelam transformações ocorridas com o passar dos anos.

Na preciosidade dos tons, Deizi encontra o jeito de agradecer e manifestar o amor à terra natal:

“Estradas do campo me levem para a casa, lugar ao qual pertenço.”

 


Fotos Marleno Muniz

       

Com quantas mãos se faz uma Casa da Cultura?

 

 

                                                              

Foto: br.depositphotos.com/

 

Agradecemos ao prefeito Evandro Frigo Pereira, à vice-prefeita Cristiane Muniz Pagani Almeida, às secretarias envolvidas, equipe de funcionários públicos, a todas as pessoas que, de forma direta ou indireta, estiveram conosco desde o princípio e nos ajudaram a levar em frente o projeto da Casa da Cultura e entregá-la à cidade.

Nossa gratidão ao 

pedreiro, marceneiro, taipeiro, pintor, cortineiro, eletricista, engenheiro, motorista, ferreiro, jardineiro, sanitizador, vidraceiro, chaveiro, bombeiro, encanador, serviços gerais, auxiliar na montagem da exposição de longa duração, designer, morador, pesquisador, professor, adesivador, produtor gráfico, artesão, artista plástico, fotógrafo, comunicador visual. 

 

Considerações Finais

 

A Casa da Cultura Ana Paula da Silva Souza se propõe a fortalecer a preservação e a diversidade do patrimônio cultural, o direito à memória, configurando-se como espaço dinâmico de construção e capaz de atender aos diversos públicos, moradores e visitantes.  

Subordinada à Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, tem Rozilene Muniz de Oliveira Candido como secretária municipal. Marlene Andrade, diretora de Cultura e Neide de Oliveira estiveram conosco a partir da   montagem da exposição de longa duração e lá se encontram para atender a todos com atenção e cordialidade.

Ao projeto implantado, a resposta do público fica assim. O número de visitações foi muito acima do esperado por ser tempo de pandemia e com restrições de funcionamento necessárias.

Visitantes a partir de 15/10/2020 a 23/04/2021:

Visitantes de Urupema: 154

Visitantes de outros municípios: 127

Total de visitantes: 281

Fazendo parte do cronograma elaborado, a Casa busca atingir, cada vez mais, um número maior de pessoas, com o intuito de estimular a criação, através de pesquisas, oficinas, cursos, eventos, exposições temporárias.

Tudo está muito bem resguardado. A comunidade, como guardiã, reconhece ser o espaço um bem cultural que reproduz vida, é parte da vida e se aninha ao cotidiano dos que em Urupema nasceram, viveram ou residem.

 

Horário de funcionamento: de terça-feira a sexta-feira: 9:00 às 18:00 horas

Sábado e domingo: temporiamente fechada em razão da pandemia - agendar por telefone: 49-3236-3094



CANTO DA CULTURA

Casa da Cultura Ana Paula da Silva Souza e

Fitoterápicos Tia Lota

 

                                                

Foto Carlos Solera


                                                                         

A matéria sobre a Rua Arlindo Pereira de Souza se encerra por aqui, mas se reveste de novas dimensões e é acolhida por cada leitor, familiares que cuidam de preservar a história e o sentido de pertencimento.

Com localização privilegiada, a Casa da Cultura Ana Paula da Silva Souza estabelece um elo de ligação com os Fitoterápicos Tia Lota, ambos compondo o Canto da Cultura, movidos por um mesmo objetivo:  preservar as raízes e cada vez mais promover o seu cultivo para que cheguem às gerações futuras.

 

Para saber mais sobre as matérias anteriores:

- Rua Arlindo Pereira de Souza: http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2021/02/rua-arlindo-pereira-de-sousa-urupema-sc.html

- Fitoterápicos Tia Lota: http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2021/03/fitoterapicos-tia-lota.html

- Primeira matéria sobre a Casa da Cultura de Urupema: http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2021/04/casa-da-cultura-de-urupema.html



* Pequenos ajustes de Cristiane Budde, Ismênia Ribeiro Schneider e Daniela Ribeiro Schneider.