sábado, 25 de setembro de 2010

Quem foi Enedino Batista Ribeiro?

Nasceu em São Joaquim, SC, a 14 de maio de 1899,  filho de família das mais tradicionais e antigas do município, os Ribeiros. Teve entre seus ancestrais figuras humanas e políticas importantes na definição dos caracteres específicos de nossa cidadania, como o avô paterno, Cel. João Ribeiro (1819 – 1894), político tão importante em sua época que foi homenageado por seus contemporâneos com a designação do seu nome para as  praças centrais Lages e São Joaquim; o avô materno, João Batista de Souza (1800 - 1850), “Inholo”, também fazendeiro e político; o pai, João Batista Ribeiro de Souza (1860 – 1944), mais conhecido por “Seu Batista”, figura de proa em sua época.
Casado com Lydia Palma, em 24 de abril de 1926, também de tradicional família joaquinense, com ela teve nove filhos. Querendo propiciar-lhes continuidade nos estudos, inclusive curso superior, oportunidade que São Joaquim ainda não oferecia a seus jovens, radicou-se em Florianópolis. Jamais, porém, ele e a família desligaram-se da cidade natal. Até avançada idade manteve uma pequena fazenda na região do Pericó, para onde todos se deslocavam tão logo acabava o ano letivo. Conseguiu, assim, cumprir importante desiderato, o de cultivar nos filhos o amor e o apego a São Joaquim. Pelos anos afora, os laços de parentesco continuaram fortes, extrapolando, porém, dessas relações familiares para um convívio fraternal com toda a comunidade joaquinense.
Formado em Farmácia no Rio de Janeiro, em 1923, “Seu Tinoco”, como era conhecido, abriu em São Joaquim uma farmácia, por pouco tempo. Em seguida, foi tabelião, função que o obrigava a viajar a cavalo por todo o município. Foi durante esse período que passou a conhecer profundamente cada rincão de sua terra, suas riquezas e seus problemas.
Em conseqüência dessa consciência cívica, passou a se interessar por política, única forma que considerava viável para o cidadão interferir nos destinos de sua comunidade. Isolado entre montanhas, sem estradas, sem telefones, etc, o município de São Joaquim era refém de sua geografia e, conseqüentemente, do seu atraso. O fato era uma preocupação constante para o brioso joaquinense: ver sua terra sempre preterida nas políticas de desenvolvimento do Estado, motivo de indignação e revolta.
Já residindo na Capital, mais perto do poder, decidiu candidatar-se a deputado, para efetivamente ter condições de ajudar a reverter as circunstâncias adversas de sua terra. Como deputado estadual conseguiu aprovar vários projetos que se mostraram decisivos para a inserção do município no caminho do desenvolvimento, alguns deles descritos na primeira parte desta resenha.
Em Florianópolis desempenhou várias outras funções:
-         Presidente da Comissão Estadual de Abastecimento e Preços ( 1954 – 56);
-         Diretor Comercial da Empresa Luz e Força de SC/a 91956 – 59);
-         Inspetor Geral, interino, da Inspetoria de Veículos e Trânsito Público de SC ( 1956);
-         2º Oficial do Registro de Imóveis de Florianópolis ( 1959 – 1960) – quando se aposentou;
-         Representante do Governo do Estado junto ao Conselho Regional do Serviço Social Rural ( 1959 – 1961);
-         Professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de SC ( Disciplina: Farmacognosia), onde se aposentou.
Enedino Ribeiro distinguiu-se também como escritor e historiador, apesar de ser pequena a parcela publicada de sua obra. Dela destacamos a “Monografia de São Joaquim”, de 1941, até há pouco tempo única fonte de pesquisa sobre o município. Como professor titular da cadeira de Farmacognosia, da Universidade Federal de Santa Catarina, publicou um livro didático ( em1959) sobre sua especialidade, que igualmente se notabilizou por sua raridade.
Foi somente após sua morte que os filhos começaram a ler, com mais atenção, os cinco volumes de memórias que havia escrito ao longo dos anos. Surpresos com a quantidade de informações sobre a história, os costumes, as tradições da Região Serrana neles contidas, resolveram levar os escritos à avaliação técnica e imparcial de especialistas, o que foi feito primeiramente pelo historiador, também serrano, Licurgo Costa. Aprovada a obra pelo eminente mestre, foi, por este apresentada a seus pares do Instituto Histórico e Geográfico, do qual Enedino era membro efetivo, que, após análise por comissão competente recomendou sua publicação. Em decorrência, um livro de memórias foi publicado no ano de 1999, como um dos eventos comemorativos do seu centenário de nascimento.  Segundo o parecer do Instituto Histórico e Geográfico, esse é o primeiro livro de memórias escrito pelo próprio personagem, em Santa Catarina. Seu valor também é histórico, porque rememora fatos decisivos da vida política, social e econômica da Região Serrana, e não só desta, mas do resto do Estado, e mesmo do Brasil. Além disso, faz importante retrospecto da genealogia de muitas famílias serranas que nele encontrarão interessante subsídio sobre seus ancestrais. Destacam-se igualmente as informações sobre usos e costumes das grandes fazendas de criação de gado dessa região, na segunda metade do século XIX e na primeira do século XX. Chama-se o livro “Gavião-de-Penacho, Memórias de um Serrano”.
Todos esses aspectos o enaltecem; no entanto, o seu traço mais peculiar e permanente e, por isso mesmo, o mais cativante, foi o de genuíno pecuarista. Filho da região agreste do sul do município, fronteira com o Rio Grande do Sul, criado numa grande fazenda de gado, “São João de Pelotas”, ali forjou o caráter, forte, leal, corajoso e honesto. Pautou a existência por princípios, segundo os quais vivia e educava os filhos. Inteligente e curioso passou boa parte de sua vida a estudar. Seu interesse abraçava todos os ramos do conhecimento, da Música à Pintura, da História à Astronomia, da Biologia à Antropologia, etc.
Seu legado para a família, os conterrâneos e amigos foi o exemplo de sua vida, simples, mas plena de riquezas interiores, da altivez própria do homem telúrico, daquele que vive nos altiplanos.
Faleceu em Florianópolis no dia 10 de abril de 1989.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Domingos da Silva;
    Manoel da Silva Ribeiro 1712 - 1802;
    João da Silva Ribeiro 1787 - 1868;
    João da Silva Ribeiro Jr.(Cel.) 1819 - 1894;
    João Batista Ribeiro de Souza 1860 - 1944;
    Enedino Batista Ribeiro 1899 - 1989;
    Ismênia Ribeiro Schneider 1934;
    Enedino Ribeiro Filho;
    ................
    ................
    A ínclita e respeitável cientista genealógica, Sra. Ismênia, poderia nos brindar, informando se já estamos na nona ou décima geração dessa linda árvore genealógica?
    Respeitosamente
    Rogério Palma de Lima

    ResponderExcluir
  3. Entre Manoel da Silva e João da Silva, insere-se o Sr. Pedro da Silva Ribeiro
    1746-1835, caracterizando a nona geração.

    ResponderExcluir