terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Rua Prudente Luiz Vieira na Cidade de Bom Jardim da Serra (SC)


            Continuamos hoje a sequência de matérias sobre o nome de ruas e praças, mas, ampliando agora para alguns dos outros municípios serranos de Santa Catarina (além de São Joaquim, do qual já foram publicadas diversas matérias [ver índice do Blog]). Assim, iniciaremos nas próximas postagens uma série de ruas de personagens conhecidos em nossas pesquisas genealógicas do município de Bom Jardim da Serra (SC), conforme nos sugeriu nosso querido amigo Henrique Brognoli Martins.

            Iniciaremos esta nova série por um importante personagem desta cidade e da Serra Catarinense, o Sr. Prudente Luiz Vieira.

            Nosso personagem em questão, juntamente com os fazendeiros Antão de Paula Velho, José Caetano do Amaral, Manoel Cecilio Ribeiro, Ranier Cassetari, Emilio Benevenuto Ribeiro, Manoel Ignacio Esteves, João Francisco Rodrigues, Joaquim Ezirio, Vitorino Rodrigues Machado, Taurino Gonçalves Padilha e outros, fez parte da comissão fundadora da Vila de Bom Jardim da Serra (SC)[i]. De acordo com a pesquisadora Edinna Figueiredo, Prudente Luiz Vieira doou 125 mil metros quadrados de terra para a fundação da vila.


Nota: “A História de Bom Jardim da Serra começa em 1870, com a chegada do gaúcho Manoel Pinto Ribeiro e seus filhos, que se instalaram na localidade de Fazenda Pelotas. Uma trilha aberta pelos colonizadores ficou conhecida como “Serra do Doze” e foi o primeiro nome do lugar, que chamou-se depois “Serra do Rio do Rastro”. Elevada à condição de povoado em 1905 e de vila em 1921, Bom Jardim da Serra oficializa-se como cidade em 29 de janeiro de 1967 e é instalado a 05 de março do mesmo ano” [ii].


Prudente Luiz Vieira foi batizado em 24/05/1859[iii], e faleceu em 24/02/1921, às 22h, de doença no fígado[iv].

Pai: João Luiz Vieira (falec. 06.09.1909).

Mãe: Ana Maria Domingues Arruda (nasc. 1825), filha de José Domingues Arruda, falecido em 01.02.1849 e Maria de Souza Teixeira.

Nota: João Luiz, filho de Leandro Luiz Vieira, falecido em 1863, e Clara Maria dos Santos.

Morte: 24.02.1921 (aos 62 anos), sepultado no cemitério público de São Joaquim.

Fazendas: das TIJUCAS (em Bom Jardim).



Segundo relatório do Estado de Santa Catarina (1914)[v], o capitão Prudente Luiz Vieira era criador.

Esposa: MARIA DOS PRAZERES DO AMARAL VIEIRA (†20.11.1933), liv. 5, p. 50, CRC-SJ, faleceu de edema agudo nos pulmões[vi].

Pais: Antonio Caetano (“Cachoeira”) do Amaral e de Anna Borges do Amaral, filha de Fellippe Borges do Amaral e Castro e de Maria do Nascimento do Amaral. Anna nasceu em junho de 1849 em São Francisco de Paula, RS.

Nota: Nas certidões dos filhos de Prudente/Maria dos Prazeres, o nome do pai de Maria dos Prazeres era Antonio Caetano Pereira do Amaral.



Filhos:

 1- HERCÍLIO VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 11.05.1888)

C. c. Maria Cândida Ribeiro Vieira, “Candoca”

Filha de João Batista Ribeiro de Souza e de Cândida dos Prazeres Batista de Souza

Nº de filhos: 06

Fazenda: do “POSTO” (em “São João de Pelotas”)



2- SYLVIA VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 01.11.1891)

C. c. Bernardo Vieira Ramos

Filho de Vidal José de Oliveira Ramos Sobrinho e Joaquina Domingues Vieira



3- ARGYMIRO VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 01.07.1894)

C. c. Olívia do Amaral Vieira

Filha de Antão de Paula Velho e Maria Adelaide do Amaral e Souza Velho



4- ANTONIO VIEIRA DO AMARAL, (27.10.1895 - 18.09.1964)

C. c. Olívia Ribeiro Vieira, “Vivi” (1900 - 28.11.1964)

Filha de João Batista Ribeiro de Souza e de Cândida dos Prazeres Batista de Souza



5- ADALBERTO VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 10.12.1896)

C. c. Itália Cassetari Vieira

Filha de Ranier Cassetari (italiano) e Emília Teixeira (de São Francisco de Paula, RS).



