Retomamos
novamente os estudos sobre a Família Palma de São Joaquim, com algumas
características e curiosidades sobre os filhos de Inácio e Ismênia Palma. O
texto faz parte das pesquisas realizadas por Joaquim Galéte da Silva.
(Texto de Joaquim Galéte da Silva com
correções e
complementos de Ismênia Ribeiro Schneider)
Todas as famílias têm as suas origens
e a sua história. Poucas, no entanto, deixam anotações ou registros. A nossa
intenção aqui é apenas uma, anotar e registrar para as gerações futuras a
história da FAMÍLIA PALMA de São Joaquim. Uma família que teve origem com
Ignácio da Silva Mattos e Ismênia Pereira Machado, ambos joaquinenses.
IMPORTANTE:
Fica aqui registrado o porquê Ignácio da Silva Mattos passou a
ser conhecido como INÁCIO PALMA. Antônio da Silva Mattos, seu pai, era dono da
Fazenda das Palmas, passando assim, a ser chamado de Antonico das Palmas (ou
Tonico das Palmas). Consequentemente, Inácio passou a ser Inácio das Palmas –
INÁCIO PALMA. Resolveu, assim, registrar os filhos com o sobrenome “Palma”,
exceto a primeira, que ainda foi registrada como Eulália Pereira da Silva,
porém conhecida como Eulália Palma.
A Fazenda das Palmas localizava-se no
“Quarteirão do Morro Agudo” segundo informação contida na certidão de casamento
de Abel da Silva Ribeiro Rosa com Eulália Pereira da Silva, filha mais velha de
Ignácio da Silva Mattos e Ismênia Pereira Machado, ocorrido no dia 20/04/1904 e
registrado no Livro 2 de matrimônios, Fls. 90, São Joaquim-SC.
Algumas curiosidades
sobre a Família Palma
(por Joaquim Galéte da
Silva)
Os membros da Família Palma, em geral,
gostam de música, herança de Inácio Palma, um verdadeiro amante da música.
Quando a família Palma chegava da Fazenda para assistir às Festas de Natal e
Bailes de Partida no Club Astréa, geralmente recebia a visita da Banda Mozart
Joaquinense. Isto passou a ser uma tradição para a Família Palma e para a Banda
Mozart.
INÁCIO PALMA era conhecido pela sua
franqueza. Não mandava recados. Gostava bastante de um aperitivo (cachaça),
tinha sempre uma cachacinha guardada. Gostava muito de revólveres (arma de fogo
em geral). Gostava igualmente de facas, tinha um cuidado especial com suas
facas de carnear.
Na Fazenda Antonina, sede da Fazenda
das Palmas, carneava-se uma vaca a cada quinze dias; velas eram feitas uma vez
por ano, sempre numa média de trezentas dúzias, o suficiente para o consumo de
um ano.
VOVÓ ISMÊNIA tinha por hábito, fazer
ela, todos os dias o cafezinho de após o almoço. As filhas alternavam-se na
cozinha: cada uma delas cozinhava uma semana, assim iam fazendo rodízio. Eram
todas trabalhadeiras e caprichosas.
INÁCIO PALMA visitava com bastante
frequência, e vice-versa, o amigo JOÃO FERMINO NUNES. Iam sempre em companhia
de um dos filhos. Batiam muito papo e não deixavam de lado uma caninha, fosse
ela da branca ou da amarelinha. Eram grandes amigos. João Palma perpetuou essa
frequência, visitava sempre os filhos do velho João Fermino.
Importante:
A determinada altura da vida, Ismênia Palma soube que MANOEL INÁCIO DE LINA,
agregado da fazenda, era filho natural de INÁCIO PALMA. Manoel Inácio era filho
de uma agregada da fazenda concebido quando Inácio era ainda solteiro. Daí em
diante tratou-o com igualdade aos filhos do casal e fez com que estes
o reconhecessem como irmão. Os tecidos trazidos de serra abaixo para fazer
roupas aos filhos passaram a ser repartidas igualmente com Manoel Inácio que,
por sua determinação, passou a dormir do setor dos empregados da fazenda para o
setor onde dormiam os irmãos Palma (quartos no corpo da Casa Grande). Antes de
morrer fez ela uma recomendação: “Vocês deem alguma coisa para o Manoel Inácio,
que ele também é irmão”. O gesto de tratar a Manoel Inácio como filho faz parte
da sua personalidade e da sua bondade. Belo exemplo.
INÁCIO
PALMA era, pelo que se sabe ou pelo que se tem notícias, um homem de gênio
forte. Seria brabo? Ouvia contudo sua esposa, a quem chamava de ISMENDIA.
