quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Relações entre as Famílias Souza e Ramos – Mais detalhes sobre alguns dos filhos de Vidal Ramos e Thereza Fiuza



            Ismênia Ribeiro Schneider
Cristiane Budde

Continuando as matérias anteriores, apresentamos descrição mais detalhada de quatro dos quatorze filhos de Vidal José de Oliveira Ramos [filho de Vidal José de Oliveira Ramos “Sênior” e de Júlia Baptista de Souza] e Thereza Fiuza (de Carvalho) Ramos. Destacamos esses quatro filhos em virtude da importância política que eles, ou seus filhos, tiveram em Santa Catarina e também no Brasil.
            Iniciamos, assim, por Rachel Ramos (da Silva) (nasc. 26/02/1887, Lages), filha mais velha de Vidal Ramos e Thereza, e mãe de Aderbal Ramos da Silva. Rachel casou-se com o Desembargador João Pedro da Silva (29 de junho de 1882, São José, SC – 15 de junho de 1936[i]), filho de Cel. João da Silva Ramos e de D. Maria Adolfina Sales Silva.
            Rachel era mais conhecida como “Santa”. Ela e a irmã Maria Júlia cuidaram do pai, Vidal Ramos (Junior), quando este permaneceu em Florianópolis, por volta de 1943. Rachel também o acompanhou em uma viagem de recordações, quando foi a Lages para ver as obras de seu filho, Vidalzinho, enquanto Prefeito Municipal. Mais tarde, em 1946, a filha Ruth assumiu os cuidados do pai, substituindo Rachel e Maria Júlia[ii].

Filhos de Rachel Ramos e João Pedro da Silva[ii]:

TN6.5.3.2.1 – Irene.

TN6.5.3.2.2 – Aderbal Ramos da Silva (18/01/1911, Florianópolis – 13/02/1985, Florianópolis[iii]). Estudou Direito no Rio de Janeiro, onde morou com o avô Vidal Ramos (Jr.), graduando-se em 1932[ii,iii]. Começou o exercício da profissão no escritório de Nereu Ramos, seu tio, em Florianópolis, a quem Aderbal tinha como exemplo e orientador político[ii].
Aderbal casou-se, em 23/04/1936, com Ruth Hoepcke (nasc. 11/05/1913, Berlim – falec. 02/11/2007[iv]), filha de Carlos Hoepcke Júnior e de Anna Von Wangenhein Hoepcke.
Em 1934, Aderbal elegeu-se deputado estadual e em 2 de dezembro de 1945, com o fim da ditadura Vargas, foi eleito deputado federal, sem, contudo, exercer o mandato, pois foi eleito Governador do Estado de Santa Catarina. Assumiu o cargo em 1947, sendo, à época, “o mais jovem mandatário estadual do Brasil, com apenas 36 anos” (PEREIRA, 2011, p.98). Foi forçado a se licenciar em meados de 1948 até 1949, devido a uma moléstia nos pulmões. Depois, retornou ao cargo, concluindo seu mandato em 31 de janeiro de 1951[ii,iii].
Durante sua gestão, preocupou-se, em especial, em dotar de energia elétrica, água e esgoto as principais cidades do estado. Além disso, deu atenção à educação, aos transportes, à saúde e aos esportes, sendo grande apoiador do iatismo e da vela, dos clubes de remo e do futebol[ii,iii].
Aderbal deixou duas filhas: Anita (nasc. 28/03/1937) e Silvia (nasc. 28/05/1945).

TN6.5.3.2.3 – Hélio.

TN6.5.3.2.4 – Hilda.

TN6.5.3.2.5 – Maria Tereza, c.c. Adalberto Tolentino de Carvalho (foi Prefeito de Florianópolis, nomeado pelo Governo estadual. Mandato: de 16 de julho de 1947 a 30 de janeiro de 1951[v]).   


Figura 1 - Aderbal Ramos da Silva (Fonte: Ramos Filho, Celso. Coxilha Rica).

