segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Novos fatos sobre a Casa de Pedra da Fazenda do Socorro em Bom Jardim da Serra

* Artigo escrito em parceria com Henrique Brognoli Martins


Revendo alguns registros sobre a Casa de Pedra da Fazenda do Socorro, baseados em muitos anos de pesquisas, posso afirmar que a casa ali edificada foi berço das famílias Souza e Ribeiro, às quais pertenço.
Não é, porém, a casa primitiva da Fazenda do Socorro, adquirida em 1776 por Matheus José de Souza a Manoel Marques Arzão, pois havia uma  outra, que segundo consta, pegou fogo. Nos inventários de sua filha Maria Benta de Souza de 1858, e no de seu genro João da Silva Ribeiro (Senior) de 1868, e no testemunho dos moradores do local, foram relacionadas além das terras da Fazenda, a existência de três mangueiras e benfeitorias, mas não era mencionada nenhuma casa de pedra coberta com telhas, como era usual numa casa desse tipo. Citavam, isso sim, casa em Lages, onde efetivamente residiam.
 A casa de pedra ainda existente, ao que me consta, foi edificada na última metade do século XIX, por Matheus Ribeiro de Souza, um dos filhos do casal acima citado, época em que a Fazenda do Socorro começou a ser dividida ou permutada entre todos os herdeiros, os quais construíram, nessa época, suas novas sedes de fazenda como a da “Chácara”, a da “Fazenda Bom Jesus das Pelotas”, a de “São José do Socorro” e também  a de “ São João de Pelotas”, no sul do município de São Joaquim, adquirida e construída pelo herdeiro João da Silva Ribeiro Júnior, que ali se radicou em 1858. Naquela época, acredito, que também foram edificadas outras casas de pedra, dada a grande disponibilidade de basalto na região que serviu também para construção de inúmeras taipas que ainda embelezam os campos serranos. Ainda hoje são remanescentes naquela região serrana algumas casas de pedra. Posso citar uma na localidade São Luiz, no “Campo de Fora”, no Distrito da Mantiqueira, outra na cidade de Bom Jardim da Serra, que, parece, abriga há muitos anos uma casa comercial, e ainda uma outra em São Joaquim, onde também há muitos anos funcionam estabelecimentos comerciais.
Foi a partir de 1900, que Manoel Cecilio Ribeiro, único filho homem de Matheus, passou a ser proprietário da antiga Sede da Fazenda do Socorro quando foram implementadas algumas melhorias no interior da Casa de Pedra, que posteriormente, com a sua morte em 1917, passou para sua única filha Dolores de Souza Ribeiro, casada com Adolfo José Martins.
Há alguns anos visitei a Casa de Pedra e pude observar o estado de abandono em que se encontrava. Houve, por exemplo, uma alteração no telhado, inicialmente  de 04 águas, e também  não mais existe a continuidade da casa, uma vez que em pedra restam três das quatro fachadas, frente e laterais. Acredito que parte do seu valor histórico tenha se perdido,  por não estar mais compondo o conjunto arquitetônico original, haja vista o estado de depreciação das mangueiras, o desaparecimento das demais benfeitorias anexas  à casa, os galpões que integravam aquela centenária fazenda.  No entanto, deve ser de grande valor sentimental para a família de Dolores Ribeiro Martins, em especial para seu único filho ainda vivo, Manoel Cecílio Ribeiro Martins. Nunca entendi a razão de Adolfo José Martins ter dividido aquela antiga sede entre tantos herdeiros, fato esse que propiciou a rápida deterioração desta referência cultural, não só para os atuais herdeiros, mas para toda a “Costa da Serra”.
 Chamo a atenção que em meu blog postei no dia 31.10.2011 matéria justamente sobre as nossas primitivas fazendas ancestrais, artigos escritos por Enedino Ribeiro em 1950.

Casa de Pedra da Fazenda do Socorro (Bom Jardim da Serra)




quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Algumas das Maiores Fortunas da Comarca de Lages no séc. XIX

           Segundo o historiador Gilberto Machado, do Museu do Judiciário Catarinense em Florianópolis – a mais importante fonte de dados sobre o poder aquisitivo das famílias catarinenses no séc. XIX, especificado nos inventários ali arquivados –, quando a moeda corrente era o “milréis”, quem tivesse dez contos de réis era rico, e quem tivesse cem era milionário. Um dos filhos de Matheus José de Souza, segundo esse padrão, “não era milionário” e, contudo, era dono de sete grandes fazendas, duas casas em Lages e vinte e dois escravos de alto valor econômico, sendo o total de seus bens de quarenta e sete contos de réis. Vale a pena notar a valorização dos escravos. Só o escravo Ricardo, de João Baptista de Souza, de seiscentos mil-réis, valia mais que a sua casa principal em Lages, de quinhentos e oitenta mil-réis. O genro desse cidadão, coronel João da Silva Ribeiro Júnior foi o homem mais rico do seu tempo, tendo seus bens sido avaliados em quatrocentos e seis contos de réis.
Inventariado
Ano da morte
Cônjuge
Montante de bens
1 – João da Silva Ribeiro Júnior (Cel João Ribeiro)
1894
Ismênia Baptista de Souza
406:016$370 + 400$000 do processo de sobrepartilha
2 – Ismênia Pereira Machado (Ismênia Palma)
1934
(séc. XX)
Inácio da Silva Mattos (Inácio Palma)
333:921$000
3 – Júlia Baptista de Souza e Oliveira
1883
Vidal José de Oliveira Ramos
286:111$500
4 – Manoel Ribeiro da Silva Filho (Ribeirinho)
1886
Leucádia Damasceno de Córdova
278:885$280
5 – Anna Maria de Lima
1865
Manoel Rodrigues de Souza
230:357$323
6 – Antonio José Pereira Branco Sobrinho
1861
Umbelina de Oliveira Trindade
165:414$232
7 – Joaquim José Ribeiro do Amaral
1861

130:881$625
8 – Anna Maria de Andrade
1880
Manoel José Pereira de Andrade
130:217$505
9 – Antonio da Silva Mattos (Tonico das Palmas)
1912
(séc. XX)
1ª esposa: Maria Palhano de Jesus (Mariazinha)
123:930$000
10 – Elizeo José Ribeiro do Amaral (assassinado)
1885
Clara Maria de Jesus
117:391$800
11 – Amelia Fermina de Jesus Borges
1883
Francisco Borges do Amaral e Castro
104:682$028
12 – Maria de Souza Teixeira
1876
José Domingues Arruda
99:586$020
13 – José Manoel de Oliveira Branco
1887
Maria José de Oliveira Trindade
98:095$818
14 – Antonio Pereira da Cunha e Cruz

Joaquina Maria da Maia
93:819$208

Fonte: Museu do Judiciário Catarinense, em Florianópolis.