segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Notas biográficas dos dez fazendeiros que assumiram a chefia da fundação de São Joaquim da Costa da Serra - JOAQUIM DAS PALMAS DA SILVA MATTOS

Por Ismênia Ribeiro Schneider
Publicado no Jornal Travessia de janeiro de 2007


JOAQUIM DAS PALMAS DA SILVA MATTOS: responsável pelo arruamento da freguesia.

Concluídos os resumos biográficos dos componentes da COMISSÃO diretiva dos trabalhos de fundação da nova Freguesia (Manoel Joaquim Pinto, Marcos Baptista de Souza, Joaquim José de Souza e Antonio Gonçalves Padilha), iniciaremos, nesta edição, breve relato histórico-genealógico dos outros seis fazendeiros eleitos para a MESA, isto é, o “Conselho Fiscal”, lembrando que o Presidente desse segundo grupo, o Tenente-Coronel João Ribeiro, já foi descrito no “Travessia” do mês de julho de 2006.
O personagem deste mês é Joaquim da Silva Mattos Sobrinho, mais conhecido como JOAQUIM DAS PALMAS DA SILVA MATTOS, nascido em 1833 e falecido em 25.10. 1916. Era filho de João da Silva Mattos, ou “João Zeferino de Mattos”, de Laguna, e de Anna Joaquina da Conceição Cardoso, de Tubarão, que se tornou um dos primeiros tropeiros a atingir pela Serra do Imaruí os campos de Lages, instalando-se na “Fazenda das Palmas”, na Região do Bentinho (depois São Joaquim), pertencente ao município de Lages. Filho mais moço entre seis irmãos, Joaquim tinha dez anos quando o pai foi assassinado pelo mais velho, Manoel, deficiente mental. Casou-se com THEODORA ALVES DA SILVA, de Laguna. Tornou-se criador e político de renome, filiado ao Partido Liberal, depois Federalista, marcadamente de oposição ao Partido Conservador, mais tarde Republicano, agremiação do governo. Nos trabalhos de fundação, Joaquim das Palmas de Silva Mattos, distinguiu-se como responsável pelo arruamento da nova Freguesia, isto é, pelo traçado e abertura das ruas e logradouros públicos (oportunamente discorreremos sobre esse e outros assuntos de interesse da historiografia de São Joaquim). A família, a princípio domiciliada na Fazenda das Palmas, transferiu-se, mais tarde, para o “Rincão da Rondinha”, onde adquiriu a “Fazenda da Mantiqueira”, próxima de Bom Jardim, onde Joaquim faleceu e foi sepultado.
O casal teve os seguintes filhos:
1 – DAUTINA DA SILVA MATTOS (nasc.1863), c.c.João Araújo Goss -  pais de Renato e    Wilson Goss;

2 – GENOVÊNCIO DA SILVA MATTOS ( nasc.1864), c.c. em 1ª núpcias com Camila Nunes; em 2ª núpcias com Izabel Godoy.

3 -  JUVENAL DA SILVA MATTOS ( nasc.1866), c.c. Mariana Martorano,
      filha de Domingos Martorano e Filomena Beviláqua ( italianos). Juvenal/Mariana, pais de: Aparício c.c. Mariquinha; Aires, c.c. Rosa Vieira; Hilda, musicista, solteira; Fhilomena, c.c. Tássilo Bleyer; Teófilo, c.c. Tarcila Vieira, historiador; Maria, c.c. Aristides Bathke; Élvia, c.c. Bibiano Lima, residentes em Caxias do Sul;
    
4– HONORATA DA SILVA MATTOS (nasc.1868), solteira, falecida em idade    avançada;

5 – EULÁLIA DA SILVA MATTOS CASSÃO ( nasc. 1870), c.c. Antonio José Martins
      Cassão, natural do Minho, Portugal, ancestrais de Aristides, Sócrates, Sóter, Josué,   Gilbertina ( esposa de João Fontanella), Olga (esposa de Sebastião Batista Ribeiro, pais da historiadora Maria Batista Nercoline) e Julieta , solteira;

6 – ENÉAS DA SILVA MATTOS ( NASC.1872), c.c. Maria da Conceição Ribeiro, filha de Manoel Bento Ribeiro e Felicidade Maria Rodrigues ( sem dados);

7- ANGELINA DA SILVA MATTOS (22.09.1873 – 10.06.1941), religiosa da Irmandade da Divina Providência, “Irmã Rosina”, residente no Colégio “Coração de Jesus”, em Florianópolis, onde desempenhava a função de costureira;

8 – ADOLPHO DA SILVA MATTOS ( nasc.1876), c.c. Ivência Lima, artífice e músico, avô do contra-mestre da Banda de Música da Força Publica do Estado de SC, Tenente Adolfo da Silva Mattos.

9 – DORVAL DA SILVA MATTOS ( nasc.1879), residente em Araranguá, onde casou e deixou descendentes.
______________________________________________________
Fontes: Ata nº1 da fundação de São Joaquim; Monografia de São Joaquim, 1941, de Enedino Batista Ribeiro; inventário de Joaquim das Palmas da Silva Mattos, 1917, arquivado na 2ª Vara Cívil do Fórum de São Joaquim; acervo de Ismênia R. Schneider.

