quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Relações entre as Famílias Souza e Ramos

Ismênia Ribeiro Schneider
Cristiane Budde

           Iniciamos hoje um estudo sobre duas importantes e numerosas famílias catarinenses que tiveram suas vidas entrelaçadas diversas vezes por laços de casamentos e de trajetórias marcadas por características comuns, que identificam o “ser do serrano”: firmeza de caráter, empenho na palavra dada e liderança política. Apresentaremos, assim, um pouco da história da Família Souza e sua relação de parentesco com a Família Ramos, tronco de ilustres famílias catarinenses, de onde saíram dois governadores do Estado, um presidente da República, um interventor federal, e muitos políticos locais de destaque.
            O principal elo entre essas duas famílias advém pela união de Júlia Batista de Souza (11/05/1842 - 11/05/1883[i]) com Vidal José de Oliveira Ramos (26/12/1820 - 09/01/1908). Júlia é filha de João Batista de Souza (19/01/1800 - 13/08/1850[ii]), bastante conhecido como “Inholo”.
Retrocedendo na ancestralidade de Júlia, chegamos a Matheus José de Souza (1737 – 1820), que com 20 anos veio para o Brasil, instalando-se no Rio de Janeiro em 1757, onde comprou propriedades, fez fortuna e se casou pela primeira vez[[iii]] com Maria José de Carvalho (filha de Caetano José de Carvalho e Úrsula Maria de Macedo). Não sabemos em que ano faleceu a esposa, mas apenas que depois desse acontecimento, Matheus decidiu se mudar para o sul do Brasil, ajudando a fundar a póvoa de Lages no dia 22 de maio de 1771. Vieram com Matheus os dois filhos homens.
Com Maria José de Carvalho, Matheus teve quatro filhos:
A – ANA MARIA DE CARVALHO, casada com (c.c.) Pedro dos Humildes.
B – ANTÔNIA MARIA DE SOUZA, c. c. José das Virgens Rosa.
C – JOSÉ CAETANO DE SOUZA, c. c. Jerônima Maria Caetana.
      Domiciliados em Rio Pardo, Rio Grande do Sul.
D – CAETANO JOSÉ DE SOUZA, c. c. Ignácia Maria do Amaral, filha de José do Amaral Gurgel Annes e de Maria do Nascimento de Jesus.

Em segundas núpcias, em 1º de fevereiro de 1786, Matheus José de Souza casou-se com Clara Maria de Athayde (1774, Lages - 13/03/1810) (filha de Manoel Rodrigues de Athayde e de Maria do Rosário Teixeira de Oliveira, lagunenses).
            Com Clara, Matheus teve oito filhos:
F1 – BALDUÍNA MARIA DO NASCIMENTO (1787, bat. 20.04.1788 – 05/09/1850[iv]), c.c. Antônio Lins de Córdoba (1787 – 1863), filho de João Damasceno de Córdoba e Maria de San Boaventura Amaral.
F2 – MARIA BENTA DE SOUZA (1790 – 1857), c.c. João da Silva Ribeiro (1787 – 1868), filho de Pedro da Silva Ribeiro (1746 – 1835) e Anna Maria de Saldanha (1754 -?).
F3 – MATHEUS JOSÉ DE SOUZA JÚNIOR (01/11/1792 - 12/04/1873), c.c.:
1ª núpcias: Ana Maria do Amaral (ou Ana Damascena de Córdova) (Bat. Lages, 26/10/1793 – Fal. 04/05/1850), filha de João Damasceno de Córdova e Maria de San Boaventura.
2ª núpcias: Rita Maria de Miranda.
F4 – MANOEL RODRIGUES DE SOUZA (21/09/1796 - 18/09/1868[iv]), c.c. ANNA MARIA DE LIMA (20/08/1799 - 13/07/1863[iv]), filha de Francisco José de Santana e Souza e Maria Magdalena de Saldanha.
F5 – ANNA DE SOUZA (nasc. 25/12/1798)[v].
F6 – JOÃO BAPTISTA DE SOUZA (“Inholo”) (19/01/1800 - 13/08/1850).
Companheira: Maria Gonçalves do Espírito Santo (1802 - 19/08/1882), filha de Ignácio Gonçalves dos Santos e Maria Gonçalves do Espírito Santo, casal de Rio Pardo, RS. Separação em 1838.
Esposa: Cândida dos Prazeres Córdova (07/03/1807 - 1845), filha de Bento Ribeiro de Córdova e Maria Jacintha do Amaral. Casamento: 1840.
F7 – MARIA MAGDALENA DE SOUZA (ou Maria Josefa de Atahide) (1803 – 1868), c.c. Joaquim Antunes de Oliveira (1799 - 08/04/1879[iv]), filho de Salvador Antunes e Quitéria Maria.
F8 – FRANCISCO JOSÉ DE SOUZA (12/07/1807 - 1884), c.c. Anna Maria de Saldanha (nasc. 30/08/1818[iv]), filha de Francisco da Silva Ribeiro e de Anna Anotnia de Jesus.
Nota: Mais informações sobre Matheus José de Souza e sua família em http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2010/10/familias-acorianas-na-regiao-serrana-de.html e também no livro “O voo das Cururcacas”, p. 247-267, de Ismênia Ribeiro Schneider.

