quinta-feira, 5 de julho de 2018

Homenagem a Osni Vieira


A matéria de hoje é dedicada a Osni Vieira, importante personagem político para o município de São Joaquim, e estudioso da história genealógica de sua estirpe, formada pelas famílias Souza e Vieira.
            Osni de Souza Vieira nasceu em 27 de novembro de 1923, filho de Lizandro Luiz Vieira e Simiana de Souza Vieira.
            Casou-se, em 23.12.1947, com Nanci Palma, filha de Anna Palma (Sinhana) (23/02/1898 - 20/08/1962) e de Fredolino do Amaral e Souza (10/10/1893 - 29/11/1954).

Nota: Mais informações sobre os pais de Nanci Palma em: http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2014/03/filhos-de-ignacio-da-silva-mattos-e.html
           
Osni e Nanci tiveram sete filhos: Fredolino (Dota), Lisandro, Nadja, Moacir (Preto), Júlio, Natércia e Raquel, que geraram dezoito netos e quatro bisnetos[i].
Osni Vieira desempenhou papel importante para a cidade de São Joaquim, sendo que “foi vereador, secretário municipal e assumiu a prefeitura de São Joaquim por diversas vezes entre 1964 e 1965”i. O texto publicado no site do município de São Joaquim descreve a sua trajetória:

Em 1960, foi eleito vereador com 590 votos, para a Câmara Municipal de Vereadores. Em 1963, convidado pelo prefeito Ismael Nunes, foi empossado secretário municipal da Prefeitura de São Joaquim.
 Em 1964, com a licença do prefeito Ismael Nunes, assumiu o cargo de Prefeito Municipal em exercício por 30 dias.
Em outubro de 1965, com a licença do prefeito Ismael Nunes, assumiu cargo de Prefeito Municipal até 1º de janeiro de 1966. Nestes três meses de administração, Osni Vieira em convênio com o governador Celso Ramos, aprovou a planta do prédio da Prefeitura e do Fórum, conjugados, sendo construído neste período a parte térrea.
Construiu duas pontes, uma de concreto no Rio Quebra Dente em Urupema, e outra em Bom Jardim da Serra. Aterrou diversas ruas, entre elas no Bairro Praia Verde e na Praça da Igreja Matriz.
Por diversos anos Osni Vieira foi presidente da paróquia de São Joaquim. Por dois anos foi secretário da Associação Beneficente Bento Cavalheiro, do Hospital Sagrado Coração de Jesus, neste período foi construída a ala da frente do hospital. Por duas vezes, foi secretário do Clube Astréa, nesta época foi construída a sede nova do clube.
Por iniciativa do prefeito João Inácio de Melo, Teófilo Mattos e Osni Vieira, foi fundada a Escola Cenecista. Ajudou a formar o Colégio São José, dissuadindo Padre Blévio Oselame, vigário da Paróquia, que fosse criado a escola pública e não particular, proporcionando ensino gratuito a comunidade. É um dos sócios fundadores da Rádio Difusora, que neste ano comemora 55 anos.
Por duas vezes fez parte da diretoria do Sindicato Rural. Vice-presidente da Associação da Banda Mozart de São Joaquim. Sócio Fundador da Cooperativa Cotia, setor de frutas em São Joaquim. Articulador e sócio fundador da Cooperserra.
Por 35 anos foi comerciante de tecidos e confecções, com a Loja Nanci em São Joaquim. Formou uma fazenda para criação de gado. Criador da raça charolês, com a Cabanha Alecrim, com seleção puro de origem (PO) e puro por cruzamento (PC). Esta atividade exerceu por vários anos, transferindo para os filhos em doação. Em 1980, participou do Cursilho de Cristandade em Lages. Em seguida foi eleito secretário do núcleo de São Joaquim, na atividade de cursilhista que exerceu por 13 anos, percorendo a paróquia, ministrando cursos de encontro de casais, liderados pelo Padre Otávio de Lorenzo.
Pregou cursos em Urubici, Urupema, Painel, Lages e Vacaria. “Este para mim foi um dos melhores períodos de minha vida. Nos cursilhos conheci melhor Jesus Cristo e segui sua doutrina, pregando o seu evangelho. Foi aqui a maior realização da minha vida porque além de servir ao criador, eu também servi a minha comunidade, o meu município.”
A minha prioridade era a casa de Formação da Paróquia, onde realizamos encontros de casais, cursos para motivar outras atividades”.
Pessoa com muito habilidade nas negociações, auxiliou sem honorários muitas pessoas da comunidade nas transações comerciais.
Aos 90 anos de vida, declarou... “Hoje com os meus 90 anos de idade, tenho vontade de dizer como disse o apóstolo Paulo a Timóteo: ele já é velho, cabelos brancos sentindo o tempo da partida. Combati o bom combate e terminei minha carreira, guardei a fé. Já me está preparada a coroa da justiça, que naquele dia me outorgara o bem pior, justo juiz, e não só a mim, porém a todos os que amam a sua vinda."”.[ii]

Osni Vieira faleceu em 18 de maio de 2018, com 94 anos de idade.