Notas biográficas dos dez fazendeiros que assumiram a chefia da fundação de São Joaquim da Costa da Serra - EZÍRIO BENTO RODRIGUES NUNES

                                          Por: Ismênia Ribeiro Schneider
                                          Publicado no Jornal Travessia em 2007

EZÍRIO BENTO RODRIGUES NUNES: Conselheiro Fiscal.
(07.09.1830 – 16.02.1916)

Matas impenetráveis onde imperava a araucária cobrindo morros e grotões, rios caudalosos, correntosos e intransponíveis, extensos campos de pastagens naturais, frio intenso no inverno, temperaturas amenas no verão, animais e índios selvagens, trilhas como únicas vias do locomoção de cavalos de montaria e tropas de gado vacum, cavalar e muar, a riqueza negociável da região, terra de beleza admirável, mas de condições adversas, tornou-se solo de titãs, de centauros, em que verdadeiramente se transformaram os primeiros e poucos desbravadores da região hoje denominada Bom Jardim da Serra. Eram poucas, mas muito extensas as sesmarias: Tijucas, Pelotas, Socorro e Santa Bárbara. Isolamento, solidão e grandes distâncias foram agravando os problemas de sobrevivência: falta de assistência religiosa, jurídica, de saúde, de instrução básica, de conforto, só encontrados a cerca de 28 léguas dali, ou de três dias de viagem, na única cidade da Comarca: Lages. Essas circunstâncias fortaleceram a decisão da população, lá pelos idos de 1870, de fundar uma vila, que viria a ser São Joaquim da Costa da Serra.

 Um dos mais denodados batalhadores da causa foi EZÍRIO BENTO RODRIGUES NUNES, conselheiro fiscal, um dos representantes da região da Mantiqueira, hoje pertencente a Bom Jardim, forte estancieiro da Fazenda SÃO LUIZ, distrito do Socorro. Descendia por linhagem materna da família Ribeiro, através da mãe, Felisbina Maria de Saldanha (filha de João da Silva Ribeiro e Maria Benta de Souza), c.c. Manoel Bento Rodrigues Nunes, natural de D. Pedrito, RS, e herdeira da Fazenda da “Chácara”. Ezírio Bento casou-se com a prima-irmã, VICÊNCIA ROSA DE JESUS, filha de outra descendente de João da Silva Ribeiro/Maria Benta de Souza, Ignácia Maria de Saldanha e de seu marido, Manoel Pereira de Medeiros, “Manduca Pereira”, natural de Aririú, município de São José. Sete foram os filhos de Ezírio Bento/Vicência, troncos de ilustres e conhecidas, até hoje, famílias joaquinenses:



1 – JOANA RODRIGUES PEREIRA (nasc. em 1862),
c. em 1ª núpcias com Cathólico da Silva Ribeiro (fal. Em 1888), primo-irmão, fº de Manoel Bento Ribeiro, outro fº de João Ribeiro/Maria Benta, c.c. a sobrinha, Felicidade Mª Rodrigues;  em 2ª núpcias, c.c. com João Clímaco Rodrigues Júnior, também primo;

2 – FELICIDADE RODRIGUES PEREIRA (nasc. em 1863),
c.c.Felicíssimo Bento  Rodrigues, primo-irmãos,
Fº de João Clímaco Rodrigues Nunes e Leonor Mª Rodrigues;

3 – MANOEL RODRIGUES PEREIRA NETO (nasc. em 1867), “Maneco Ezírio”,
c.c.  ?
Filha de ? 

4 – ANTÔNIO EZÍRIO RODRIGUES (nasc. em 1873),
c.c. Cecília Pereira da Silva,  primos-irmãos,
Fª de Manoel José Pereira (irmão de Vicência), c.c. Mª Cândida da Silva Mattos, fª de  Tonico das Palmas e Maria Palhano de Jesus “Mariazinha”, pais igualmente de Inácio Palma, o fundador da conhecida Família Palma de São Joaquim.
Antônio Ezírio/ Cecília são ancestrais de Valmor Ezírio, pai do  conhecido jornalista Rogério Pereira, “Pirata”;

5 – JOAQUIM RODRIGUES PEREIRA (nasc. em 1882), “Joaquim Ezírio”,
c.c. Maria Angélica Ribeiro,
Fª de Moisés Martinho Ribeiro e Clarice Rodrigues Trindade.
Moisés Martinho, fº de Manoel Bento Ribeiro e Felicidade  Mª Rodrigues.
Clarice, fª de Polycarpo Rodrigues Nunes e Ismênia Ribeiro Rodrigues;

6 -  FELISBINA PEREIRA DE AGUIAR (nasc. em 1879),
c.c. Antônio Cardoso de Aguiar,
Fº de ?

7 – BELMIRA RODRIGUES PEREIRA ( nasc. em 1886), “Lotinha”,
c.c. Antônio Palma,
Fº de Ignácio da Silva Mattos e Ismênia Pereira Machado (Inácio e Ismênia Palma).
Belmira era prima-irmã de sua sogra, Ismênia, pois sua mãe, Vicência, era irmã da mãe de Ismênia, Florinda, ambas filhas de Manduca Pereira e Ignácia Mª de Saldanha.
Família ancestral do conhecido pintor catarinense Rodrigo de Haro.

Observação:
Notar a freqüência com que aconteciam e se repetiam os casamentos consangüíneos nessas primitivas famílias.
  

Fontes: Inventário de Vicência Rosa de Jesus (1921), arquivado no Fórum de S. Jqm. Inventário de “Manduca Pereira” (1859), arquivado no Museu do Judiciário de SC, Florianópolis. Acervos particulares de Enedino Ribeiro e Ismênia Ribeiro Schneider.