            Dentre esses oito filhos, destacamos João Baptista de Souza, “Inholo”, que teve como companheira, até 1838, MARIA GONÇALVES DO ESPÍRITO SANTO, filha de Ignácio Gonçalves dos Santos e Maria Gonçalves do Espírito Santo, casal de Rio Pardo, RS.
Inholo foi figura emblemática na família. Era o que se poderia chamar de “filho rebelde”. Muito novo se uniu a uma mulher casada, rompendo com todas as convenções da época. Estabeleceram residência em sua FAZENDA SÃO JOÃO, localizada ao sul do município de São Joaquim, entre o rio Pelotas e o Lavatudo. Tiveram quatro filhos (listados abaixo), reconhecidos pelo pai em 1838, ocasião em que houve a separação do casal, porque Inholo já havia conhecido a viúva Cândida dos Prazeres Córdova, irmã do noivo de sua filha mais velha, Maria Benta. Os filhos permaneceram em sua companhia. Em 1840 efetiva o casamento com Cândida, continuando a morar na Fazenda São João, apesar de possuir outras propriedades na região da Coxilha Rica e duas casas na vila de Lages. Em 1842 nasce a filha Júlia. Em 1845 morre D. Cândida, ficando Inholo com cinco filhos. Em 1842 casa-se a filha Maria Benta, e em 1845, a filha Ismênia. Ficam com ele dois filhos adolescentes e a pequena Júlia.
No dia 13 de agosto de 1850, dois escravos da fazenda, companheiros do senhor nas lides campeiras, o trucidam a olho-de–machado, esmigalhando-lhe a cabeça. Em júri popular, os escravos são condenados à morte, sentença comutada em prisão perpétua[vi].

Para assinalar o local do trágico acontecimento, a família mandou erguer uma grande cruz de cedro em cima de um morrinho próximo, que de longe era vista. Esta parte da Fazenda, desde então passou a ser denominada pelos moradores de toda a região, Santa Cruz, nome com que é conhecida até hoje. 

Inholo e Maria Gonçalves tiveram quatro filhos:
N6.1 - MARIA BENTA BAPTISTA DE SOUZA (nasc. 26/05/1828), c.c. José Lins de Córdova (1817 - 15/04/1874), filho de Bento Ribeiro de Córdova e de Maria Jacinta.
N6.2 – ISMÊNIA (OU ESMÊNIA) BAPTISTA DE SOUZA (03/11/1831 - 01/09/1912), c.c. Coronel João da Silva Ribeiro Júnior (29/03/1819 - 10/05/1894), filho de João da Silva Ribeiro (Sênior) (23/06/1787 - 12/05/1873) e de Maria Benta de Souza (1790 – 1857) [filha de Matheus José de Souza e Clara Maria de Athayde].
N6.3 - MARIA MAGDALENA BAPTISTA DE SOUSA (1833 - 21/11/1867), c.c. Matheus Ribeiro de Souza (1829 - 18/11/1900), filho de João da Silva Ribeiro (Sênior) (23/06/1787 - 12/05/1873) e de Maria Benta de Souza (1790 – 1857).
N6.4 - MARCOS BAPTISTA DE SOUZA (09/08/1833 - 07/10/1906), c.c. Maria Rodrigues de Andrade, “Dona Marica” (04/03/1843 - 14/01/1926), filha de João Floriano Rodrigues de Andrade e de Guiomar Maria Valgos Galvão de Siqueira (01/01/1814 - 21/10/1888).

