quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Algumas Famílias Européias que se Instalaram na Serra Catarinense - RANIER CASSETARI



INVENTÁRIO de RANIER CASSETARI
Filho de JACOB CASSETARI e de ANGÉLICA CASSETARI,
Naturais da Itália (Toscana)
Ancestrais da FAMÍLIA CASSETARI, radicada em Bom Jardim, SC.


INVENTARIO JUDICIAL DE 1937 (Sem testamento)


Fonte: Processo arquivado na 2ª Vara Cível do Fórum de São Joaquim
Processo nº 861 – Livro 4 – Fls33

Inventariado: RANIER CASSETARI (“Plácido” Ranier “Cassettari” com dois “t”? – não consta com essa grafia em seu inventário).     
Inventariante: ADALBERTO VIEIRA DO AMARAL (genro)      
Data da morte: Bom Jardim, 06.05.1937 (às 18h)
            Faleceu em sua residência, aos 71 anos, tendo nascido, pois, em 1866. “Causa mortis”: Câncer de fígado. O sepultamento se deu no cemitério da sede do Distrito. O óbito foi firmado pelo Dr. José Ribeiro Martins.
            O falecido era de cor branca, natural da Itália, domiciliado e residente em Bom Jardim, viúvo de D. EMÍLIA TEIXEIRA CASSETARI, filha de Liberato Teixeira (já falecido em 1937) e D. Clarinda Maria de Saldanha (ainda viva em 1937). Assinou a certidão Jardelino Maciel, oficial de Registro Civil e Tabelião Distrital Interino.
Juízo da Comarca de São Joaquim da Costa da Serra – SC.
Juiz de Direito e de Órfãos: Dr. Tiago Ribeiro Pontes.
Escrivães: Enedino Batista Ribeiro e Gil Brasil.
Curador Geral de Órfãos: Brazílio Celestino de Oliveira Júnior.
Data da autuação: 07.06.1937.

Notificação: os herdeiros foram notificados no Distrito de Bom Jardim, onde todos eram domiciliados, menos Fredolino Cassetari, por ser domiciliado em Vacaria.
    
Monte Mor (montante dos bens): 180:922$000 (cento e oitenta contos, novecentos e vinte e dois mil réis)   
Nota: Segundo o historiador Gilberto Machado, quem tivesse dez contos de réis já era abastado, quem tivesse cem contos era milionário; categoria econômica em que, portanto, enquadrava-se Ranier  Cassetari.
           
                         
ROL DOS HERDEIROS:

1-   GERBINA CASSETARI, 42 anos (nascida em 15.06.1895 /F.: ?), c.c. Gervásio Pereira do Amaral (20.10.1898 – F.: ?), filho de José Custódio Pereira e D. Herculana Pereira do Amaral.

2-  FREDOLINO CASSETARI, 40 anos  (nascido em 15.09.1897 /  F: ?), c.c. Lígia de Campos Cassetari.
     Domicílio: Vacaria, RS.

3-  SYLVIO CASSETARI, 36 anos(nascido em  12.01.1901 /  F: ?), c.c. ?
    
4-  EMILIANO CASSETARI, 35 anos (nascido em 30.08.1902 /  ? ), c.c. ?
          Residente no município de Criciúma por ocasião da sobrepartilha havida em 1944.

5- ITÁLIA CASSETARI, 34 anos (nascida em  20.08.1903 /           ), c.c. Adalberto Vieira do Amaral (n. em30.03.1898 /        ), filho de Prudente Luiz Vieira (falecido em 24.02.1921) e de D. Maria dos Prazeres do Amaral Vieira, proprietários da Fazenda Tijucas.
     Prudente Luiz Vieira era filho de João Luiz Vieira e Ana Maria Domingues Arruda.
     Maria dos Prazeres era filha de Antônio Caetano (“Cachoeira”) do Amaral e de Anna Borges do Amaral, nascida em junho de 1849 em São Francisco de Paula, RS.
    
6- LIBERALINO CASSETARI, 22 anos, solteiro (nasc. em ?  /  F: ?), depois c.c.  ?
     

Nota:
Após o falecimento da primeira esposa, Ranier casou-se com MARIA MACIEL, filha de Cláudio Maciel. A segunda mulher não é citada no inventário de Ranier Cassetari.

                            
AVALIAÇÃO DOS BENS:
Avaliadores: Manoel Teixeira e Horácio de Silva Dutra.

BENS MÓVEIS:
São relacionados no inventário os bens móveis, bem como os semoventes (os animais), mas que, por falta de tempo da pesquisadora de ficar muitos dias em São Joaquim trabalhando no Fórum, relacionou apenas os BENS DE RAIZ, que, além da relação completa dos nomes da  família do inventariado, são  também objeto de estudo em sua pesquisas, para que a comunidade e os estudiosos possam ter uma visão abrangente de como as terras de nossa região foram passando de mão em mão, através das gerações.

