terça-feira, 13 de julho de 2021

RUA DO CONHECIMENTO - PARTE III

 Texto escrito por Carlos Solera

                                                                                 e

                                                                    Eleni Cássia Vieira

 

 

URUPEMA TEMPO E MEMÓRIA

Projeto cultural idealizado e desenvolvido por Eleni Cássia Vieira e Carlos Solera. Conta com parceria técnica do Blog Genealogia Serrana de Santa Catarina, com as renomadas pesquisadoras, escritoras, professoras Ismênia Ribeiro Schneider, Cristiane Budde, Daniela Ribeiro Schneider e a importantíssima colaboração da comunidade de Urupema. Visa resgatar a história de vida de pessoas que nomeiam as ruas da cidade e, de alguma forma, contribuíram para o enriquecimento da cultura local.

 

Neste mês de junho de 2021, estamos abordando uma nomenclatura mais abrangente e com várias vertentes de referências: Rua do Conhecimento.

 

Duas matérias anteriores já estão disponíveis nos links:

http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2021/06/rua-do-conhecimento.html

http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2021/06/rua-do-conhecimento-parte-ii.html


A terceira edição irá abranger parte da história do Instituto Federal de Santa Catarina e a implantação da unidade IFSC Câmpus Urupema, os benefícios gerados, e ainda a gerar, com sua presença na Serra Catarinense. 

Diante de inúmeras manifestações de apreço e carinho que recebemos de nossos leitores sobre a unidade educacional de Urupema, iremos postar, ainda, uma quarta matéria, com muitas dessas mensagens. 

 

LINHA DO TEMPO

Um pouco da história do IFSC e do IFSC Câmpus Urupema

 *Contribuição de Lílian Back

 

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina - IFSC é uma das poucas instituições de ensino centenárias de nosso Estado. Foi criada, inicialmente, com o nome de Escola de Aprendizes Artífices, no ano de 1909. Sua primeira sede, localizada no centro de Florianópolis, oferecia o ensino primário, articulado à formação em desenho, tipografia, encadernação, além de cursos de carpintaria da ribeira, ferraria e serralheria.

 

Rua Victor Konder – centro de Florianópolis/SC – 1910.


Os objetivos da instituição eram promover formação profissional a jovens trabalhadores e atender às demandas da sociedade e do setor produtivo da Florianópolis do início do século XX, que necessitava de soluções em comunicação por meio impresso e em transporte.

Ao longo dos anos, acompanhando as transformações sociais e educacionais de seu tempo, a escola foi se renovando e ampliando. Mudou de nome diversas vezes, como, Liceu Industrial de Florianópolis, Escola Industrial de Florianópolis e Escola Industrial de Santa Catarina (hoje Instituto Federal de Santa Catarina).

Incrementou sua oferta de ensino para outros níveis e modalidades (como antigo ginasial, o ensino médio e o superior, a educação de jovens e adultos e a educação à distância), diversificou as áreas formativas, ampliou sua atuação para além do ensino, com articulação à pesquisa e à extensão.

Duas das transformações que mais impactaram na democratização do acesso ao ensino público e à formação profissional em seus diversos níveis no Estado de Santa Catarina, aconteceram também no IFSC e através do IFSC. Foram elas: a abertura de matrículas para estudantes meninas e mulheres, nos anos 1950; a interiorização da rede federal de ensino e de sua oferta educativa, iniciadas no final dos anos 1980 e intensificadas ao longo dos anos 2010.

 


A implantação do IFSC Câmpus Urupema fez parte desse processo de expansão e de interiorização, mas de uma forma peculiar.

O município de Urupema não havia sido contemplado inicialmente no Plano de Expansão II da Rede Federal de Educação Tecnológica. Entretanto, a maior inserção do IFSC na Serra Catarinense, com sua proposta de educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, foi vista como necessária pela comunidade urupemense e pela instituição.

A população de Urupema convidou o IFSC a entrar na cidade e acolheu o câmpus de maneira bastante ativa: organizou-se para defender a sua instalação, dar condições a sua construção e viabilizar o desenvolvimento de suas atividades. O IFSC, por sua vez, procurou também estar presente na vida da comunidade e contribuir para seu desenvolvimento, na medida de suas possibilidades.

Nossa oferta educativa é pautada pela promoção do desenvolvimento social, econômico e cultural da cidade e de seu entorno. Por esse motivo, a oferta de cursos e as atividades de pesquisa e de extensão são voltadas, ao mesmo tempo, à formação técnica profissional, possibilitando a aprimoração de conhecimentos, de processos e a efetiva aplicação dos saberes; também, à formação cidadã que promova a participação de cada um no desenvolvimento da cidade e de suas relações. 