            Em 1840, Inholo casou-se com CÂNDIDA DOS PRAZERES CÓRDOVA, filha de filha de Bento Ribeiro de Córdova e Maria Jacintha do Amaral. Dessa união oficial, nasceu uma filha:
N6.5 - JÚLIA BAPTISTA DE SOUZA (11/05/1842 - 11/05/1883[vii]), que se casou com VIDAL JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS (26/12/1820 - 09/01/1908), filho de Laureano José Ramos e Maria Gertrudes de Moura.
Nota: Em primeiras núpcias, Cândida dos Prazeres Córdova foi casada com Manoel Ribeiro da Silva (“Ribeirão”), com quem teve um filho: Manoel Ribeiro da Silva Filho (24/01/1827 – 11/11/1886[viii]), conhecido como “Ribeirinho”. Ribeirinho casou-se, em primeiras núpcias, com Brandina dos Prazeres e Silva (falec. 29/01/1847). Em segundas núpcias casou-se com Leocádia Damasceno de Córdova.

Figura 1 - Júlia Baptista de Souza e Manoel Ribeiro da Silva Filho, “Ribeirinho”, irmãos  por parte de mãe.

O casal Júlia e Vidal José de Oliveira Ramos teve três filhos:
N6.5.1 - Belisário José de Oliveira Ramos (07/05/1858 - 12/09/1957)[ix], c.c. Theodora
Ribeiro dos Santos (24/05/1860 - 02/01/1902[x]).
N6.5.2 - Maria Cândida de Oliveira Ramos (09/01/1865 - 08/07/1931), c.c. Henrique
de Oliveira Ramos (13/01/1851 - 13/05/1921).
N6.5.3 - Vidal José de Oliveira Ramos Júnior (24/10/1866 - 02/01/1954[xi])., c.c. Thereza Fiuza (de Carvalho) Ramos.
Mais informações sobre estes filhos em uma próxima matéria.


Figura 2 - Árvore genealógica do tronco principal de Júlia Baptista de Souza.

    Nas próximas matérias apresentaremos um pouco da história da Família Ramos e mais informações sobre os descendentes de Júlia Baptista de Souza e Vidal José de Oliveira Ramos.





[i] Óbito de Júlia Batista de Souza, fornecida por Rogério Palma de Lima.
[ii] Inventário de João Baptista de Souza, 1850. Arquivo pessoal de Ismênia Ribeiro Schneider.
[iii] RAMOS FILHO, Celso. Coxilha Rica: Genealogia da Família Ramos. Florianópolis: Insular, 2002.
[iv] Dados fornecidos por Rogério Palma de Lima.
[v] Documento de batismo de Anna de Souza, fornecido por Rogério Palma de Lima.
[vi] Mais informações sobre este assassinato no livro “O voo das curucacas: estudo genealógico de famílias serranas de Santa Catarina”, de Ismênia Ribeiro Schneider, Florianópolis: Letra Editorial, 2013.
[vii] Óbito de Júlia Batista de Souza, fornecida por Rogério Palma de Lima.
[viii] Inventário judicial com testamento de Manoel da Silva Ribeiro Filho, 1886. Arquivo pessoal de Ismênia Ribeiro Schneider. Fonte: Processo arquivado no Museu do Judiciário Catarinense em Florianópolis.
[ix] Dados fornecidos por Rogério Palma de Lima.
[x] Dados fornecidos por Rogério Palma de Lima.
[xi] Dados fornecidos por Rogério Palma de Lima.

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