quinta-feira, 22 de agosto de 2013

MANOEL PALHANO DE JESUS



          Ao começar a escrever meu livro “O Voo das Curucacas”, recém-publicado, que se dedica ao estudo genealógico de famílias serranas de Santa Catarina, percebi que não seria possível inserir os elementos da Família Palma, uma das mais conhecidas dessa região, devido ao grande volume de dados encontrados. Além disso, as famílias formadoras da Família Palma já haviam sido mais estudadas por outros historiadores e estudiosos serranos, o que me fez focar mais nas pesquisas das famílias Souza e Ribeiro, até então, pouco abordadas. Assim, a família Palma aparece no meu livro como ramo colateral às famílias Souza e Ribeiro ali estudadas, mas sem o merecido destaque.
            Em função desse débito com minhas origens maternas, seu estudo será aprofundado, a partir de agora, por meio deste blog.
            A Família “PALMA” de São Joaquim tem como principal representante o casal: INÁCIO DA SILVA MATTOS e ISMENIA PEREIRA MACHADO, conhecidos por INÁCIO PALMA e ISMÊNIA PALMA, em função da fazenda da qual eram proprietárias: a Fazenda das Palmas, na região do Bentinho, em São Joaquim. Duas famílias são ancestrais de Inácio: a DA SILVA MATTOS e a PALHANO PRESTES. Outras duas são de Ismênia: a Família PEREIRA DE MEDEIROS e a Família MACHADO. Sobre elas passaremos a realizar nossas próximas publicações.
            Iniciamos, portanto, por um dos ancestrais mais antigos que temos notícia dessa família: Manoel Palhano de Jesus.


MANOEL PALHANO DE JESUS

1. MANOEL PALHANO DE JESUS (em algumas fontes, como Enedino Batista Ribeiro e Galete, era chamado João Baptista Palhano Prestes). Seu inventário é de 1841.
Esposa: CONSTÂNCIA MARIA DE SOUZA (falec. 1863), natural de Santo Antonio da Patrulha, filha de Ignácio de Souza e de Maria Bernarda da Silva.

Filhos:

1.1 – MANOEL PALHANO PRESTES (1825 – inventário de 1887, provável dia da morte: 24 de maio de 1887).
Esposa: THOMAZIA MARIA PEQUENA
Fazendas:
- DO “LAVATUDO”
- DO “FERNANDO”
- DO “POSTO”
- DA “LAGOINHA”
- DE “ILHA”
            O Curador Geral no inventário de Manoel Palhano Prestes, Manoel Moreira da Silva Ruiz Júnior, explica que “há mais de seis meses o inventariado foi preso, sendo levado para Tubarão, mas que, seguindo o parecer geral da população, foi assassinado pela Polícia Rural, não tendo mais aparecido nem chegado ao seu destino, nem mandado notícias. A família que o considera morto já mandou rezar missas por sua alma e providencia agora a abertura de seu inventário, tendo em vista ter deixado bens e muitos herdeiros menores, desejando a viúva vender alguns deles para quitar dívidas”.
            Pesquisando no site da Fundação Biblioteca Nacional, encontrou-se um artigo no jornal “Regeneração”[1], escrito em 08 de março de 1888, e publicado em 03 de abril na “secção livre”, em que Antônio Palhano de Jesus (irmão de Manoel) questiona “Porque será que não se captura os assassinos do infeliz Manoel Palhano Prestes? Esperão  ue elles commetão mais algum assassinato?”. Assim, entende-se que o assassinato realmente ocorreu, ou que, pelo menos, assim acreditava a sua família. Contudo, Antônio não menciona os nomes das pessoas que teriam cometido o crime. 

 
Regeneração: Orgam do Partido Liberal. Desterro, terça-feira, 03 de abril de 1888, n. 68.

             A viúva inventariante de Manoel Palhano Prestes, THOMAZIA MARIA PEQUENA, sob juramento, declarou, em sua Fazenda do “Posto”, que seu marido havia sido preso e assassinado pela Polícia Rural no dia 24 de maio de 1887, quando viajava de São Joaquim para Tubarão, tendo deixado dezessete filhos. A listagem dos filhos será apresentada na próxima postagem do blog.

1.2 – MANOEL MARIA PALHANO PRESTES (Tio Maria), c.c. Generosa.

1.3 – ANTONIO PALHANO DE JESUS (nasc. 1840), solteiro. Rico fazendeiro.

Filhas:

1.4 – MARIA ANTONIA DE JESUS ou MARIA PALHANO DE JESUS (Mariazinha) (1821 – 16.02.1888), c.c. ANTONIO ZEFERINO MATTOS[2] ou ANTONIO DA SILVA MATTOS[3] (Tonico das Palmas) (falec. 15.06.1912). Antonio era filho de João Zeferino da Silva Mattos (1799 – 1843) e de Anna Joaquina da Conceição (falec. 1881).


Certidão de Casamento em grafia original:
 “Ao primeiro dia do mês de setembro do anno de mil oitocentos e cincoenta e cinco, nesta matriz de N. S. dos Prazeres, depois das canônicas, e na presença das testemunhas nomeadas e abaixo assinadas, o Ver. Miguel Teixeira Guimaraes e Antonio Pereira dos Santos, se receberão em matrimônio ANTONIO ZEFERINO MATTOS, filho de João da Silva Mattos, já fallecido, e de Ana Joaquina da Conceição, e MARIA ANTONIA DE JESUS, filha de Manoel Palhano de Jesus, e de Constancia Maria de Souza” (Livro 6, fls.33).
Filhos do casal na próxima postagem do blog.
Antonio Mattos casou-se em segundas núpcias com Francisca Rosa de Arruda[i], em 22 de abril de 1840. Francisca era filha de Manoel Joaquim Pinto e de Joaquina Rosa de Jesus. Francisca era viúva de João Rodrigues de Souza.

