segunda-feira, 20 de maio de 2019

Rua Emílio Ribeiro, Bom Jardim da Serra (SC)


Texto de Mauricio Cardoso da Silva[i], com adaptações de
Ismênia Ribeiro Schneider e Cristiane Budde

            Na matéria de hoje, apresentamos mais uma rua do município de Bom Jardim da Serra (SC), denominada Emílio Ribeiro. A homenagem da rua se atribui ao personagem Emílio Benevenuto Ribeiro (nascimento 1870, falecimento 1943), cidadão ativo na política e na organização da vila de Bom Jardim (na época, distrito de São Joaquim da Costa da Serra), sendo um dos seus oito fundadores. Emílio também foi capitão da guarda nacional, título honorífico, mas de representatividade.

Emilio Benevenuto Ribeiro.

Emílio era filho de Manoel Bento Ribeiro (nasc. 1828, falec. 01/12/1895) e de Felicidade Maria Rodrigues. Era, ainda, sobrinho do Coronel João da Silva Ribeiro (Júnior), importante político na sua época, que deu o nome as praças do centro de São Joaquim e Lages.


Rua Emilio Ribeiro, Bom Jardim da Serra, SC.


Emílio morava na Fazenda Cachoeirinha, e casou-se com Maria Benta Ribeiro filha de Manoel José Pereira (nasc. 14 do julho do 1846, falec. 23 do junho do 1924) e de Cândida Maria da Silva (nasc. 3 do junho do 1856, falec. 27 do agosto do 1938).
O casal teve sete filhos:
F1 - Antônio Evândulo Ribeiro, “Nico”;
F2 - Maria Cândida Ribeiro Goulart;
F3 – Gasparino Ribeiro;
F4 - Manoel Benevenuto Ribeiro,” Manequinho”;
F5 - Moises Ribeiro Sobrinho;
F6 - Lorena Ribeiro, “Tia Lora”;
F7 - Felicidade Ribeiro, “Dadinha”.
                       
Nos primeiros anos após o surgimento da vila de Bom Jardim, os colonizadores dispunham de poucas opções de lazer na região. Foi então que Emilio e um grupo de desbravadores fundaram o Clube Recreativo Bonjardinense. A fundação se deu precisamente no dia 14 de abril de 1910, às 16h, na sede do edifício construído para a referida associação, como consta na ata de fundação do clube.

Ata de Fundação do Clube Bonjardinense.


A notícia da fundação do Clube Recreativo Bonjardinense teve bastante repercussão na época, sendo noticiada no jornal A REPÚBLICA, da cidade de Florianópolis.

 


            Emilio tinha terras na denominada Fazenda do Socorro e na Fazenda Pelotas, onde requereu a demarcação no início do século 20.
            Pode-se observar que no depoimento de Manoel Cecílio Ribeiro, acompanhado de seu advogado Nereu Ramos, no processo de divisão e demarcação da Fazenda do Socorro, em 1916, que se tentou através de reuniões resolver onde ficavam as divisas entre as referidas fazendas (Socorro e Pelotas), pois as delimitações que constavam nos documentos até então eram precárias e com informações vagas a respeito das divisas. Entretanto, não se chegou a nenhum acordo naquele momento.

Segue na íntegra o depoimento de Manoel Cecílio Ribeiro:

DEPOIMENTO DE MANOEL CECILIO RIBEIRO ACOMPANHADO POR  SEU ADVOGADO NEREU RAMOS NO PROCESSO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DA FAZENDA DO SOCORRO INSTAURADO EM 1916:


MANOEL CECILIO RIBEIRO interrogado pelo advogado dos réus JOÃO DE PAULA E SILVA respondeu as seguintes perguntas:
PERGUNTA: Se sabe o depoente se Zacarias Francisco Pereira e Manoel Polycarpo de Souza não residem há muito tempo fora da Comarca?
RESPOSTA: Residiam na Comarca e se se mudaram e quanto tempo ignora, porque os mesmos não lhe mandaram avisar. 

PERGUNTA: Se sabe se Zacarias Francisco Pereira arrendou ou não seu campo, casa e benfeitorias?
RESPOSTA: Ignora. 

PERGUNTA: Se sabe se a Fazenda Santa Bárbara está em comunhão?
RESPOSTA: Sabe perfeitamente que está, mesmo porque tem parte nela e que a mesma confronta com a Fazenda do Socorro por um rio. 

PERGUNTA: Se sabe se no rol dos confrontantes acham-se todos os condôminos da mesma Fazenda de Santa Bárbara? 
RESPOSTA: Nem todas se acham no dito rol, mas que julga isso desnecessário porque nenhuma dúvida existe quanto as divisas de uma e outra fazenda, sendo assim todos ali vivem de acordo.   

