sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Primitivas fazendas e seus senhores (continuação)

Textos originais de Enedino Batista Ribeiro (de 1950)

6º. MATHEUS JOSÉ DE SOUZA

Era português de nascimento, tendo vindo ao mundo no Arquipélago dos Açores, na Ilha Terceira, na cidade de Angra. Era homem de certo preparo intelectual.
A data exata do seu nascimento continua ignorada, tendo falecido com avançada idade em 1820.
Era filho de José de Souza Medeiros e de Inês Maria da Conceição, ambos açorianos.
Viera para o Brasil muito moço, chegando no Rio de Janeiro em 1759, onde se tornou grande proprietário  de terras, e de onde veio para Santa Catarina.
Tendo adquirido de Manoel Marquez Arzão, por escritura particular de 20 de abril de 1775, a Fazenda do Socorro, Termo de São Joaquim da Costa da Serra, no município de Lages, logo tornou-se abastado e conhecido fazendeiro.
Foi nesse tempo, 1778, por ocasião de uma viagem que fizera à cidade de Laguna, que conheceu Clara Maria de Athayde, filha do Sargento-mor Manoel Rodrigues de Athayde e de sua mulher Maria do Rosario. Matheus e Clara amaram-se, noivaram e pouco tempo depois casaram-se, vindo o casal residir na já então conhecida Fazenda de Nossa Senhora do Socorro, berço dos Souzas e dos Ribeiros.
Desta feliz união, nasceram os seguintes filhos:                             
1- Baldoína Maria de Souza (1787 ou 1788 – 1850)
2- Maria Benta de Souza (1790 – 1857)
3- Maheos José de Souza Júnior (1792 – 1873)
4- Manoel (José) Rodrigues de Souza (1796 – 1868)
5- João Batista de Souza (Inholo) (1800 – 1850)
6- Maria Athayde de Souza, ou Maria Magdalena de Souza (1803 - ?)
7- Francisco José de Souza (1809 – 1884)


Ao mesmo tempo que crescia em número e idade a família de Matheus José de Souza, vivia e era rico fazendeiro na Sesmaria do Pelotas, Pedro da Silva Ribeiro, com quem Matheus travara relações de amizade, passando as famílias a se visitarem.
Desse convívio, Deus traçaria um grande destino para dois jovens, belos e cheios de mocidade, João da Silva Ribeiro e Maria Benta de Souza, que se uniram pelo matrimônio, tornando-se o tronco robusto e fecundo, de onde provém a numerosa descendência dos Souzas e dos Ribeiros que povoou os municípios de São Joaquim e Lages.
Quando se penetra na densa e emaranhada floresta dos primeiros povoadores de São Joaquim, à medida que se vai descobrindo as suas veredas e desfazendo os seus mistérios, tem-se a impressão que todos ali são parentes, formando uma única estirpe.
E há mais um fato notável: até hoje, decorridos duzentos anos dos tempos em que viveram Matheus José de Souza e Pedro da Silva Ribeiro, quase não houve penetração do elemento estrangeiro no território de São Joaquim. Ali impera e predomina, principalmente, os afluentes étnicos do branco, do negro e do pele vermelha, sendo que entre os Ribeiros e os Souzas, prevalece a raça branca de origem portuguesa.


Por ocasião do casamento de sua filha Maria Benta de Souza, com João da Silva Ribeiro, Matheus José de Souza lhe acrescentou ao rico dote quase a metade da Fazenda do Socorro.
Por morte de D. Clara Maria de Athayde, D. Maria Benta recebeu de herança, no inventário que se processou em 1810, mais uma boa parte da mesma fazenda.
Em 1820, no inventário dos bens com que faleceu Matheus José de Souza, o casal recebeu mais partes de campos e matos na Fazenda do Socorro.
Depois do falecimento do primeiro casal, isto é, Matheus José de Souza e Clara Maria de Athayde, que foram os compradores do Socorro de Manoel Marquez Arzão, João da Silva Ribeiro, por aquisições que fez aos herdeiros daquele casal, tornou-se único e absoluto dono do imóvel denominado de Fazenda de Nossa Senhora do Socorro.
Maria Benta de Souza e seu digno marido, ali passaram os dias de sua útil vida, ali viveram, cresceram e casaram todos os seus filhos. Os alicerces e as paredes da velha residência, cuidadas e renovadas pelos seus sucessivos donos, ainda estão de pé, desafiando o perpassar dos anos e abrigando todos os seus senhores.
Junto à propriedade existe um cemitério particular, onde dormem o seu derradeiro sono, Matheus José de Souza, seu genro João da Silva Ribeiro “Sênior” (1787-1868) e o filho deste, Matheus Ribeiro de Souza (1829-1900) e sua primeira mulher e prima-irmã, Maria Magdalena Baptista de Souza (1833 – 1867) e muitos descendentes das gerações seguintes. As duas primeiras matriarcas, porém, não foram ali sepultadas: D. Clara Maria de Athayde, falecida em 13 de setembro de 1810, segundo certidão de óbito registrada no livro mais antigo da paróquia de Lages, p.26, morreu de crupe e foi enterrada embaixo do púlpito da igreja matriz. Registro feito pelo Padre Francisco José de Francia; D. Maria Benta de Souza faleceu em 1857, de hidropisia, e foi sepultada no primeiro cemitério público de Lages, aberto em 1848, atrás da igreja matriz.
São os velhos troncos de numerosas e ilustres famílias, os que fizeram, por assim dizer, o devassamento do solo joaquinense.

Paz aos seus grandes espíritos!

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Texto original extraído do caderno manuscrito de Enedino Batista Ribeiro, denominado HISTÓRIAS QUE NÃO VÊM NA HISTÓRIA, elaborado no ano de 1950, em Florianópolis, SC, na residência da Família “Palma Ribeiro”.
Texto adaptado, inclusive com correção de dados, obtidos pela pesquisadora em várias fontes oficiais, como o historiador Bogaciovas, Paróquia de Lages, Museus do Judiciário em Florianópolis e Thiago de Castro em Lages, e várias outras.
Florianópolis, SC, novembro de 2011.


4 comentários:

  1. Estao excelentes esses textos do Vô Enedino, atualizados com novos dados pela Ismênia. Parabéns pelo trabalho de recuperaçao da história da Regiao Serrana de SC...
    Abraços espanhóis, Dani

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  2. gostaria de saber se tem algum registro em nome de manoel de souza coelho nascido 1836

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    1. Olá!
      Infelizmente não tenho dados da Família Coelho.
      Você pode pesquisar no site www.familysearch.org, talvez encontre algo fazendo busca pelo nome ou nos documentos originais digitalizados.
      Abraços,
      Ismênia.

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    2. Olá,
      Manoel de Souza Coelho é filho de Manoel Francisco de Souza e Gertrudes Coelho de Ávila. Casou com Jesuína Ribeiro da Silva. Uma das filhas se chama Florisbela Souza Coelho.

      Minha árvore está no familysearch.

      Caso precisem de mais informações:
      amunizboaventura@yahoo.com.br

      Abç. Anderson

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