Na intenção de promover esse desenvolvimento regional, formação profissional e cidadã, o IFSC Câmpus Urupema vem investindo e se especializando no ensino nas áreas Agricultura, Administração, Alimentos, Viticultura e Enologia e Hospitalidade e Lazer.

Grande parte dos estudantes são de Urupema ou oriundos de cidades vizinhas. Mas também vieram para cá estudar pessoas de diversas regiões de Santa Catarina e do país. O perfil de renda desses estudantes mostra que a comunidade estava certa e que estamos conseguindo atender à sua expectativa de garantir formação de qualidade nos diversos níveis da educação às pessoas que não poderiam acessá-la, senão pela educação pública: cerca de sessenta por cento de nossos estudantes declarou e comprovou renda familiar per capita igual ou inferior a um e meio salário mínimo.

O Câmpus do IFSC em Urupema cresceu com a cidade e ganhou o jeito dela. E a cidade ganhou também um pouco a cara do IFSC ao longo dessa sua primeira década de existência. 

* Lilian Back – Servidora Técnica em Assuntos Educacionais e Assessora da Direção Geral do IFSC Câmpus Urupema. Informações fornecidas pelo Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus e retiradas do Plano de Desenvolvimento Institucional do IFSC (vigente) e do Anuário Estatístico do IFSC (2019).  



 

2011 a 2021 – IFSC Câmpus Urupema

Dez Anos de Conhecimento, Educação e Conquistas

  

A primeira aula do IFSC Câmpus Urupema aconteceu no dia 28 de junho de 2011. Dez anos se passaram, e hoje, temos no câmpus dezenas de cursos de qualificação profissional de curta-duração, cursos de ensino fundamental e médio para jovens e adultos integrados à formação profissional, cursos técnicos em Administração e Agricultura, cursos de nível superior de tecnologia em Alimentos e em Viticultura e Enologia, além de diversas especializações e pós-graduações. Temos também um Núcleo de Educação à Distância e um curso de mestrado profissional em Viticultura e Enologia aprovado, em processo de implantação.

A área total do terreno do Câmpus Urupema é de aproximadamente 15 mil m2. A área construída é de 7.800 m2. São 10 laboratórios; 05 salas de aula; 01 sala multiuso com capacidade para 80 a 100 pessoas; 02 estufas.

As atividades ocorrem nos três períodos – matutino, vespertino e noturno.  

 

Servidores Técnicos Administrativos

Ao todo são 20 técnicos administrativos de nível médio ao nível superior, entre eles: 

- Auxiliares Administrativos

- Assistentes de Alunos

- Administrador

- Bibliotecária

- Pedagoga

- Psicóloga

- Técnicos em Assuntos Educacionais

- Técnico de Informática

- Técnicos de Laboratórios

 

Servidores Docentes

Ao todo são 22 professores formados em nível de mestrado a pós-doutorado, nas áreas de:

- Administração

- Agronomia

- Alimentos

- Biologia

- Enologia

- Gastronomia

- Informática

- Inglês

- Matemática

- Microbiologia

- Português

- Química

- Turismo

 

Colaboradores Terceirizados

04 trabalhadores da limpeza

04 trabalhadores da vigilância

01 trabalhador manutenção predial

01 motorista 

 

A unidade Campus Urupema tem hoje 567 alunos matriculados.

 

Cursos em andamento:

- Cursos de Formação Inicial e Continuada em diversas áreas do conhecimento;

- Proeja Fundamental em Auxiliar de Cozinha;

- Proeja Fundamental em Auxiliar Administrativo (2021/22);

- Proeja Auxiliar Administrativo (no município de Painel);

- Proeja Médio Condutor Ambiental;

- Técnico em Agricultura;

- Técnico em Administração;

- Tecnologia em Alimentos;

- Tecnologia em Viticultura e Enologia;

- Engenharia de Alimentos;

- Pós-graduação - Especialização em Tecnologias de Bebidas alcoólicas;

- Pós-graduação - Especialização em Fruticultura de Clima Temperado.

  

Para o ano 2022:

- Técnico em Alimentos;

- Pós-graduação - Mestrado Profissional em Viticultura e Enologia (parceria com IFRS – Bento Gonçalves); o edital deverá sair no 2º semestre de 2021.


Somando forças

 

“Agora em 14 de maio de 2021, o IFSC Câmpus Urupema promoveu a aula inaugural do curso superior de Engenharia de Alimentos que tem cinco anos de duração.

curso foi aprovado para oferta no início deste ano e estava disponível para seleção no Sisu, ofertando 20 vagas. A aula foi ministrada por Raquel Silveira Porto Oliveira, Engenheira de Alimentos que trabalha no Canadá.

