Ao
começar a escrever meu livro “O Voo das Curucacas”, recém-publicado, que se
dedica ao estudo genealógico de famílias serranas de Santa Catarina, percebi
que não seria possível inserir os elementos da Família Palma, uma das mais
conhecidas dessa região, devido ao grande volume de dados encontrados. Além
disso, as famílias formadoras da Família Palma já haviam sido mais estudadas
por outros historiadores e estudiosos serranos, o que me fez focar mais nas
pesquisas das famílias Souza e Ribeiro, até então, pouco abordadas. Assim, a
família Palma aparece no meu livro como ramo colateral às famílias Souza e
Ribeiro ali estudadas, mas sem o merecido destaque.
Em função desse débito com minhas
origens maternas, seu estudo será aprofundado, a partir de agora, por meio
deste blog.
A Família “PALMA” de São Joaquim tem
como principal representante o casal: INÁCIO DA SILVA MATTOS e ISMENIA PEREIRA
MACHADO, conhecidos por INÁCIO PALMA e ISMÊNIA PALMA, em função da fazenda da
qual eram proprietárias: a Fazenda das Palmas, na região do Bentinho, em São Joaquim.
Duas famílias são ancestrais de Inácio: a DA SILVA MATTOS e a PALHANO PRESTES.
Outras duas são de Ismênia: a Família PEREIRA DE MEDEIROS e a Família MACHADO. Sobre
elas passaremos a realizar nossas próximas publicações.
Iniciamos, portanto, por um dos
ancestrais mais antigos que temos notícia dessa família: Manoel Palhano de
Jesus.
MANOEL PALHANO
DE JESUS
1. MANOEL
PALHANO DE JESUS
(em algumas fontes, como Enedino Batista Ribeiro e Galete, era chamado João
Baptista Palhano Prestes). Seu inventário é de 1841.
Esposa:
CONSTÂNCIA MARIA DE SOUZA (falec.
1863), natural de Santo Antonio da Patrulha, filha de Ignácio de Souza e de
Maria Bernarda da Silva.
Filhos:
1.1 – MANOEL
PALHANO PRESTES
(1825 – inventário de 1887, provável dia da morte: 24 de maio de 1887).
Esposa:
THOMAZIA MARIA PEQUENA
Fazendas:
-
DO “LAVATUDO”
-
DO “FERNANDO”
-
DO “POSTO”
-
DA “LAGOINHA”
-
DE “ILHA”
O Curador Geral no inventário de
Manoel Palhano Prestes, Manoel Moreira da Silva Ruiz Júnior, explica que “há
mais de seis meses o inventariado foi preso, sendo levado para Tubarão, mas
que, seguindo o parecer geral da população, foi assassinado pela Polícia Rural,
não tendo mais aparecido nem chegado ao seu destino, nem mandado notícias. A
família que o considera morto já mandou rezar missas por sua alma e providencia
agora a abertura de seu inventário, tendo em vista ter deixado bens e muitos
herdeiros menores, desejando a viúva vender alguns deles para quitar dívidas”.
Pesquisando no site da Fundação
Biblioteca Nacional, encontrou-se um artigo no jornal “Regeneração”[1], escrito
em 08 de março de 1888, e publicado em 03 de abril na “secção livre”, em que
Antônio Palhano de Jesus (irmão de Manoel) questiona “Porque será que não se
captura os assassinos do infeliz Manoel Palhano Prestes? Esperão ue elles commetão mais algum assassinato?”.
Assim, entende-se que o assassinato realmente ocorreu, ou que, pelo menos,
assim acreditava a sua família. Contudo, Antônio não menciona os nomes das
pessoas que teriam cometido o crime.
A viúva inventariante de Manoel
Palhano Prestes, THOMAZIA MARIA PEQUENA, sob juramento, declarou, em sua Fazenda
do “Posto”, que seu marido havia sido preso e assassinado pela Polícia Rural no
dia 24 de maio de 1887, quando viajava de São Joaquim para Tubarão, tendo
deixado dezessete filhos. A listagem dos filhos será apresentada na próxima
postagem do blog.
1.2 – MANOEL
MARIA PALHANO PRESTES
(Tio Maria), c.c. Generosa.
1.3 – ANTONIO
PALHANO DE JESUS
(nasc. 1840), solteiro. Rico fazendeiro.
Filhas:
1.4 – MARIA
ANTONIA DE JESUS
ou MARIA PALHANO DE JESUS (Mariazinha) (1821 – 16.02.1888), c.c. ANTONIO
ZEFERINO MATTOS[2]
ou ANTONIO DA SILVA MATTOS[3]
(Tonico das Palmas) (falec. 15.06.1912). Antonio era filho de João Zeferino da
Silva Mattos (1799 – 1843) e de Anna Joaquina da Conceição (falec. 1881).
Certidão
de Casamento em grafia original:
“Ao primeiro dia do mês de setembro do anno de
mil oitocentos e cincoenta e cinco, nesta matriz de N. S. dos Prazeres, depois
das canônicas, e na presença das testemunhas nomeadas e abaixo assinadas, o
Ver. Miguel Teixeira Guimaraes e Antonio Pereira dos Santos, se receberão em
matrimônio ANTONIO ZEFERINO MATTOS, filho de João da Silva Mattos, já fallecido,
e de Ana Joaquina da Conceição, e MARIA ANTONIA DE JESUS, filha de Manoel
Palhano de Jesus, e de Constancia Maria de Souza” (Livro 6, fls.33).