6- ESMERALDA VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 31.03.1898)

C. c. Valentim Ignácio Velho

Filho de Ignácio Manoel Souza Velho (“Inacinho”) e de Angelina Vieira Borges Velho



7- DONATILLA VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 05.08.1899)

C. c. Affonso Ribeiro Velho

Filho de Manoel Inácio Velho (morto em 1916) e de Ana Maria Baptista Ribeiro (filha do Cel. João Ribeiro e de Ismênia Baptista de Souza)

Filho único: Luiz Adailton Vieira Velho, c. c. Maria Imaculada Fialho Velho



8- CÂNDIDA VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 20.08.1906)

C. c. Isaac Bertonini



9- BENILDA VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 15.07.1909)

C. c. Anacleto Barbosa de Camargo



10- JAYME VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 27.12.1920)

C. c. Maria Velho Vieira

Filha de Antão de Paula Velho e de Maria Adelaide do Amaral e Souza Velho



11- ABIGAIL VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 20.09.1903)

C. c. Dimas Baptista de Souza

Filho de Ambrósio Baptista de Andrade e de Maria Trindade do Amaral e Souza.

Ambrósio, filho de Marcos Baptista de Souza e “Vó Marica”.

            O casamento de Abigail foi notícia no Jornal Imprensa de 25 de abril de 1920, como pode ser visto na imagem abaixo[vii].
Jornal Imprensa, abril de 1920.



12- NAIR VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 12.12.1913)

C. c. João Lacerda de Camargo Ramos



13- NELSON VIEIRA DO AMARAL, (nasc. 23.02.1915, data a confirmar)

C. c. Ainda Paim Vieira (?)



14- MARIA DO CARMO VIEIRA RAMOS, (nasc. 01.03.1915, data a confirmar), neta herdeira

Representante, no inventário, da mãe falecida Anna Maria do Amaral, c. c. João Vidal Vieira Ramos.

Filho de Vidal José de Oliveira Ramos Sobrinho e Joaquina Domingues Vieira.


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Esses eram os filhos vivos na data da morte de Prudente Luiz Vieira. Além deles, Prudente teve mais os seguintes, falecidos crianças ou jovens:

a - ELVIRA VIEIRA DO AMARAL;

b - ALZINA VIEIRA DO AMARAL;

c - ONDINA VIEIRA DO AMARAL;

d - WALDIVINO VIEIRA DO AMARAL (15.07.1904 - 10.11.1916).

Faleceu atingido por um raio, fato descrito por Enedino Batista Ribeiro em seu livro “Gavião-de-Penacho, Memórias de um Serrano”, 1999, p.331-333, o qual reproduzimos, em parte, aqui:

No dia 10 de novembro de 1916, aconteceu, para mim, para minha mana Maria Cândida Ribeiro Vieira, uma lamentável tragédia que encheu a nossa família de enorme tristeza e mágoa.

Candoca partira da sua Fazenda do “Posto”, com destino a Lages, onde vinha nos visitar. Viajavam em sua companhia, seu cunhado, Valdivino Vieira do Amaral, jovem de doze anos, e sua filhinha Araci, criança de colo, com menos de um ano de idade; além deles, o empregado da casa, cujo nome não me recordo. A viagem era feita a cavalo, com dois ou três cargueiros.

No segundo dia de jornada, cerca de três quilômetros da Fazendo do Sr. José Prudente Vieira (vulgo Juca Prudente), depois de atravessarem o vale do rio “Pelotinhas”, armou-se uma trovoada para as bandas do sudoeste; a comitiva, já no alto da coxilha, junto a uma lagoinha seca, foi atingida por uma poderosa faísca elétrica que pôs por terra todos os cavaleiros; os animais de montaria com os cargueiros espalharam pelo campo em doida disparada. Eram duas da tarde. Quando minha mana recobrou os sentidos, pôde avaliar a extensão do desastre; estavam mortos no chão, seu cunhado Vivaldino e o cavalo em que montava. Araci, a pequenina que viajava no colo do mocinho que pereceu fulminado pelo raio, praticamente nada sofreu, apenas leves queimaduras na testa e lacrimejamento de uma vista; em pouco tempo ficou totalmente reestabelecida.

Como pôde acontecer aquilo, de a criança se salvar, enquanto seu tio e a respectiva montaria pereceram instantaneamente? Milagre? Ou será o fenômeno examinado por pessoa competente, teria explicação em face das leis físicas da eletricidade?

Chegada a notícia em Lages, dali partiram meus manos mais velhos, Afonso e Marcos, para conduzir nossa mana e providenciar a condução do cadáver até a cidade, onde foi velado na casa de residência do Dr. Walmor. [...]