BENS DE RAIZ:
1 – Uma fazenda de campos e matos para indústria pastoril, contendo a área superficial de quarenta e um milhões, cento e setenta e oito mil metros quadrados, compreendida das invernadas da “VARGINHA”, “SÃO JOSÉ”, e “MORRO GRANDE”, situada nesta comarca, havida na meação do inventário procedido por falecimento de D. EMILIA TEIXEIRA CASSETARI, com as seguintes confrontações: de um lado, Venâncio Borges de Carvalho e herdeiros de Marcolino Borges; de outro, com Liberalino Casseteri e o rio Pelotas; de outro, o rio das Contas; e, por outro lado, com Antônio Gonçalves Padilha (dono da Fazenda “Quinze Dias”) e Pedro Gonçalves Padilha, e outros.
Valor: cento e sessenta e quatro contos setecentos e doze mil réis     164:712$000

2 – Uma casa de moradia construída de madeira, pintada, assoalhada, forrada e envidraçada, com suas dependências e benfeitorias, situada na FAZENDA “SÃO JOSÉ”.
Valor: hum conto e seiscentos mil réis                                                1:600$000

3 – Uma casa de moradia bastante velha, tendo um potreiro anexo, situada na vila de Bom Jardim.
Valor: hum conto de réis                                                                      1:000$000

4 – Outra casa, de madeira, própria para casa comercial e moradia, com potreiro anexo, no Segundo Distrito, em sua sede.
Valor: hum conto e duzentos mil réis                                                   1:200$000


       
CONCLUSÃO DAS AVALIAÇÕES:

Terrenos-------------------------164:712$000
Semoventes (não descritos)----12:410$000
Casas -----------------------------  3:800$000
                                                _________
Monte Mor                              180:922$000                   
Legítima de cada herdeiro------30:153$000
     
SOBREPARTILHA:

Após os inventários de D. EMÍLIA (maio de 1928) e de RANIER CASSETARI (julho de 1937), os herdeiros mandaram medir e dividir amigavelmente pelo agrimensor Simeão do Nascimento Molta as terras situadas na FAZENDA “SÃO BENTO”, no Distrito Cambajuva, para efeito de venda, quando ficou comprovado não terem sido partilhados sete milhões seiscentos e dezesseis mil metros quadrados nos inventários normais (7.616.000m) de terras de campos de criar.
As terras são originárias de compras devidamente transcritas no Registro de Imóveis da comarca: confrontam, ao Norte, com Joaquim Antônio Ramos, ao Sul, com a Serra Geral, a Leste, com Joaquim Antônio Ramos e Joaquim Alano de Souza, a Oeste, com os Irmãos Bortoluzzi e com Fredolino Cassetari, a Este, com o rio das Contas. O valor do bem descrito é de trinta e oito mil cruzeiros (atenção para a mudança da moeda!). O inventariante declara apresentar ao Juízo deste inventário quaisquer outros bens que porventura existirem.
São Joaquim, 24.02.1944.
Escrivão: Antônio Brasil.
Juiz: Dr. Aristeu Rui de Gouvêa Schiefler.
Avaliador: José Alípio Pereira
O imóvel foi avaliado por    45.696,00.
Legítimas de  7.616,00.

SEGUNDA SOBREPARTILHA:

Em 04.12.1944 houve início de mais uma sobrepartilha na mesma área da FAZENDA “SÃO BENTO”, pois, por novo equívoco, faltaram para sobrepartilhar mais dois milhões de metros quadrados.
Nesta última sobrepartilha o herdeiro Liberalino Cassetari já estava casado, e residindo em Cambajuvas, na mesma situação dos demais herdeiros. O avaliador, desta vez, foi o cidadão José Dutra. Substituindo o juiz, trabalhou o cidadão Teobaldo Liberato Vieira. As terras foram avaliadas em Cr$12.000,00 ( doze mil cruzeiros), cabendo a cada herdeiro a legítima de Cr$2.000,00.


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            No registro de casamento de Ranier Cassetari, L1 do Cartório do Sr. Acácio Flores, na cidade de São Joaquim, consta:

Casamento: 07.06.1892 (no Quarteirão de S. José, Comarca de São Joaquim da Costa da Serra).

Noivos:
Ranier Cassetari, 26 anos, negociante, natural da Itália, Província de Castelúcia (?), residente nesta Comarca, filho legítimo de Jacob Cassetari e D. Francisca Cassetari.
Emília Teixeira de Saldanha, 15 anos, natural e residente nesta Comarca, profissão serviço doméstico, filha legítima de Liberato Henrique Teixeira e D. Clarinda Maria de Saldanha.