Outro filho de Vidal Ramos e Thereza Fiuza que merece destaque é Nereu de Oliveira Ramos (nasc. 03/09/1888, Lages - 16/06/1958, São José dos Pinhais-PR), que foi o segundo filho do casal. Nereu casou-se com Beatriz Paranhos Pederneiras, “Sisete” (09/10/1898 – 01/06/1991), com quem teve quatro filhos[ii]:
TN6.5.3.2.1 - Olga Ramos de Paula (nasc. 29/06/1917), c.c. Augusto F. de Paula (26/07/1907 – 03/04/1956).
TN6.5.3.2.2 - Nereu Ramos Filho (nasc. 27/07/1918), c.c. Maria Adriano Ramos (nasc. 25/02/1927).
TN6.5.3.2.3 - Murilo Pederneiras Ramos (nasc. 27/06/1920 – 30/03/1999[vi]), c.c. Ligia Lea Bauer Ramos (nasc. 12/10/1922).
TN6.5.3.2.4 - Rubens Pederneiras Ramos (nasc. 13/12/1921), c.c. Mirza Simone Gheur (nasc. 08/11/1922).

Nereu Ramos ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo em 1905, formando-se bacharel em 1909, quando retornou a Lages e montou escritório de advocacia. Em 1911, mudou-se para Florianópolis, onde continuou sua carreira política e no jornalismo, quando foi eleito Deputado Estadual[ii]. No ano seguinte, contudo, renunciou ao cargo por ter sido escolhido Secretário da Delegação Brasileira nas Conferências Internacionais de Direito Marítimo e Letras de Câmbio, realizadas em Haya e Bruxellas[ii].
Foi Oficial de Gabinete do pai, o Governador Vidal Ramos. Em 1919, foi eleito Deputado Estadual[ii] e primeiro Presidente do Partido Liberal Catarinense, em 1927[ii], e em 1930, foi eleito Deputado Federal. Porém, seu mandato foi extinto devido ao fechamento do Congresso[ii].
Ele foi um dos fundadores da Faculdade de Direito de Santa Catarina, em 1932, onde lecionou. Em 1933, foi eleito Deputado da Constituinte, e em 1935 é eleito Governador, sendo nomeado interventor em 1937, permanecendo nesse cargo até 1945[ii].
Em 1946, é eleito Senador pelo PSD (Partido Social Democrático). Em outubro de 1954, assumiu o Senado e, no ano seguinte, foi vice-presidente da casa[vii].
Após o suicídio de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, e o licenciamento de Café Filho (vice-presidente) por motivos de saúde, em novembro de 1955, assumiu a presidência Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados. Entretanto, este foi deposto do cargo, pois havia um temor de que a posse de Juscelino Kubitschek pudesse ser impedida[vii,viii]. Assim, Nereu Ramos assumiu a presidência da República, seguindo a linha de sucessão, até que J.K. tomasse posse em em 31 de janeiro de 1956[viii]. Com a posse de Juscelino Kubitschek, Nereu assumiu o Ministério da Justiça[ii].
Nereu Ramos faleceu em 16 de junho de 1958 em um desastre aviatório, em que morreram também o Governador Jorge Lacerda e o Deputado Leoberto Leal.
  
Figura 2 - Nereu Ramos. (Fonte: Ramos Filho, Celso. Coxilha Rica).

Celso de Oliveira Ramos (nasc. 18/12/1897, Lages – 01/04/1996, Florianópolis), também filho de Vidal Ramos e Thereza, c.c. Edith Muller Gama (nasc. 17/04/1904, Blumenau – falec. 13/09/1974), filha de Ayres de Albuquerque Gama e de Augusta Muller Gama. Edith residia em Florianópolis, e após o casamento, os dois foram morar em Lages, na Fazenda Pinheiro Seco, na Coxilha Rica. Segundo Celso Ramos Filho (2002, p. 184),
“foi uma radical transformação na vida de Edith, que contando apenas 18 anos, filha de Desembargador, criada na cidade, com curso de piano e outras qualidades, de uma hora para outra, deixa este conforto para ir morar com o marido no interior de Lages, em uma fazenda. Edith acabou seguindo o exemplo de Thereza, mãe de Celso, que educada nos melhores colégios de São Paulo, com apenas 15 anos, casou com Vidal Ramos e passou a residir na fazenda, com o marido, chegando a ter 14 filhos”.

            Celso Ramos foi vice-prefeito de Lages, tendo assumido interinamente, por alguns dias em 1931, a Prefeitura quando Otávio Silveira Filho teve que se afastar temporariamente[ii].
Em 1938, a família transferiu residência para Florianópolis, e Celso Ramos passou a se dedicar ao comércio e à indústria[ii]. Ele “foi o fundador da FIESC (Federação das Indústrias de Santa Catarina) e seu primeiro presidente, sendo reeleito por três períodos consecutivos. Criou ainda, a Fundação Vidal Ramos, mantenedora da Faculdade de Serviço Social, e a Faculdade de Educação” (DC, 1993).