“Pois você é quem sabe Ismendia”.
FLORINDA
PALMA foi namorada de Martinho Brasil, muito a contra gosto do velho Inácio,
que aliás, diga-se era muito exigente na escolha dos namorados das filhas. Um
determinado dia chegou para visitá-lo um amigo de José Palma, JOÃO ROMÁRIO
MOREIRA. João Romário era então inspetor escolar, aqui estava a serviço. Nessa
visita, João Romário conhecera Florinda. Logo que o moço saiu, Florinda teria
ouvido uma observação de seu pai: “Este que aqui esteve, serve para você se
casar”. Minutos depois chegava um próprio com um bilhete de João Romário para
Florinda, dizendo que desejava encontrá-la para conversarem. O encontro
aconteceu. Na vez seguinte que João Romário veio a São Joaquim, Romário e
Florinda ficaram noivos. Casaram-se algum tempo depois na Fazenda Antonina.
CÂNDIDA teve, entre outros namorados,
Fredo Cassetari, de Bom Jardim da Serra.
O casamento de HERMELINO e ELZA foi na
casa de Francisco Palma, casado com Amália. (Elza e Amália eram irmãs)
JOÃO – Memória privilegiadíssima. Por
ex.: Ouvia o repórter Esso e repetia inteiro.
LYDIA e SINHANA – Tinham uma
característica comum: FAZER PLANOS. “Ah, porque amanhã vou fazer isto, vou
fazer aquilo... etc e tal. Mato e frijo... (que nada ficava no plano) A gente
até tem saudades.
TIO PAIM fazia também planos
mirabolantes. Era um otimista, e como!
CAETANO – Por certo foi o grande
dançarino da família. Era um “pião” no salão, especialmente num xote.
ANTÔNIO – Dizem ter sido um excelente lutador de espada (não
foi no nosso tempo).
CHICO foi o revolucionário, o valente; não levava desaforo
para casa.
ANTÔNIO PALMA – Conheceu BELMIRA (Lotinha) em uma domingueira
na casa do Sr. Gregório Cruz. Ela vestia vestido branco e estava em sua
companhia uma sua prima de nome Católica, progenitora da Família CAMPOS de São
Joaquim. Essa história nos foi contada pelo próprio Antônio Palma. “Ói, eram
duas moças muito chiques e muito bonitas, pois, uma delas era a POBRE VÉIA.
LYDIA foi noiva do médico Vicente Cantisani, um médico italiano
que teria vindo para São Joaquim trazido pelo tio aqui residente, Antônio
Cantisani.
FRANCISCO PALMA teria brigado com o pai, tendo, por isso,
saído de casa, em consequência do que casou-se muito jovem, com 19 anos de
idade.
VÔ INÁCIO gostava de acordar as pessoas na fazenda com toque
de gaita. Bem cedo chamava o gaiteiro (“Manezinho perna torta”) e o fazia tocar
para despertar o pessoal.
LYDIA namorou Ledo Couto, Rufino Figueredo, Vicente
Cantisani, de quem foi noiva. Desmanchou o casamento porque Vicente queria
casar-se com separação de bens, esse foi o principal motivo. Enamorou-se logo a
seguir de Enedino Batista Ribeiro, com quem se casou.
Foram namorados de OTÍLIA: Mario Pereira, Davidoff Lessa,
Rosalvo Albino, Ledo Couto pelo período de 10 anos e meio. Vô Inácio era radicalmente
contra o casamento. Depois da morte de Inácio, Ledo Couto ainda procurou
Otília, mas ela não quis desobedecer ao pai e desistiu definitivamente.
Foram namorados de JOAQUINA, entre outros, Manequinho Pereira
e Antão Thomaz de Souza.
EULÁLIA namorou com Hilário Thomaz de Souza.
Tio ABEL a viu uma vez na Fazenda Antonina quando tropeava
cavalos. Eulália serviu-lhe café e também a um de seus companheiros. Na saída,
Abel disse ao companheiro: “Vou me casar com essa moça”. Dito e feito, os anjos
disseram AMÉM.
CAETANO – Namoradas: Nair Vieira (irmã de Hercílio Vieira),
Inácia Mattos, Maria Martins, entre outras. Foi noivo de Tarcila Vieira.
JOSÉ PALMA teve muitas namoradas. Foi noivo de Ilda Mattos.
JOÃO PALMA foi namorado de Maura de Sena Pereira
(Florianópolis), considerada a maior expressão feminina da poesia catarinense.
JOÃO viveu por três anos com Belizária Nunes, com quem teve
dois filhos: Dioro e Sônia.
