terça-feira, 20 de outubro de 2020

Rua Otávio Pereira Machado (Urupema - SC)

 

Ismênia Ribeiro Schneider

Cristiane Budde

Daniela Ribeiro Schneider

Inécio Pagani Machado

Carlos Solera

Eleni Cássia Vieira

 

            Na matéria de hoje, apresentamos mais um personagem da família Pereira Machado, que foi homenageado com um nome de rua no município de Urupema (SC): Otávio Pereira Machado.

            A rua é fechada ao trânsito de veículos, o que só ocorre em ocasiões especiais. Em uma das laterais da rua, encontra-se o acesso às escadarias da Igreja Matriz, e, logo a seguir, um pequeno lago e a Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Na lateral oposta, a rua contorna a praça Manoel Pinto de Arruda, com seus belos canteiros de flores[i]. A denominação da rua consta na Lei n. 255/1996, de 31 de dezembro de 1996, como pode ser visto abaixo:


Lei n. 255/1996, ver número V. Documento fornecido por Carlos Solera e Eleni Vieira.

 





Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Fotos fornecidas por Carlos Solera, a quem agradecemos.


Otávio Pereira Machado (nasc. 20/12/1896, bat. 22/02/1897[ii], São Joaquim, SC) era filho de Leonel Caetano da Silva Machado (05/05/1865[iii] – 06/02/1946[iv]) e Arminda Rodrigues Machado (nasc. 11 de julho de 1866[v]). Portanto, Otávio era irmão de Olavo Pereira Machado, que também recebeu como homenagem um nome de Rua em Urupema (SC).

 

Notas:

* Leonel era filho de Leonel Caetano da Silva Machado e Florinda Pereira de Jesus.

** Arminda era filha de Thomaz Bento Rodrigues e Belizária Cândida da Silva (Saldanha Rodrigues).

*** Para mais informações sobre Olavo Pereira Machado, ver a matéria: http://genealogiaserranasc.blogspot.com/2020/06/rua-olavo-pereira-machado-urupema-sc.html.

 

Registro de batismo de Otávio Pereira Machado. Fonte: Family Search.

 

Otávio adquiriu, por volta de 1939, uma usina hidráulica para fornecimento de energia elétrica (potência 8Kw[vi]), que foi a primeira usina da região. Ela foi construída por Ernesto e Ari Ponte[vii]. No texto a seguir, de autoria de Inécio Pagani, mais informações sobre o assunto.

 

Otávio casou-se com Virgínia Pereira de Souza (nasc. 10/10/1900), filha de Francisco José Pereira de Medeiros e Anna Felicidade de Souza[viii].

 

Notas:

* Anna Felicidade era filha de Ignácio Rodrigues de Souza e Felicidade Maria de Saldanha.

** Felicidade Maria de Saldanha era filha de Antônio Caetano da Silva Machado e Ismênia Muniz de Saldanha (D. Yayá).

 

Otávio e Virgínia não tiveram filhos, mas adotaram o sobrinho Roseni Antunes Machado[ix] (pai de Inécio Pagani Machado), e Herly Luiz Pagani Machado[x].

Árvore genealógica de Otávio Pereira Machado.

 

            Para finalizar a matéria, publicamos um texto escrito por Inécio Pagani Machado, neto[xi] de Otávio:

 

Otávio Pereira Machado

Por Inécio Pagani Machado

 

            Foi um homem folclórico. De produtor rural a empresário, numa época difícil e desafiadora.

            Inicialmente residindo na localidade de Quebra Dentes, hoje propriedade da Família Medeiros, veio para a Vila de Santana, adquirindo outras ali. Uma delas, ficava no Bairro Coqueiros, próximo à ponte do Rio Caronas, que liga esse “bairro” ao centro.

            Havia uma pequena atafona e um projeto, já iniciado, para a construção de uma usina hidrelétrica. Com espírito empreendedor, vislumbrou a possibilidade de tocar o projeto, o que acabara acontecendo. Numa fase imediata, foi implantada a rede, fornecendo energia para a Vila.

Como fez isso?

            Construiu um desvio no Rio Canoas, onde está a propriedade do senhor Arosni Pagani da Silva, pela encosta da chácara que havia adquirido e, pelo desnível natural, formava uma queda de aproximadamente vinte metros. Com um sistema de turbina, movimentava todo o complexo de polias, produzindo a energia necessária para a produção de luz elétrica e para a atafona. Criança de sete a dez anos, trabalhei na atafona.

            Então, Santana foi a primeira localidade da Comarca a ter uma usina elétrica movida exclusivamente à água, graças a Otávio Pereira Machado.