Valdivino era irmão do meu cunhado Hercílio Vieira, filho de Prudente Luiz Vieira e de dona Maria dos Prazeres do Amaral Vieira. Nasceu no dia 15 de julho de 1904, sendo sepultado no cemitério público da cidade de Lages, onde a família mandou erigir um túmulo, para perpetuar sua rápida passagem por este mundo (Ribeiro, 1999, p. 331-333).



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Montante dos Bens de Prudente (inventário):


- Bens de raiz
82:421$599 
(área 92.106.000 m2)
- Bens semoventes
51:780$000
- Monte mor
134:201$599


Cabe à viúva meeira
67:100$799
Cabe à cada um dos 14 herdeiros
4:792$914 
(7.988.190 m2)


A avaliação dos bens foi feita no local dos vários imóveis pertencentes ao espólio, iniciando-se pela Fazenda TIJUCAS, que era o domicílio da família e onde se reuniram o juiz, escrivão, o curador geral dos órfãos, Theodolindo Lima, o inventariante Argymiro, os avaliadores João Pereira e Jacintho Goulart: 

I- FAZENDA "TIJUCAS" (área total: 54.007.000 m2)
2- Uma casa de moradia e suas benfeitorias sitas na referida fazenda
3- Dois potreiros de campos e matos, anexos à casa acima mencionada
30:604$200
6:000$000
325$214
II- FAZENDA "CAPIVARAS"  
3:762$000
III- FAZENDA DO "PÚLPITO"
- outra parte na mesma fazenda - "CANTINHO"
7:323$000
285$600
IV- FAZENDA SÃO "BENTO" (17.546.000 m2)  
- uma invernada de campos e matos: Invernada da "COSTA" (16.360.000 m2)
- na mesma fazenda, a Invernada dos "PAPAGAIOS" (4.193.000 m2)
- na mesma fazenda, uma casa de moradia
- na mesma fazenda, um potreiro de campos e matos anexos à referida casa (coube à herdeira Maria do Carmo)
10:309$200
9:816$000
2:515$800
1:000$000

218$400
V- Uma casa em construção em Bom Jardim
2:000$000
IV- Uma parte de campos e matos no lugar denominado "CRIÚVAS", anexa à FAZENDA DO "POSTO"
2:320$878
VII- Uma parte de campos e matos situado na Fazenda "NOVA", no Rio Grande do Sul
3:159$707
VIII- Uma CASA em construção em Lages
2:781$600



ÁREAS E VALORES DAS PROPRIEDADES:

I- TIJUCAS - área total: 54.007.000 m2 - Valor:
30:604$200
II- SÃO BENTO - área total: 17.546.000 m2 - Valor:
10:309$000
III- Invernada da Costa - área total: 16.360.000 m2 - Valor:
9:816$000
IV- Invernada dos Papagaios - área total: 4.193.000 m2 - Valor:
2:515$800
V- POTREIROS:
- de Tijucas - área: 304.000 m2
- São Bento - área: 364.000 m2
ÁREA TOTAL CONJUTA: 92.106.000 m2
Valor Total conjunto:




82.421$599



Cada herdeiro ganhou 7:988$190 m2 de terras.

Nesta propriedade geral de Prudente Luiz Vieira fica o arroio do OURO, que faz foz no rio de Púlpito,

- Lembrar que Manoel Ignácio da Silva Esteves tinha uma "fazenda do Ouro", na Fazenda Tijucas.




Referências


RIBEIRO, Enedino Batista. Gavião-de-Penacho, Memórias de um Serrano. Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina; co-edição da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, 1999, 544 p., Coleção Catariniana, n. 1.



[i] Autobiografia de Adolfo José Martins, fornecida pelo descendente Henrique Brognoli Martins, a quem agradecemos.

[ii] SEBRAE/SC. Santa Catarina em Números – Bom Jardim da Serra. Florianópolis: SEBRAE/SC, 2010. 114p. Disponível em: http://www.sebrae-sc.com.br/scemnumero/arquivo/Bom-Jardim-da-Serra.pdf.

[iv] Inventário sem Testamento de Prudente Luiz Vieira, 1921, Processo nº501 – Reg. no L2º - fls. 17.

[v] Estado de Santa Catarina. Annuario Admininstrativo, Agricola, Profissional, Mercantil e Industrial dos Estados Unidos do Brazil. Obra Estatística e de Consulta, Almanak Laemmert, 66º ano, 1891 a 1940.

[vi] FIGUEIREDO, Edinna B. Pereira. Raízes centenárias de São Joaquim da Costa da Serra. Videira: Êxito, 2018.

Um comentário:

  1. Boa noite gostei de lê ,esse documentário eu só Neto de Argimiro Vieira.

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