ANA – Foram seus namorados Manoel Fermino e Protásio Vieira.
JOSÉ PALMA – O casamento de José Palma e Alencarina
(Nenzinha) realizou-se em Bom Jardim da Serra, onde morava a noiva. A comitiva
do noivo foi a cavalo de São Joaquim a Bom Jardim da Serra. Contava o tio João
ter sido um casamento muito chique.
HERMELINO – Namorou por bastante tempo com Cândida Córdova.
MARIA INÁCIA e FLORINDA foram mandadas para o Rio Grande do
Sul no tempo dos Jagunços. Foi nessa oportunidade que Maria conheceu Higino
Inácio Velho, com quem se casou.
Como não havia escolas em Lages e São Joaquim,
os jovens daquela época eram mandados a estudar em outros centros: Inácio
enviava as filhas mulheres para um internato em Tubarão (SC) por dois anos. Como
eram oito moças, a cada dois anos mandava uma dupla. Os filhos homens, também
eram oito, iam, em geral, para Porto Alegre por um período mais longo.
As roupas e, principalmente, tecidos eram
comprados fora. O filho JOSÉ PALMA era quem tinha essa incumbência da compra,
até para os empregados. Uma costureira morava na fazenda para cozer para todos.
Outro profissional que morava na fazenda era uma doceira, além de duas ou mais
cozinheiras. Todas as filhas se tornaram excelentes donas de casa, sabiam fazer
todo o serviço, para saber mandar. A roupa de cama e banho, toda branca, era
lavada, em geral, no rio e depois guardada perfumada com alfazema.
Algumas frases e
outras características dos Irmãos Palma
(por Joaquim Galéte da
Silva)
Tio Antonio:
“Como
é que vão todos?” Oi... Oi... dizia o nome completo da pessoa que estava
chegando. Ex.: Oi, Seu Joaquim Galéte da Silva.
Tio
Antonio, o que há de novo lá em Florianópolis?
Resp.:
Ói, só a carestia.
Ao
referir-se à tia Lotinha dizia sempre “A pobre véia”.
Tio Zeca:
Fidalgo. Tratava todas as
pessoas com absoluta igualdade, fosse pobre ou rico, tivesse cinco, cinquenta
ou setenta anos.
Tia Eulália:
“Está na hora do dicumê” ou “O
dicumê está pronto”. (O "dicumê" era a maneira da Tia Eulália se referir ao "de comer" (seja almoço, janta, etc.[i])
Tio Leonel:
“Desça desse portão rapaizinho”.
Leonel tinha horror a chuva. Era
muito respeitado pela sua forte personalidade e energia, agia sempre com muita determinação.
Tio Paim:
É... é... é... Sempre
gesticulando com a cabeça com posições afirmativas. É... é... é...
Tio Chico – Chamado pela tia Amália sempre “O Chiquinho...”
Dizia muito “Esse fia da puta”
(num sotaque especialmente seu).
Tio Caetano - Sempre se referia à tia Jurema, ao invés do nome,
dizia A CAPIVARA.
Tia Maria – Usava rigorosamente a palavra finado(a) ao
referir-se a alguém já falecido.
Cândida – Às vezes saía de casa apenas com a filha menor no colo,
fugida dos outros filhos, para ir na casa de um irmão ou pessoa conhecida. Íamos
descobrindo onde ela estava, aos poucos íamos chegando onde ela estava. Não
raramente voltávamos os dez juntos. Parecia uma galinha de pintinho, diziam as
pessoas.
Otília – Caracterizava-se pela franqueza. Dos dezesseis irmãos, a
que mais puxou ao pai (Não mandava recado).
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[i] Informação fornecida por João Carlos de Souza Palma Junior.
[i] Informação fornecida por João Carlos de Souza Palma Junior.
Aqui vc relata sobre um Antonio Cantisani, estou a procura de informações do meu bisavô que tem este nome.
ResponderExcluirAqui vc relata sobre um Antonio Cantisani, estou a procura de informações do meu bisavô que tem este nome.
ResponderExcluirOlá, Giselle!
ExcluirInfelizmente não tenho nenhum dado sobre o Antonio Cantisani. Se em algum momento encontrar alguma coisa, volto a lhe escrever.
Boa sorte com sua pesquisa!
Talvez consigas localizar algum documento original no www.familysearch.org . Mas, para isso, seria importante ter alguma data de nascimento, matrimônio ou óbito, e local do mesmo. Se não, fica muito difícil procurar.
Abraço!
Eu tenho esses dados, mas ele viveu em Minas.
ResponderExcluirO senhor Inácio faleceu em q ano?
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