Figura 3 - Celso Ramos e Edith em 1922, ano do casamento. (Fonte: Celso Ramos Filho, 2002)

            O falecimento do irmão Nereu Ramos, em um acidente aéreo, foi decisivo para a carreira política de Celso Ramos. Segundo matéria do Diário Catarinense (1993),
As eleições para o Senado já estavam marcadas e Nereu inclusive viajava para a Capital Federal, então Rio de Janeiro, depois de participar de uma convenção do PSD estadual.
O acidente obrigou a revisar as candidaturas existentes. Celso, que era o presidente estadual do PSD, ficou então com a obrigação moral de substituir Nereu para manter viva a legenda do partido.
Faltando apenas alguns meses para o pleito, ele decidiu-se por postular o voto pessoal na tentativa de bater o forte candidato da UDN ao Senado, Irineu Bornhausen. Pela primeira vez na história política catarinense, um candidato usou o rádio, na época, o meio de comunicação mais atual, como forma efetiva de propaganda.
Acabou derrotado pelo experiente Irineu Bornhausen, mas por uma pequena margem de votos para quem estreava em disputas eleitorais.
Em 31 de fevereiro de 1961, Celso Ramos toma posse como Governador do Estado de Santa Catarina, e em março, um mês depois de sua posse, abre as portas do Palácio Rosado para uma reunião histórica. Sentaram-se em torno da mesma mesa o presidente Jânio Quadros e os governadores da região sul do Brasil, Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul, e Ney Braga, do Paraná.
Infelizmente, os acordos costurados no encontro acabaram não se concretizando. No dia 25 de agosto do mesmo ano, quando os três governadores teriam uma reunião em Porto Alegre com o presidente, para avaliar o encontro de março, Jânio Quadros renunciou”.

Foi Governador do Estado de Santa Catarina de 31 de janeiro de 1961 a 31 de janeiro de 1966, período em que inaugurou “um banco estadual (BESC), uma universidade (UDESC), uma concessionária de energia (CELESC) e um fundo de desenvolvimento (FUNDEC)” (DC, 1993). Além disso, implantou, com os governadores do Paraná e do Rio Grande do Sul, o Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE) e o Conselho de Desenvolvimento do Extremo Sul (Codesul)[ii].
             Em 1966, foi eleito Senador Federal, deixando o mandato em 1974 para dedicar-se à pecuária no interior da Ilha de Santa Catarina, na Fazenda Santa Thereza[ii].

Celso Ramos e Edith tiveram seis filhos[ii,ix].:
TN6.5.3.7.1 – Doris Ramos Gomes (nasc. 25/05/1923, Lages), c.c. Abelardo da Silva Gomes (20/09/1916 – 24/08/1978). Abelardo foi Procurador da República em Santa Catarina[ii].
TN6.5.3.7.2 – Celso Ramos Filho (nasc. 16/12/1924, Lages[ii] – 05/10/2016, Florianópolis[x]) c.c. Maria Júlia Medeiros. Casamento em 19/10/1949.
Celso Ramos Filho é autor do Livro Coxilha Rica: Genealogia da Família Ramos, Florianópolis: Insular, 2002.
Celso Filho engenheiro civil, fundador e primeiro presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA)-SC e político brasileiro. Foi também professor da Cadeira de Matemática e Tecnologia da Construção da Escola Técnica Federal de SC; Secretário de Viação e Obras Públicas; Deputado Estadual, 1971-1974[ii].
TN6.5.3.7.3 – Newton Gama Ramos (nasc. 26/07/1926, Lages – 30/11/1994, Florianópolis), c.c.
1ªs núpcias: Lea Castro.
2ªs núpcias: Asta Mari Peressoni Teixiera (nasc. 27/03/1946).
TN6.5.3.7.4 – Thereza Augusta Ramos (Rizzo) (nasc. 22/07/1928, Lages), c.c.
1ªs núpcias: Zeno Rizzo (12/02/1924 – 05/01/1985).
2ªs núpcias: Guilherme Fichter.
TN6.5.3.7.5 – Wilma Ramos (Fonseca) (nasc. 03/07/1930, Lages), c.c. Ângelo Francisco Fonseca, filho de Francisco Raposo da Fonseca e Emma Elisa Frida Baggenstoss Fonseca.
TN6.5.3.7.6 – Maria Helena Ramos (Gomes) (nasc. 13/08/1931, Lages), c.c. Cesar Bastos Gomes.