"Convidamos um profissional de sucesso na área de Engenharia de Alimentos, que tem experiência tanto no Brasil como no exterior, para mostrar aos alunos como é a vida do profissional", comenta a professora Leilane de Conto, coordenadora do curso superior de Engenharia de Alimentos.

"É com grande alegria que iniciamos mais um curso do IFSC na Serra Catarinense. Mesmo com os desafios do trabalho remoto, nossa instituição não pára, e é com grande satisfação e sentimento de receptividade, que o curso é iniciado. Quero desejar sucesso e um excelente aproveitamento aos estudantes ingressantes, nossa atuação institucional vai muito além da sala de aula, sejam e vivam o IFSC por meio da educação e da interação", desejou a diretora-geral do Câmpus Urupema, EvelizeZerger. 

O curso de Engenharia de Alimentos é uma oferta conjunta entre os câmpus Lages e Urupema. Engenharia de Alimentos e Engenharia Química, ofertado em Lages, têm um núcleo comum, logo no início, onde os estudantes terão aula no mesmo ambiente, em Lages. Com o avanço dos cursos, as disciplinas específicas da graduação em Engenharia de Alimentos serão ministradas nos laboratórios e instalações do Câmpus Urupema, com o IFSC oferecendo o transporte aos alunos. Já os estudantes de Engenharia Química farão toda a formação em Lages, onde os laboratórios específicos estão concentrados. O corpo docente será composto por professores de ambos os câmpus, permitindo maior interação entre eles nas práticas de ensino e desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão.

 


Fases de implantação física do IFSC Câmpus Urupema

 

Com fotos de acervos dos professores Marcos Stroschein, Patrícia Scheuer-IFSC, de Francieli Medeiros Andrade e outras fontes, apresentamos alguns aspectos da terraplanagem inicial do terreno, abertura e pavimentação da atual Rua do Conhecimento, edificação dos dois primeiros blocos e a chegada de equipamentos de laboratórios do Câmpus Urupema. 

 

                                                     


                                                          

                                      



 

Uma caminhada de esperanças e sucesso

 

Mais de 15 anos. O trabalho desenvolvido pelas sucessivas gestões administrativas municipais de Urupema e a valiosa instituição educacional catarinense, hoje nominada, Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC se concretiza e chega ao patamar de excelência educacional, através da unidade Câmpus Urupema.

Muitos sonhos, dificuldades superadas, conquistas saborosas e uma fantástica realidade, disponível a todos, aconteceram nesta caminhada. Aqui parte dessa história de vencedores.

 

No dia 28 de junho de 2011, foi proferida pelo professor Caio Martini Monti, então diretor de Expansão do Instituto Federal de Santa Catarina, a aula inaugural do IFSC Câmpus Urupema.

A seguir, vamos acompanhar o depoimento do professor Caio e dos quatro professores que assumiram a direção geral do IFSC Urupema, desde a implantação até o presente momento.

 




 

PROFESSOR CAIO ALEXANDRE MARTINI MONTI

 

“Sou Caio Alexandre Martini Monti, professor do IFSC desde 2007 quando ainda era CEFET/SC. E foi com esta sigla que esta instituição centenária começou a se aventurar e sair da zona de conforto de ter somente suas três unidades entre o norte e o litoral.

Minha história com Urupema teve início em 09 de março de 2009, quando fui conhecer a cidade e o terreno doado para implantação da unidade do já denominado Instituto Federal de Santa Catarina, naquela cidade. Recém empossado, aquela era a minha primeira viagem como Diretor de Expansão do IFSC. A impressão inicial foi muito boa e a receptividade dos munícipes, muito acolhedora.

Eu tinha a incumbência de implantar vários câmpus em nosso estado, algo que me parecia fácil. A tarefa, porém, vinha recheada de boas histórias, e outras, nem tão boas assim.

No caso de Urupema, o caminho de acesso mais curto era por Rio Rufino, mas esta rodovia, à época, não era ainda pavimentada. Ou por Painel, via Lages, itinerário asfaltado, porém, bem mais longo. O que existiam eram muitas pedras no caminho, estradas ruins, longas ou congeladas, chuvas, frio e neve, mas era uma missão das mais nobres.

Passados os entraves iniciais e juntamente com a parceria da Prefeitura Municipal de Urupema e comunidade local, começamos a terraplanagem do terreno. Equipes de engenharia levantaram os pontos de implantação do edifício e eu sempre aspirando em como fazer de mais este feito, um sucesso. Foi tudo muito rápido e quando eu vi, já estava tomando assento no escritório de compras da PMU (escritório do Paulinho), que foi o meu QG inicial.