            Falei que era folclórico, pois tinha um jeito peculiar de ser: brincalhão, barba sempre por fazer, recebeu o apelido de “Moro Velho”. Ficava furioso se alguém o chamasse assim!

            Tinha um coração imenso, bondoso. Como não teve filhos com a sua esposa, Virgínia Pereira de Souza, adotou meu pai (Roseni Antunes Machado) como filho, criou um irmão meu que também, por afinidade, considerava-o como filho. Acolheu todos os sobrinhos, alguns órfãos e outro por grau parentesco, em sua casa. Os chamava de filhos. Tanto era verdade, que meu pai os tinha como irmãos, e nós como nossos tios.

            Eram comuns as noitadas de jogo de pife (baralho) em sua casa. Sempre com companheiros de sua idade e amizade. A sua cama ficava na cozinha e ele jogava meio deitado ou sentado. Também eram famosas as suas “reinas”, como chamavam. Ficava sem falar e irritado, às vezes por vários dias.

            Mais curiosidades:

            Outra propriedade adquirida foi a chamada “Chapada da Cidade”. Era assim conhecida em homenagem à antiga dona do terreno, de nome Felicidade, daí o apelido dado: Chapada da Cidade. Atualmente, pertence aos herdeiros de Hildebrando Almeida Borges.

            O meio de transporte para ir ao terreno, normalmente, era feito por carro de bois. Levava sempre uma pessoa para conduzir o carro. Certa vez, o carro quebrou ainda no sítio. A distância, para a sua idade, era considerável para ir a pé. Puxou um “palheiro” (cigarro de fumo em corda com palha de milho) e, após algumas baforadas, chamou o companheiro, um menino de seus dez anos, e pediu para ele cortar um arbusto com muitos galhos. Sem entender nada, o menino fez o que lhe fora ordenado. Amarrou os bois, um de cada lado do tronco da árvore, sentou-se nos galhos, e veio embora. A uma certa distância, as pessoas perceberam uma nuvem intensa de poeira, sem saber do que se tratava. Era verão. Alguém gritou: “É coisa do diabo!”. Outros: “É uma tormenta que está vindo, olha o redemoinho!”. Não se via ninguém, apenas dois animais e poeira. Ao chegarem à avenida Manoel Pereira de Medeiros, viram o “Moro Velho”, pitando o palheiro. Foi uma festa para a criançada.

            Gostava muito de política e era fanático do PSD, como dizia, do “Cerço”, que nada mais era do que “Celso Ramos”, então Governador de Santa Catarina.

            Quando havia eleição, fazia aposta com o meu outro avô, partidário ferrenho da UDN, Orozimbio Pereira de Souza[xii]. O ganhador da aposta somente cobrava do perdedor, após trinta dias ou mais, a fim de evitar discussões e intrigas. Com o passar do tempo, tudo voltava ao normal. Isto porque eram cunhados…

            Muitas outras pequenas histórias poderíamos registrar, mas não é o propósito no momento. Apenas procuramos relatar um pouco da vida de Otávio Pereira Machado.

 

 

Referências



[i] Dados fornecidos por Carlos Solera.

 

[ii] FAMILY Search. Registro de batismo de Otávio, 1897. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:939Z-Y595-Q6?i=52&wc=MFKJ-X29%3A1030434101%2C1030402502%2C1030447401&cc=2177296. Acesso em 05/10/2020.

 

[v] FAMILY Search. Brasil, Santa Catarina, Registros da Igreja Católica, 1714-1977. Registro de nascimento de Arminda Rodrigues, 1866. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-65VK-HR?i=90&cc=2177296. Acesso em: 05/10/2020.

 

[vi] MORAES, Fábio Farias. A eletrificação em Santa Catarina. Tese de Doutorado, Departamento de História, Universidade de São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-21022020-143822/publico/2019_FabioFariasDeMoraes_VCorr.pdf. Acesso em: 05/10/2020.

 

[vii] URUPEMA, Município de. História de Urupema. Publicado em 13/09/2017. Disponível em: https://www.urupema.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/103621.

 

[viii] FIGUEIREDO, Edinna B. Pereira. Raízes centenárias de São Joaquim da Costa da Serra. Videira: Êxito: 2018.

 

[ix] Roseni Antunes Machado era filho de Orozimbio Pereira de Souza e de Lavinia Antunes Amorim.

 

[x] De acordo com Inécio Pagani, não houve adoção documentada. Herly morou com Otávio até se casar.

 

[xi] O pai de Inécio Pagani Machado, Roseni Antunes Machado, foi adotado por Otávio Pereira Machado.

 

[xii] Orozimbio Pereira de Souza era irmão de Virgínia Pereira de Souza, esposa de Otávio.










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