PERGUNTA: Se sabia explicar com seja o arroio da Porteira mencionado na escritura antiga? 
RESPOSTA: Que justamente por desconhecer com precisão o referido arroio é que propôs a demarcação da fazenda.

 PERGUNTA: Se sabia se as divisas descritas na petição inicial da presente ação de demarcação e divisão da Fazenda do Socorro compreenderiam todo o perímetro da mesma fazenda? 
RESPOSTA: Que sabe que as divisas compreendiam digo na petição inicial compreenderiam todo o perímetro da mesma fazenda.
 
PERGUNTA: Se sabia dizer com certeza qual seja o lugar onde há cento e quarenta anos existia uma Tapera do Padre José Carlos?
RESPOSTA: Que ele não existindo a cento e quarenta anos não podia ter conhecimento próprio onde é a referida Tapera mas o que sabe sobre ela é porque seus antecessores e outros pessoas ainda existentes lhes dirão aonde é a Tapera do Padre José Carlos.

PERGUNTA: Se sabia descrever com exatidão a divisa formada por restingas e faxinaes conforme comenta a escritura antiga? 
RESPOSTA: Não podia descrever com precisão porque nunca ela foi demarcação  razão pela qual requereu a ...............que ignora com precisão quais sejam estas divisas...........................digo que devem ficar compreendidas entre a Fazenda Pelotas e do Socorro

PERGUNTA: Se sabia dizer que parte da Fazenda do Socorro, ficava a referida divisa formada de restingas e faxinais si ao Norte, ao Sul a Leste ou a Oeste? 
RESPOSTA: Matematicamente não pode responder mas que o documentos podem dizer .

PERGUNTA: Se conhecia o rincão do Campo Redondo, Campo da Cria, Campo de Fora até o Boqueirão do Olho D’ Água, Rincão de Fora, Boqueirão, do Capão da Cinza, Rincão da Vigia, Rincão da Palha, Rincão do Potreiro, Faxinal da Costa da Serra, do Bicudo, Rincão que foi de Bairros e Damascena? 
RESPOSTA: Conhecia todos estes rincões como outros, ainda porque nasceu e foi criado, e seus antecessores sempre lhe disseram que estes rincões faziam parte da fazenda do Socorro, a exceção de Bairros e Damascena que seus antecessores nunca lhes disseram se estes dois rincões pertenciam ou não a Fazenda do Socorro.

PERGUNTA: Se sabia se o campo denominado Remanescente está compreendido nesses rincões? 
RESPOSTA: Ignora, porque seus antecessores nunca lhe falaram e tal Campo e nem conhece qualquer documento a que ele se refira. Disse mais que desconhece se existe ou não algum Campo chamado Remanescente, não podendo precisar se algum dos donos da Fazenda do Socorro ou não na posse do dito Campo.

PERGUNTA: Se sabe se João da Silva Ribeiro e sua mulher quando morreram eram os donos únicos da Fazenda do Socorro?
RESPOSTA: Não sabe, que só o exame dos documentos pode esclarecer e que conhece da fazenda do Socorro apenas os documentos que dizem respeito a ele depoente, até pelos documentos que possui não pode dizer se João da Silva Ribeiro e sua mulher eram ou não os únicos donos da referida fazenda.

PERGUNTA: Se sabe qual o herdeiro de Matheus José de Souza ainda tinha parte na fazenda quando do falecimento de João da Silva Ribeiro e se não mais existia herdeiros do mesma referido Matheus José de Souza?    
RESPOSTA: Não sabe, os documentos podem dizer.

PERGUNTA: Se antes de começar a demarcação da Pelotas requerida por Emilio Benevenuto Ribeiro, os interessados desta e da Fazenda do Socorro fizeram uma reunião em Bom Jardim e no memorial de demarcação o depoente seu genro Adolfo Martins, o Coronel Cezario Joaquim do Amarante e outros fizeram um acordo sobre as linhas de demarcação?
RESPOSTA: Houve de fato a referida reunião mas que nenhum acordo se realizou, havendo entretanto entre ele depoente e Emilio Benevenuto Ribeiro conhecido à aquela reunião aonde nenhum acordo se realizou.

PERGUNTA: A quanto tempo Manoel Ribeiro se estabeleceu com a propriedade na gleba denominada de Cachoreinha?
RESPOSTA: Ignora a data em Manoel Ribeiro se estabeleceu com a propriedade na gleba denominada de Cachoreinha, e nada mais disse e nem lhe foi perguntado.

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          Emilio passou boa parte da vida na Fazenda Cachoeirinha onde, posteriormente, com a perda de sua esposa, permaneceu com uma de suas filhas, Lorena Ribeiro “tia Lora”, onde ficou até o fim da sua vida, no ano de 1943.





[i] Mauricio Cardoso da Silva é bisneto de Emílio Benevenuto Ribeiro.

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