O Câmpus Urupema, quando de sua criação, teve sua primeira denominação como Núcleo Avançado de Urupema e era para ser atrelado ao Câmpus Lages. Nesta época, eu dividia a função de Diretor de Expansão e Diretor interino do Núcleo Avançado, o que me fazia permanecer três dias em Florianópolis e dois em Urupema.

Durante esse período, participava de diversos eventos e reuniões na cidade e região. A maneira serrana de ser do povo de Urupema e região me deixava cada dia mais convicto de que o projeto e a obra do câmpus eram muito importantes, mas sentia que as pessoas é que fariam toda a diferença. E diante desta vontade de tornar este espaço de ensino uma referência na capacitação das pessoas neste arranjo produtivo local e regional, não medi esforços para atender todas as demandas.

Com a obra do primeiro bloco finalizada, era chegado o momento de termos o primeiro gestor. A partir deste momento, comecei a entender o tamanho do desafio. Muito mais vultoso que construir blocos de uma escola, era o de captar alunos, ganhar a confiança da comunidade local e regional, definir os cursos conforme seu arranjo produtivo local (APL), receber as primeiras vagas de servidores e direção da unidade educacional. Como diretora geral, convidei a Professora Doutora Patrícia Matos Scheuer, minha colega de Câmpus Continente, em Florianópolis, pessoa de extrema capacidade de melhorar a cada dia.

Enfim, o tempo é implacável e quando nos demos conta, o Câmpus Urupema iria iniciar suas atividades no Bloco 01. Tomado por muita emoção, fui surpreendido com o convite para fazer a aula magna, uma homenagem importante na minha trajetória a qual agradeço imensamente até hoje.

Naquele momento, às 19:00 horas do dia 28 de junho de 2011, ao proferir esta aula magna, me senti muito realizado, mas ao mesmo tempo, preocupado, pois muitas dúvidas nos ocorriam no momento, muitas perguntas sem respostas. Mas visualizava no olhar de cada aluno, olhares curiosos, contemplativos, de esperanças, e afirmei: “estamos aqui para trazer novos tempos, novas possibilidades, novas oportunidades, e que no alto daquela parte elevada da cidade, existia uma chance. Quem não vislumbraria um dia querer receber um certificado, um diploma ou experimentar as sensações que o conhecimento pode trazer com as habilidades que cada um traz?”.

E eu estava fazendo parte desta história. Após ter estado no terreno ainda virgem, ver o desenvolver da implantação da obra e depois ter a honra de fazer a aula magna, ser o primeiro professor a se pronunciar a frente da primeira turma, foi um momento ímpar, foi a linha de largada para um caminho sem volta.

Sempre tive como desígnio que o conhecimento é a mola propulsora de novos fatos. Naquele momento, citei uma frase de autor desconhecido que diz: “Quem quer, acha um jeito, quem não quer, acha mil desculpas”.

E com ela vislumbrei aos alunos que tudo dependia somente de cada um deles, que tudo passa, que todos passam, mas o conhecimento adquirido é o seu tesouro mais precioso. Que a atitude dos três gestores do IFSC (2009-2011), Professores Consuelo S. Santos, Josué G. da Silva e Maria Clara K. Schneider, que apostaram na implantação do Câmpus Urupema, foi acertada, mas encontrar os munícipes locais com a vontade de que tudo desse certo, foi sem dúvida nenhuma o que fez que hoje estejamos aqui neste espaço, ensinando, pesquisando, formando e transformando. E comemorando os 10 anos de implantação oficial do IFSC Câmpus Urupema. Muito obrigado!”

 

* Caio Alexandre Martini Monti - Mestrando no PROFEPT da Rede Federal. Especialista em Administração, Gestão Pública e Políticas Sociais pela Faculdade Dom Bosco de Ubiratã/PR (2014). Graduado em Tecnólogo de Hotelaria pelo Centro Superior de Estudos Turísticos e Hoteleiros de Florianópolis/ SC (2002). Professor efetivo no IFSC na área de Produção de Alimentos do Câmpus Florianópolis Continente (2007).  Consultor em Gastronomia e Estruturas Físicas de Cozinhas da Restauração, Desenvolvimento de Equipamentos, e Projetos de Cozinhas Pedagógicas, Comerciais e Industriais. Foi Diretor de Expansão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (02/2009 até 01/2016), atuando diretamente na construção institucional e da infraestrutura do IFSC na implantação de quatorze Câmpus em municípios catarinenses. Diretor Geral do Campus Florianópolis Continente (02/2016 até 04/2020).