Osni Vieira. Fonte: Site da Prefeitura de São Joaquim, SC.


Em sua homenagem, aproveitamos para publicar aqui um depoimento dele sobre os costumes serranos.


Costumes antigos dos serranos
Depoimento de Osni de Souza Vieira

Nos anos 1927 a 1932, eu passava períodos com meus avós Policarpo José de Souza e Ana Vieira de Arruda na Fazenda da Barrinha. Ainda nessa época, usavam o fogo de chão para ferver a água, cozinhar os alimentos e para aquecer do enorme frio do inverno que atingia toda a região serrana do Estado de Santa Catarina.
O fogo era aceso dentro de uma cozinha separada da casa, onde eram instalados uns ganchos pendurados em arame grosso. A certa altura havia uma parte de madeira com graduação para levantar ou abaixar as panelas com arco que estavam no gancho. Por essa época, o fogo de chão com ganchos foi substituído por fogo com grelhas de ferro, que consistia em uma grade de ferro com pés. Faziam o fogo no chão e colocavam as panelas e a chaleira com água em cima da grade. A seguir, surgiu o fogão a lenha, fabricado pelo Sr. Manoel Bernardo, em São Joaquim. Foi um avanço, porque não fazia fumaça dentro de casa. Minha mãe (Dona Doquinha) tinha uma fazenda do Posto. Era também um fogão artesanal, mas funcionava bem. Foi considerado um avanço importante para o conforto familiar, principalmente para as donas de casa.
Em seguida, apareceu o fogão chamado “de ferro”, na verdade, de latão pintado de preto, que escorria no primeiro fogo. Procedia de Porto Alegre, da marca “Berta”. Minha mãe comprou um que substituiu o fogo de chão. Em 1942 surgiu o fogão “esmaltado”, com flores, da marca “Wallig”, também vindo de Porto Alegre, servindo também para o aquecimento das casas no rigoroso inverno de São Joaquim.

Tampa de um fogão Wallig.

No fogo de chão tinha um pedaço de pau de lenha grosso, para fazer brasa e conservar o fogo aceso, que era chamado de “trafugueiro”. As cinzas e as brasas eram usadas para fazer o “burraio”, que consistia em fazer um buraco nas brasas e cinzas onde se colocava um punhado de pinhão para assar muito bem. O pinhão que “estourava” era o mais disputado, pois ficava mais saboroso.
Ainda falando em fogo, naquela época, inventaram o “avio de fogo”, chamado isqueiro ou bisquaio, usado para acender cigarros. Consistia de uma ponta de chifre, pedra fogo, encontrada nos barrancos das encostas dos morros, e pano queimado, tudo segurado entre os dedos, e para constituir faísca para acender o pano úmido em querosene, batiam com uma pedra de lima lisa contra a pedra de fogo. Surgiu em outra época o isqueiro com isca amarela e pedra de fogo, bem melhor e muito mais usado.
Ao redor do fogo as pessoas contavam “causos”, que consistiam em longas e impossíveis histórias. As crianças adoravam. Uma das histórias que eu contava era a do “Amigo Folharada”. A lenha colocada no fogo de chão, depois de acesa, era chamada de “tição”, que também servia para acender cigarros.
Utensílios: Gamela, este era um utensílio muito usado nos primórdios de São Joaquim. Era de madeira cavada com “trado”, “enxó”, ou “goiva”, no tamanho certo para cada finalidade. Servia para lavar louças, lavar o rosto, mãos e pés, todas no tamanho útil. Ainda nesta época, apareceu a bacia de folha, pouco usada, e também a bacia de louça ou a esmaltada, acompanhadas de um jarro, serviam para lavar o rosto. Os pratos e canecas eram de folha ou de louça chamada “pé de pedra”, muito fraca. Surgiram também os pratos esmaltados, que descascavam muito e ficavam feios e anti-higiênicos. No começo, as canecas eram de chifres com asas do mesmo.
A iluminação era feita por velas de sebo produzidas em casa. O pavio das velas era feito de lençóis muito velhos. Derretia-se e o colocavam em uma lata onde iam molhando os panos que estavam distribuídos em uma vara e a vela ia engrossando. Quando o sebo da lata baixava, era colocada água quente para que mantivesse cheia. Este processo levava um dia para se concluir. A iluminação também era produzida por lamparinas de folha a querosene. O latoeira produzia as lamparinas. Nos anos 50, apareceu o lampião com camisa incandescente, da marca Aladin. Produzia 500 velas, clareava muito o ambiente. Era abastecido com querosene. Existia também o lampião a querosene com torcida de pano para produzir a tocha, mas clareava pouco. Usavam também as “placas”, que eram pequenos lampiões.


Referências

Acervo pessoal de Ismênia Ribeiro Schneider.


[i] Jornal Mural Online. Homenagem especial a saúde e a vida do casal Osni e Nanci Vieira
[ii] Município de São Joaquim, SC. Prefeito decreta Luto Oficial pelo falecimento de Osni Vieira, publicado em 20/05/2018. Disponível em: http://saojoaquim.sc.gov.br/noticias/index/ver/codNoticia/488232/codMapaItem/4689.

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