Juiz de Paz: o cidadão tenente Manoel Bento Ribeiro.
Escrivão oficial do Registro Civil: Polycarpo Paulino dos Santos.
Testemunhas:
Antônio Caetano do Amaral, de 40 anos, fazendeiro.
Prudente Luiz Vieira, de 34 anos, fazendeiro.

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            Ao lado desse registro de casamento, acompanha o seguinte mandado judicial dos autos 063.06.003298-0 (1ª Vara desta Comarca): “Fica retificado o nome do Sr. Ranier Cassetari, que passa a ser: PLÁCIDO RANIERI CASSETTARI. Foi retificado o nome do pai dele, de Jacob Cassetari, que passa a ser: JACOPO CASSETTARI. Foi retificado o nome da mãe, de Francisca Cassetari, que passa a ser: ANGÉLICA CASSETTARI. O referido mandado fica arquivado neste cartório.
São Joaquim, 12.02.2007. Dou fé Iveraldo Tadeu dos Santos. Escrevente Juramentado.

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DADOS COMPLEMENTARES SOBRE RANIER CASSETARI, ENCONTRADOS NO LIVRO “BOM JARDIM, UM POUCO DE SUA HISTÓRIA”, de Helena Zandonadi.

Ranier Cassetari fez parte do grupo de oito moradores do Segundo Distrito de São Joaquim, que lutaram para tornar Bom Jardim emancipado:

1 – JOSÉ CAETANO DO AMARAL, c.c. Adélia Amaral de Souza;
2 – MANOEL IGNÁCIO DA SILVA ESTEVES, c.c. Ismênia Batista de Souza Esteves;
3 – ANTÃO DE PAULA VELHO, c.c Adelaide do Amaral Velho;
4 – PRUDENTE LUIZ VIEIRA, c.c. Maria dos Prazeres Amaral;
5 – MANOEL CECÍLIO RIBEIRO, c.c. Rosalina de Souza e Oliveira;
6 – TAURINO GONÇALVES PADILHA,c.c.Maria Antônia Damaceno;
7 - JOAQUIM RODRIGUES PEREIRA, “JOAQUIM EZÍRIO”, c.c. Maria Angélica Ribeiro;
8 – RANIER CASSETARI, c.c. Emília Teixeira de Saldanha.

“RANIER veio para o Brasil de navio, acompanhado de seus dois irmãos, Mário e José, e do amigo Samuel Guazzelli (avô do ex-governador do RS, Sinval Guazzelli). Aportou em São Paulo, seguindo mais tarde com o irmão José para o Rio Grande do Sul, especificamente para Vacaria. Iniciou sua vida econômica como vendedor ambulante de fitas e adornos femininos, em balaios. Depois de algum tempo, comprou um cargueiro, para dar prosseguimento aos negócios. Fixou residência em Bom Jardim da Serra, próximo ao rio Pelotas, depois propriedade do Sr. Valtrick. Em sociedade com o sogro abriu um armazém. Fazia a lista do que os fazendeiros precisavam e se dirigia a Porto Alegre para buscar as mercadorias em tropas de mula, aproximadamente 20 cargueiros. Efetuava a venda com até um ano de prazo, e o pagamento poderia ser em dinheiro ou mercadoria. Foi o pioneiro do comércio na região. Possuía o único armazém que vendia tecidos para São Joaquim e região. Pessoa de espírito brincalhão, divertido e religioso, sempre bem-humorado, possuía boas relações e muito rápido de raciocínio, quando se tratava de fazer negócio. O lucro obtido lhe rendeu o suficiente para comprar sua primeira fazenda (localizada em São José – Bom Jardim). Desde então aplicou todos os lucros em aquisição de terras. Teve vida pública bastante expressiva: para um italiano de sotaque carregado, sempre se fez comunicar muito bem, alcançando bom nível de entrosamento com as famílias tradicionais da época. Doou em dinheiro o equivalente a 125mil metros quadrados de terras para a mitra. Foi o primeiro presidente do Clube Bonjardinense. Teve seis filhos de seu primeiro casamento.”

Nota: Segundo informação de descendente atual (em 16.02.2007, em Florianópolis), os restos mortais de Ranier Cassetari foram transladados para o cemitério de Urussanga, onde vive parte da Família Cassetari.


Fontes:
- Inventário de Ranier Cassetari, arquivado na 2ª Vara do Fórum de São Joaquim.
- Acervos particulares de Enedino Batista Ribeiro e de Ismênia Ribeiro Schneider.
- ZANDONADI, Helena. Bom Jardim, um pouco de sua história.
 





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