 

 

PROFESSORA PATRÍCIA MATOS SCHEUER 

“Eu sou Patrícia Matos Scheurer. Em 2010, a localidade de Urupema não era tão conhecida como é hoje, afinal, o termômetro que a deixa famosa como cidade mais fria do Brasil, chegou um tempo depois.

Justamente naquele momento, foi me feito um convite, pela então Reitora Consuelo Aparecida Sielski Santos, para dirigir o mais novo Câmpus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), a unidade de Urupema.

Fui à cidade, num final de semana, para conhecer e, na praça central, no relógio estava destacada a seguinte frase: “Em Urupema, o calor é humano”, de fato!!!!

Uma semana depois, em 08 de setembro de 2010, tomei posse oficialmente como Diretora do Câmpus Avançado Urupema, uma ação que fez parte do Plano de Expansão II do IFSC: levar a Educação Profissional e Tecnológica à Serra Catarinense, um dos IDH’s (Indice de Desenvolvimento Humano) mais baixos do Estado de Santa Catarina. 

Esse foi um marco de aprendizado valiosíssimo em minha vida profissional e pessoal, em que os espíritos desbravadores e comunicativos, tomaram conta de mim!

Fui capacitada pela Reitoria do IFSC e aprendi sobre muitos processos institucionais, já que o objetivo era iniciar a roda a girar.

Naquele momento, o primeiro bloco do Câmpus estava tendo as paredes internas rebocadas, e a luz elétrica era “puxada” do galpão vizinho aonde as máquinas da Prefeitura Municipal de Urupema eram guardadas. Fim de 2010, o bloco I foi entregue!

Aliás, o apoio da Prefeitura, representada pelo então Prefeito Amarildo Luiz Gaio, em conjunto com todas as secretarias municipais, foi incondicional para que as atividades do IFSC fossem desempenhadas.

Após uma semana, eu já morava numa casa alugada no centro de Urupema, e trabalhava diariamente utilizando as instalações administrativas da Prefeitura.

Meu trabalho tinha duas frentes: conhecer o município de Urupema para afinar a oferta dos cursos aos anseios das pessoas, potenciais alunos, e, ser capacitada com relação aos processos administrativos institucionais.

A oferta de cursos FIC (Formação Inicial e Continuada) já estava pré-esboçada quando cheguei e seria efetivada imediatamente após a presença dos servidores empossados, usando a infraestrutura municipal, num primeiro momento.

Mas, com relação ao alinhamento da oferta dos cursos Técnicos do IFSC aos anseios da comunidade, utilizando a estrutura inicial do Câmpus, uma ação significativa foi feita: a aproximação dos municípios de Urupema, com Painel e Rio Rufino, via Secretarias de Educação, a partir da aplicação de questionários de demanda. Esses questionários delinearam as escolhas de cursos técnicos, gerando a necessidade de ações coletivas por parte dos servidores, a partir de um plano de ação.

         Além de afinar a oferta dos cursos ao encontro da população da Serra Catarinense, também foquei nos processos internos. Fui capacitada nas áreas: Pedagógica, Gestão de Pessoas, Materiais e Finanças, com intuito de estar apta a repassar as informações aos novos servidores (Técnicos Administrativos – TAEs e Docentes), que em breve chegariam.

         No fim de outubro de 2010, os primeiros servidores chegaram à Urupema e tomaram posse: docentes das áreas de Informática, Biologia, Bioquímica/Microbiologia, Química, Processamento e Ciência e Tecnologia de Alimentos, Administração, Línguas, e, TAES como, Assistente em Administração e Técnico em Assuntos Educacionais.

 

Primeiros servidores IFSC Campus Urupema – foto Patrícia Matos Scheuer.


         A chegada dos servidores trouxe uma dinâmica vital e entusiasmada ao trabalho: compartilhamento e capacitação inicial nas várias frentes de trabalho. Trabalhávamos diariamente em mesas coletivas na biblioteca pública e foi um momento ímpar. Ao mesmo tempo em que fui porta voz das diretrizes institucionais, estávamos com capacidade humana reforçada para interagir com diversos grupos na comunidade.

 

E, após os primeiros cursos oficialmente autorizados, delineamos um plano de ação para levar o IFSC e as possibilidades de matrícula às muitas localidades do município, como: Bossoroca, Quebra Dente, Marmeleiro, Cedro, Cedrinho, Espraiado, Centro. E iniciamos interação com as mais diversas esferas e segmentos da comunidade, como, Clubes de Mães, EPAGRI, APAE, missas, reuniões comunitárias via Posto de Saúde, eventos culturais, secretarias municipais (Social, Obras, Educação, etc.), e estabelecimentos privados. Nessa ação coletiva, cada servidor interagiu num raio geográfico e, com um computador “embaixo do braço”, cada um bateu de porta em porta, literalmente.