Filhos do casal na próxima postagem do blog.
Filhos do casal na próxima postagem do blog.
Antonio
Mattos casou-se em segundas núpcias com Francisca Rosa de Arruda[i],
em 22 de abril de 1840. Francisca era filha de Manoel Joaquim Pinto e de
Joaquina Rosa de Jesus. Francisca era viúva de João Rodrigues de Souza.
Notas:
1 - Há discrepâncias sobre o nome “Mariazinha”. Nas certidões de casamento, na
sua própria e na do filho, seu nome é “Maria Antonia de Jesus”. No seu próprio
inventário, porém, datado de 1892, tendo sua morte ocorrida em 16.02.1888, seu
nome é registrado como MARIA PALHANO DE JESUS.
2
- Em jovem, “MARIAZINHA”, como era chamada, era mulher de rara beleza, e a seu
respeito correm muitas “lendas”, sendo a principal a de que morreu aos 29 anos,
no parto do 3º filho, que também faleceu. Com a descoberta do seu inventário
cai por terra a lenda, pois constamos que Mariazinha, tendo nascido em 1821
(conforme inventário do Pai, Manoel Palhano de Jesus, de 1841), e falecido no
dia 16.02.1888, faleceu aos 67 anos, na “Fazenda do Alecrim”, domicílio da
família até aquela data. A família era muito rica, com um montante de bens por
ocasião de seu inventário de noventa e sete contos, trezentos e cinqüenta e
seis mil réis (97:356$000), quando era considerado milionário quem tivesse bens
no valor de cem contos de réis.
3
- “Tonico das Palmas” como era chamado o marido de “Mariazinha” possuía as
seguintes fazendas, além da do ALECRIM:
- “Fazenda da Ilha”, localizada no Rincão
do Alecrim
|
30:000$000
|
- “Fazenda Santo Antonio”, “Propriedade
de Marafigos”, sobre o rio Antonina, parte sul.
|
60:000$000
|
- Todas as partes dos campos e matos da FAZENDA
DAS PALMAS.
|
25:000$000
|
- Um rincão de campos denominados MONTE ALEGRE,
dividindo por uma parte com Manoel da Silva Ribeiro (c. c. Olinda da Silva
Ribeiro Diogo), casal ancestral das Famílias Bathke e Luenemberg na região de
São Joaquim, onde se domiciliaram depois que vieram da Alemanha para o
Brasil. Por outra parte fazia divisa com a fazenda de João Cavalheiro do
Amaral. (Provavelmente a fazenda de Cavalheiro do Amaral era a do MORRO
AGUDO”)
|
10:000$000
|
Segundo sabia Joaquim Galete da
Silva, o maior estudioso da Família Palma entre os familiares, o pai de
Mariazinha, conhecido por ele e por Enedino Batista Ribeiro, como JOÃO BAPTISTA
PALHANO PRESTES, tem essa versão de seu nome contestada pelos dados tanto da
Certidão de Casamento de TONICO DAS PALMAS/“MARIAZINHA” (Maria Antonia de
Jesus), e também em seu próprio inventário, feito na Comarca de Lages em 1841,
ano de sua morte, onde a grafia era MANOEL PALHANO DE JESUS.
Ainda segundo Galete, Manoel Palhano
de Jesus era tio de Dona Leocádia, mãe de Luiz Carlos Prestes, prestigioso
chefe político brasileiro do Partido Comunista. Talvez através da família desse
personagem, conhecido nacionalmente, seja possível chegarmos à sua biografia e
genealogia.
1.5 – ANNA
ANTUNES DE JESUS (Donana)
(falec. 11.08.1884[ii]),
casada com ANTONIO PEREIRA CAMARGO (falec. em 1854), filho de Anastácio Pereira
de Camargo e de Maria Gertrudes de Souza.
Antonio Pereira Camargo faleceu
muito jovem, em sua fazenda do “Curralinho”, mordido por uma cascavel. Por
ocasião de sua morte, em 1854, Donana estava grávida de sua última filha,
Camilla Maria de Jesus, depois c. c. Antonio José Alves de Sá, político do
Partido Liberal que se tornou o primeiro prefeito de São Joaquim.
Por ocasião da morte do marido,
Donana e os filhos ficaram com 16:720$580. Por ocasião de sua própria morte, em
1884, 30 anos depois, Donana deixou a seus herdeiros a quantia de 46:815$361. É
bom lembrar que quem tivesse naquele tempo cem contos de réis (100:000$000) era
milionário. Donana, portanto, foi uma excelente pecuarista, apesar de ter
herdado muitos bens por inventário de sua mãe, D. Constância Maria de Souza, da
qual recebeu a legítima no valor de 3:868$214.
Título
dos Herdeiros de Donana e Antonio Pereira Camargo na próxima postagem do blog.
1.6 – BALBINA
MARIA DE SOUZA
(nasc. 1833).
1.7 – MARIA
IGNACIA (Tia
Nacha), c.c. ANTONIO DA SILVA RIBEIRO FILHO (Tio Ribeiro). Antonio da Silva
Ribeiro Filho era filho de pai com o mesmo nome (c.c. Gestrudes Maria de
Córdova, filha de Antonio Joaquim de Córdova e Manoela Maria da Silva), que era
filho de Pedro da Silva Ribeiro e Ana Maria de Saldanha.
1.8 – CÂNDIDA
MARIA DE SOUZA
(nasc. 1839), c.c. ANTONIO SILVANO PROENÇA.
Casamento: 28 de novembro de 1857.
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