Notas: 1 - Há discrepâncias sobre o nome “Mariazinha”. Nas certidões de casamento, na sua própria e na do filho, seu nome é “Maria Antonia de Jesus”. No seu próprio inventário, porém, datado de 1892, tendo sua morte ocorrida em 16.02.1888, seu nome é registrado como MARIA PALHANO DE JESUS.
2 - Em jovem, “MARIAZINHA”, como era chamada, era mulher de rara beleza, e a seu respeito correm muitas “lendas”, sendo a principal a de que morreu aos 29 anos, no parto do 3º filho, que também faleceu. Com a descoberta do seu inventário cai por terra a lenda, pois constamos que Mariazinha, tendo nascido em 1821 (conforme inventário do Pai, Manoel Palhano de Jesus, de 1841), e falecido no dia 16.02.1888, faleceu aos 67 anos, na “Fazenda do Alecrim”, domicílio da família até aquela data. A família era muito rica, com um montante de bens por ocasião de seu inventário de noventa e sete contos, trezentos e cinqüenta e seis mil réis (97:356$000), quando era considerado milionário quem tivesse bens no valor de cem contos de réis.
3 - “Tonico das Palmas” como era chamado o marido de “Mariazinha” possuía as seguintes fazendas, além da do ALECRIM:

- “Fazenda da Ilha”, localizada no Rincão do Alecrim
30:000$000
- “Fazenda Santo Antonio”, “Propriedade de Marafigos”, sobre o rio Antonina, parte sul.
60:000$000
- Todas as partes dos campos e matos da FAZENDA DAS PALMAS.
25:000$000
- Um rincão de campos denominados MONTE ALEGRE, dividindo por uma parte com Manoel da Silva Ribeiro (c. c. Olinda da Silva Ribeiro Diogo), casal ancestral das Famílias Bathke e Luenemberg na região de São Joaquim, onde se domiciliaram depois que vieram da Alemanha para o Brasil. Por outra parte fazia divisa com a fazenda de João Cavalheiro do Amaral. (Provavelmente a fazenda de Cavalheiro do Amaral era a do MORRO AGUDO”)
10:000$000

            Segundo sabia Joaquim Galete da Silva, o maior estudioso da Família Palma entre os familiares, o pai de Mariazinha, conhecido por ele e por Enedino Batista Ribeiro, como JOÃO BAPTISTA PALHANO PRESTES, tem essa versão de seu nome contestada pelos dados tanto da Certidão de Casamento de TONICO DAS PALMAS/“MARIAZINHA” (Maria Antonia de Jesus), e também em seu próprio inventário, feito na Comarca de Lages em 1841, ano de sua morte, onde a grafia era MANOEL PALHANO DE JESUS.
            Ainda segundo Galete, Manoel Palhano de Jesus era tio de Dona Leocádia, mãe de Luiz Carlos Prestes, prestigioso chefe político brasileiro do Partido Comunista. Talvez através da família desse personagem, conhecido nacionalmente, seja possível chegarmos à sua biografia e genealogia.

1.5 – ANNA ANTUNES DE JESUS (Donana) (falec. 11.08.1884[ii]), casada com ANTONIO PEREIRA CAMARGO (falec. em 1854), filho de Anastácio Pereira de Camargo e de Maria Gertrudes de Souza.
            Antonio Pereira Camargo faleceu muito jovem, em sua fazenda do “Curralinho”, mordido por uma cascavel. Por ocasião de sua morte, em 1854, Donana estava grávida de sua última filha, Camilla Maria de Jesus, depois c. c. Antonio José Alves de Sá, político do Partido Liberal que se tornou o primeiro prefeito de São Joaquim.
            Por ocasião da morte do marido, Donana e os filhos ficaram com 16:720$580. Por ocasião de sua própria morte, em 1884, 30 anos depois, Donana deixou a seus herdeiros a quantia de 46:815$361. É bom lembrar que quem tivesse naquele tempo cem contos de réis (100:000$000) era milionário. Donana, portanto, foi uma excelente pecuarista, apesar de ter herdado muitos bens por inventário de sua mãe, D. Constância Maria de Souza, da qual recebeu a legítima no valor de 3:868$214.
Título dos Herdeiros de Donana e Antonio Pereira Camargo na próxima postagem do blog.

1.6 – BALBINA MARIA DE SOUZA (nasc. 1833).

1.7 – MARIA IGNACIA (Tia Nacha), c.c. ANTONIO DA SILVA RIBEIRO FILHO (Tio Ribeiro). Antonio da Silva Ribeiro Filho era filho de pai com o mesmo nome (c.c. Gestrudes Maria de Córdova, filha de Antonio Joaquim de Córdova e Manoela Maria da Silva), que era filho de Pedro da Silva Ribeiro e Ana Maria de Saldanha.

1.8 – CÂNDIDA MARIA DE SOUZA (nasc. 1839), c.c. ANTONIO SILVANO PROENÇA.
Casamento: 28 de novembro de 1857.


[1] JESUS, Antônio Palhano de Jesus. Secção livre, Lages. Regeneração: Orgam do Partido Liberal. Desterro, terça-feira, 03 de abril de 1888, n. 68.
[2] Conforme Certidão do primeiro casamento.
[3] Conforme Inventário judicial e também conforme a Certidão do segundo casamento.


[i] Inventário de Antonio da Silva Mattos, 1912.
[ii] Certidão de óbito de Anna Antunes de Jesus, 1884.