         No início de 2011, ainda de forma básica, decidimos coletivamente, fixar base no primeiro bloco do Câmpus. Trabalhávamos nos turnos, vespertino e noturno, e, usávamos a sala de computadores da Escola Estadual para ministrar curso de Informática Básica. E o salão paroquial da Igreja Matriz, para ministrar curso de Processamento de Alimentos.

         Foram momentos coletivos históricos. E também no âmbito pessoal e com dados peculiares: eu tinha uma galocha sempre dentro do carro, para os dias que chovia poupar os sapatos. Em 2011, vivemos um frio de -8°C. Oito graus negativos, imaginem só. Experiência única em que aqueci água mineral para tomar banho já que a água congelava nos canos e no pára-brisa dos carros.

         Aos poucos, fomos ganhando raízes como instituição de educação, no município de Urupema e, tivemos um fantástico resultado: no primeiro ano, fizemos 150 matrículas de alunos em cursos.

         Acredito na educação! E, por isso tenho certeza de que a presença e atuação do IFSC em Urupema, fez e faz diferença, pois aumenta o nível de escolaridade; pratica a formação profissional; forma cidadãos para o exercício da profissão; agrega valor econômico, social, cultural e tecnológico aos produtos/alimentos regionais, disponibilizando conhecimentos e oportunidades articuladas através do ensino, pesquisa, extensão. Sou imensamente agradecida por essa experiência e por ser servidora no IFSC!”     

 * Patrícia Matos Scheuer – Graduada em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000); graduação em Administração pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1998); mestrado (2009) e doutorado (2015) em Ciências dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina. Participa do grupo de pesquisa NEG - Núcleo de Estudos em Gastronomia, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC). É professora efetiva do IFSC na área de Panificação e Confeitaria. Tem experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Primeira Diretora Geral do Câmpus Urupema (02/09/2010 a 31/08/2011).

  

PROFESSOR JORGE LUIZ PEREIRA

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a oportunidade de contribuir para o enriquecimento da história de Urupema. Meu nome é Jorge Luiz Pereira e sou professor no Instituto Federal de Santa Catarina há 27 anos.

Fiz parte da primeira turma de formandos do Curso Técnico em Refrigeração e Ar Condicionado em 1991 na unidade de São José/SC. Minha graduação foi na área de Eletromecânica, no curso de Tecnólogo em Processos Industriais. Fiz uma especialização em Gestão Pública na própria instituição e em seguida, meu mestrado no curso de Mecatrônica, também na própria instituição. No IFSC, então à época chamado, Escola Técnica Federal de Santa Catarina (depois CEFET-SC), iniciei como contínuo, através de concurso público realizado em 1990. Após minha formatura e estágio do curso técnico, fui professor substituto por um ano no IFSC-SJ e em seguida, ano 1994, prestei concurso para professor efetivo.

Nestes 27 anos de IFSC, assumi alguns cargos administrativos, como chefe de laboratórios, coordenador de curso e diretor da unidade de São José.

Minha relação com Urupema teve início através de uma solicitação do então Reitor Jesué Graciliano da Silva, que me convidou para assumir a direção do Câmpus de Urupema, que naquela época estava em implantação.

Aceitando o convite, cheguei à Urupema no dia 07 de setembro de 2011. Fui muito bem recebido, pois o povo urupemense é muito hospitaleiro.

Entre os desafios encontrados, destaco a instalação do laboratório de Informática, o projeto e instalação do sistema de calefação e o projeto, busca e garantia dos recursos para a expansão da unidade.

Na instalação do laboratório de Informática, o grande desafio era conseguir disponibilidade de energia elétrica capaz de suportar o consumo dos computadores. Na época, estávamos ainda com a ligação provisória da obra inicial. Neste desafio, contei com total apoio do então prefeito Amarildo Luiz Gaio, que foi comigo a Celesc em Lages e no Centro Administrativo do estado em São Joaquim. Nossos esforços foram compensados, pois um mês depois tiveram início as obras de implantação de nova rede elétrica, que daria condições de aumentar a carga disponível para o IFSC.

Para instalação do sistema de calefação, atuamos na garantia dos recursos e no processo de instalação, quando pudemos dar uma melhor condição para toda a comunidade escolar. A calefação fazia dali o lugar “mais quentinho” de Urupema.

