* Artigo escrito em parceria com Henrique Brognoli Martins
Revendo alguns registros sobre a Casa de Pedra da Fazenda do Socorro, baseados em muitos anos de pesquisas, posso afirmar que a casa ali edificada foi berço das famílias Souza e Ribeiro, às quais pertenço.
Não é, porém, a casa primitiva da Fazenda do Socorro, adquirida em 1776 por Matheus José de Souza a Manoel Marques Arzão, pois havia uma outra, que segundo consta, pegou fogo. Nos inventários de sua filha Maria Benta de Souza de 1858, e no de seu genro João da Silva Ribeiro (Senior) de 1868, e no testemunho dos moradores do local, foram relacionadas além das terras da Fazenda, a existência de três mangueiras e benfeitorias, mas não era mencionada nenhuma casa de pedra coberta com telhas, como era usual numa casa desse tipo. Citavam, isso sim, casa em Lages, onde efetivamente residiam.
A casa de pedra ainda existente, ao que me consta, foi edificada na última metade do século XIX, por Matheus Ribeiro de Souza, um dos filhos do casal acima citado, época em que a Fazenda do Socorro começou a ser dividida ou permutada entre todos os herdeiros, os quais construíram, nessa época, suas novas sedes de fazenda como a da “Chácara”, a da “Fazenda Bom Jesus das Pelotas”, a de “São José do Socorro” e também a de “ São João de Pelotas”, no sul do município de São Joaquim, adquirida e construída pelo herdeiro João da Silva Ribeiro Júnior, que ali se radicou em 1858. Naquela época, acredito, que também foram edificadas outras casas de pedra, dada a grande disponibilidade de basalto na região que serviu também para construção de inúmeras taipas que ainda embelezam os campos serranos. Ainda hoje são remanescentes naquela região serrana algumas casas de pedra. Posso citar uma na localidade São Luiz, no “Campo de Fora”, no Distrito da Mantiqueira, outra na cidade de Bom Jardim da Serra, que, parece, abriga há muitos anos uma casa comercial, e ainda uma outra em São Joaquim, onde também há muitos anos funcionam estabelecimentos comerciais.
Foi a partir de 1900, que Manoel Cecilio Ribeiro, único filho homem de Matheus, passou a ser proprietário da antiga Sede da Fazenda do Socorro quando foram implementadas algumas melhorias no interior da Casa de Pedra, que posteriormente, com a sua morte em 1917, passou para sua única filha Dolores de Souza Ribeiro, casada com Adolfo José Martins.
Há alguns anos visitei a Casa de Pedra e pude observar o estado de abandono em que se encontrava. Houve, por exemplo, uma alteração no telhado, inicialmente de 04 águas, e também não mais existe a continuidade da casa, uma vez que em pedra restam três das quatro fachadas, frente e laterais. Acredito que parte do seu valor histórico tenha se perdido, por não estar mais compondo o conjunto arquitetônico original, haja vista o estado de depreciação das mangueiras, o desaparecimento das demais benfeitorias anexas à casa, os galpões que integravam aquela centenária fazenda. No entanto, deve ser de grande valor sentimental para a família de Dolores Ribeiro Martins, em especial para seu único filho ainda vivo, Manoel Cecílio Ribeiro Martins. Nunca entendi a razão de Adolfo José Martins ter dividido aquela antiga sede entre tantos herdeiros, fato esse que propiciou a rápida deterioração desta referência cultural, não só para os atuais herdeiros, mas para toda a “Costa da Serra”.
Chamo a atenção que em meu blog postei no dia 31.10.2011 matéria justamente sobre as nossas primitivas fazendas ancestrais, artigos escritos por Enedino Ribeiro em 1950.
Casa de Pedra da Fazenda do Socorro (Bom Jardim da Serra) |
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