Figura 4 - Celso Ramos (Fonte: Site da Secretaria executiva da Casa Militar-SC).

Por fim, destacamos o oitavo filho de Vidal Ramos e Thereza: Mauro de Oliveira Ramos (nasc. 12/10/1899, Lages – 12/01/1981, Rio de Janeiro), c.c. Dulce Grant Ramos (31/07/1907, Gravataí-RS), filha de Mário Grant, conceituado comerciante lageano, e Emília Vieira Grant[ii].
            Mauro Ramos foi nomeado Prefeito de Florianópolis, governando de 19 de julho de 1937 a 03 de dezembro de 1940. Sua administração é recordada até a atualidade, sendo que fez diversas obras importantes, dentre as quais se destacam: o alargamento da Rua Felipe Schmidt e a construção da Avenida Mauro Ramos (que hoje leva seu nome), que liga a Baía Sul à Baía Norte[ii].
            Depois, transferiu residência para o Rio de Janeiro, onde foi: Membro da Comissão da Marinha Mercante (1946-1951); Representante do Brasil na qualidade de Delegado Plenipotenciário no Conselho Consultivo Marítimo Provisório em Paris (nomeado em 1947); Superintendente da Companhia Nacional de Navegação Costeira e de outras empresas do Patrimônio Nacional (1951-1954); Diretor de Matérias Primas e Transporte da Cia. Siderúrgica Nacional (1963-1965); dentre outros cargos.
Mauro Ramos e Dulce tiveram três filhos:
TN6.5.3.8.1 – Jonas Grant Ramos (nasc. 08/11/1925, Lages), c.c. Glacys Haynes Ramos. Jonas foi médico residente no Rio de Janeiro.
TN6.5.3.8.2 – Therezinha Grant Ramos (10/12/1926 – 31/03/1927).
TN6.5.3.8.3 – Hélcio Vidal Ramos (nasc. 05/12/1928), médico residente no Rio de Janeiro.


Figura 5 - Mauro Ramos. (Fonte: Celso Ramos Filho, 2002)


Nota: No livro de Celso Ramos Filho, “Coxilha Rica: Genealogia da Família Ramos”, encontram-se mais informações sobre a Família Ramos.


Referências




[i] DAY, Adalberto. Ponte Foz do Ribeirão Garcia. 2015. Disponível em: http://www.blumenews.com.br/n/cotidiano/0/525/ponte-foz-do-ribeirao-garcia.
[ii] RAMOS FILHO, Celso. Coxilha Rica: Genealogia da Família Ramos. Florianópolis: Insular, 2002.
[iii] PEREIRA, Moacir. Aderbal Ramos da Silva. Florianópolis: Insular, 2011.
[iv] WH3. Morre Ruth Hoepcke, a viúva de Aderbal Ramos. Disponível em: http://wh3.com.br/noticia/20355/morre-ruth-hoepcke-a-viuva-de-aderbal-ramos.html.
[v] Lista de Prefeitos de Florianópolis. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_prefeitos_de_Florian%C3%B3polis.
[vi] GENI. Murilo Pederneiras Ramos. Disponível em:  https://www.geni.com/people/Murilo-Pederneiras-Ramos/6000000012429995316.
[vii] UOL. Biografia de Nereu Ramos. Disponibilizado em: http://educacao.uol.com.br/biografias/nereu-ramos.jhtm.
[viii] SAUDADES do Brasil, a era J.K.: a fotografia, cinema, vídeo, arqueologia contemporânea [catálogo]. [Projeto: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil; criação e produção: Memória Brasil]. Rio de Janeiro: Memória Brasil: CPDOC, 1992. 111p.il.. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/6820.
[ix] DC, Diário Catarinense. Governadores de Santa Catarina 1739/1993, Florianópolis, Editora DC, 1993. p.85-87.
[x] PEREIRA, Moacir. Aos 91 anos, Celso Ramos Filho morre em Florianópolis. Diário Catarinense, 5 de outubro de 2016.

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