         Para expansão da unidade, trabalhamos na produção dos projetos das novas salas de aula e dos laboratórios, como também na garantia dos recursos orçamentários para a execução da obra.

Um tema que não posso deixar de relatar é o projeto para a pavimentação da então rua de acesso ao Câmpus, hoje, Rua do Conhecimento. Este projeto foi feito em parceria com a prefeitura de Urupema e tive a oportunidade de ir com o prefeito Amarildo Luiz Gaio a Brasília, onde em uma audiência com a então senadora Ideli Salvati, a quem entregamos os projetos, esperando conseguir os recursos necessários.

Neste tempo em que fui diretor do Câmpus Urupema, pude fazer muitos amigos e hoje ainda tenho saudades das conversas, do chimarrão e do fogão a lenha. Espero ter contribuído de alguma forma para a consolidação do Câmpus do IFSC na cidade de Urupema. 

* Jorge Luiz Pereira - Tecnólogo em Processos Industriais, Especialista em Gestão Pública, Mestre em Mecatrônica, Professor efetivo do IFSC (com nomes anteriores) desde 1994. Diretor Geral do IFSC Câmpus Urupema (09/2011 a 02/2014). 

  

PROFESSOR MARCOS ROBERTO DOBLER STROSCHEIN

O projeto Urupema Tempo e Memória entrevistou o Prof. Dr. Marcos Roberto Dobler Stroschein, que foi diretor geral do Câmpus Urupema de 2014 a 2019.

P - Quando os primeiros servidores do Câmpus Urupema iniciaram as suas atividades?

R: Os primeiros servidores do Câmpus Urupema iniciaram as suas atividades ao final do mês de outubro de 2010, trabalhando no antigo local da biblioteca municipal (atual CRAS do município de Urupema).  Os primeiros meses foram muito importantes para a estruturação inicial do Câmpus, pois a maioria dos novos servidores eram oriundos de outras regiões de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Assim, iniciamos as primeiras atividades buscando conhecer a região e o município de Urupema. Foram realizados estudos socioeconômicos das principais cadeias produtivas da região e realizou-se um levantamento de demanda de cursos. Com base nestas informações, foram traçadas as primeiras ofertas de qualificação do Câmpus Urupema.

 

P- Quais foram as áreas identificadas durante este levantamento inicial?

R: Com base nesta análise regional foram identificados os setores de agricultura, tecnologia de alimentos, serviços de alimentos e bebidas, gestão e turismo. Desta forma, em julho de 2011, foram realizadas as primeiras ofertas de cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC). Destaca-se também que durante este período, iniciou a política de assistência estudantil no Câmpus Urupema. No início de 2012, foi ofertado o curso Técnico em Fruticultura. Ao final de 2012, o Câmpus Urupema já contava com uma oferta de 16 cursos FIC e iniciado o primeiro curso Técnico em Fruticultura. Durante o ano de 2012, foram realizadas 289 matrículas.

 

P- Neste período foram encontradas dificuldades no processo de implantação do Câmpus?

R: Sim, todo processo de implantação de um Câmpus de um Instituto Federal traz diferentes desafios. Durante os primeiros anos, o Câmpus Urupema possuía apenas um prédio no qual havia quatro salas de aula, uma biblioteca, um laboratório de informática e três salas administrativas. Essa situação limitava a nossa oferta de cursos em diferentes modalidades. Assim, durante o ano de 2012 e 2013, as aulas práticas eram realizadas em um espaço alugado em frente ao câmpus, o qual foi adequado para realização das atividades práticas. Neste espaço, foram conduzidos cursos de qualificação na área de Alimentos e um Técnico em Agroindústria. Outro problema estrutural era o acesso ao câmpus que era uma estrada de chão e não havia calçadas. Este problema dificultava a chegada dos alunos, principalmente em dias de chuva. Para solucionar estes dois problemas, durante o ano de 2012 e 2013, foram iniciados os projetos de construção do segundo bloco do Câmpus Urupema, o qual foi inaugurado em julho de 2015. E também conseguida uma emenda parlamentar com a deputada Carmen Zanotto, que possibilitou a melhoria do acesso do Câmpus Urupema com a construção de uma parte da rua em asfalto e calçadas.

 

P- Com a ampliação da estrutura do Câmpus Urupema foi possível ampliar a oferta de cursos?

R: Sim, com a ampliação da estrutura física do Câmpus Urupema e a existência de laboratórios especializados, possibilitou que fizéssemos uma reestruturação na oferta de cursos. Durante o ano de 2014, iniciamos o Planejamento de Ofertas de Cursos e Vagas (POCV) do Câmpus Urupema. Neste planejamento, definimos os itinerários formativos do câmpus e a contratação dos novos docentes. Assim, a estrutura de cursos do Câmpus Urupema foi organizada com cursos em três eixos, Recursos Naturais, Produção Alimentícia e Gestão e Turismo. Para o eixo de Recursos Naturais, foram planejados cursos de qualificação em diferentes áreas da agricultura, um curso Técnico Agrícola, um Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, uma especialização em Fruticultura. No eixo de Produção Alimentícia, foram organizados cursos de qualificação profissional voltados ao setor de alimentos, um curso Técnico em Alimentos, um curso superior em Engenharia dos Alimentos e uma especialização em Produção de Bebidas Alcoólicas. Na área de Gestão e Turismo, foram também cursos de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), em nível fundamental e médio, em parceria com a Prefeitura de Urupema, planejados cursos de qualificação na área de Turismo e Hospitalidade, bem como em Gestão e Negócios, um curso Técnico em Administração e uma especialização em Gestão e Turismo.

 

P: Como foi o processo de implantação destes cursos? Foram encontradas dificuldades?

R: Uma das principais dificuldades que o Câmpus Urupema enfrenta e que deve ser sempre considerada no planejamento da oferta de cursos é a característica que a região da Serra Catarinense tem de baixa densidade demográfica. Se compararmos os dados do IBGE, a região serrana possui 18 habitantes/Km2, valor muito abaixo do encontrado em Santa Catarina, que possui aproximadamente 70 habitantes/Km2. Isso implica que, com exceção do município de Lages, os municípios da região são pouco povoados e relativamente distantes entre si, resultando em uma maior dificuldade de deslocamento dos nossos alunos. Assim, o planejamento da oferta de cursos do Câmpus Urupema foi pensado a fim de minimizar esta situação. Inicialmente, planejamos a oferta de cursos de qualificação que possam ser realizados em diferentes municípios, como Painel, Rio Rufino e São Joaquim. Destaco aqui a parceria que foi realizada com as prefeituras destes municípios e a Epagri, que permitem até hoje a realização destes cursos. Organizamos a oferta de um curso de Engenharia de Alimentos em parceria com o IFSC Câmpus Lages, o qual é inovador dentro da nossa instituição. Além disso, estamos estruturando a oferta de cursos de especialização em EAD e na modalidade hibrida.

 * Marcos Roberto Dobler Stroschein, docente do IFSC Câmpus Urupema. Diretor Geral do IFSC Câmpus Urupema (2014 a 2019). 

 

PROFESSORA EVELISE ZERGER

“O Câmpus Urupema segue na sua missão de garantir a educação pública, gratuita e de qualidade.

Nos 10 anos de aniversário do Câmpus, vivemos uma fase de consolidação, renovação e implantação de ofertas educativas. A exemplo, a oferta do Engenharia de Alimentos, do Mestrado em Viticultura e Enologia (parceria IFRS), do curso Técnico em Alimentos, de uma nova proposta em parceria com o estado em oferta de PROEJA e do aprimoramento de ofertas EaD em cursos de Qualificação Inicial e Continuada. Esta última, por exemplo, legado importante de aprendizados do período de aulas remotas, diante da pandemia.

Somos motivados pela escuta das demandas da nossa comunidade, a seguir com o trabalho em prol ao desenvolvimento da Serra Catarinense, a partir da ciência e da tecnologia, aplicadas pelo ensino, pesquisa e extensão.”

 * Evelize Zerger - Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul(2016); Especialista em Docência em Gastronomia pelo Centro Universitário de Maringá (2011); Tecnóloga em Gastronomia pelo Centro Universitário de Maringá (2010). Professora efetiva do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, lotada no Cãmpus Urupema desde 2011.  Diretora Geral 2020 a 2024.

 

ESTRUTURA E EDIFICAÇÕES ATUAIS DO IFSC

CÂMPUS URUPEMA 

 


Portal de entrada do IFSC Câmpus Urupema.

 

Tempo de Comemorar e Agradecer  

 

   Entidades institucionais e comunidade local se confraternizam nesta data comemorativa aos 10 anos de inauguração do IFSC Câmpus Urupema.

 

  Que ela se multiplique inúmeras vezes, trazendo a todos, o crescimento educacional e cultural a Urupema, Serra Catarinense e Brasil. 

 


 

 

Na próxima edição, Rua do Conhecimento - parte IV, apresentaremos mensagens de saudação da comunidade de Urupema a esta grande conquista. Esperamos vocês!

Nenhum comentário:

Postar um comentário