Ismênia Ribeiro Schneider
Cristiane Budde
Nomes de ruas e
praças possibilitam que as pessoas se localizem e se locomovam com mais
facilidade em uma cidade. Contudo, esses nomes, em geral, não se limitam apenas
a orientar geograficamente os habitantes e turistas, e não são dados meramente
ao acaso. Por vezes, fazem referência a acontecimentos históricos importantes
ou homenageiam um personagem relevante para o país, estado, cidade ou região. Esse
fato pode ser constatado também na cidade de São Joaquim (SC), ao observar nomes
de ruas como Manoel Joaquim Pinto, Paulo Bathke, Inácio Palma, Bento Cavalheiro
do Amaral, dentre outros.
Contudo, muitas vezes a história de quem deu origem ao nome das vias e
praças acaba se perdendo “nas poeiras do tempo”, e a própria população
desconhece a razão pela qual foi prestada tal homenagem. Dessa maneira,
ressalta-se a importância do resgate histórico sobre as personagens que nomeiam
os logradouros da cidade, proporcionando o conhecimento da história local para
habitantes e pessoas que visitam ou pesquisam sobre a região. Este dado histórico fornece substrato para um resgate cultural e cidadão
da localidade, pois o povo que conhece sua história sabe localizar-se melhor em
seu presente e planejar com mais segurança seu futuro.
Iniciamos hoje, portanto, uma série de matérias em que serão apresentados
estudos sobre diversos personagens que deram nome às praças e ruas de São
Joaquim (SC). Começamos com João da Silva Ribeiro Júnior, “Cel. João Ribeiro”,
que deu nome à praça central da cidade.
PRAÇA JOÃO RIBEIRO
A praça central da cidade de São
Joaquim (SC) recebeu o nome de “Praça João Ribeiro”, em homenagem a João da
Silva Ribeiro Júnior. Da mesma forma, a praça em frente à Catedral Diocesana
Nossa Senhora dos Prazeres de Lages (em Lages, SC) também recebeu seu nome. “Coronel
João Ribeiro”, como era conhecido, foi político influente na região, chefe do
Partido Conservador no tempo do Império na Região Serrana, que continuou a
comandar depois de proclamada a República, já então com o nome de “Partido
Republicano”.
É um personagem muito importante
para a história local, pois foi um dos fazendeiros fundadores da Freguesia de
São Joaquim da Costa da Serra, no dia 1º de abril de 1873, quando desempenhou a
função de chefe do Conselho Fiscal. De 1891 a 1895 foi nomeado 2º Intendente da cidade
(Prefeito), e desempenhou a função de Presidente da Câmara de Vereadores de
Lages nos anos de 1875 e 1878.
Coronel João Ribeiro. |
Praça João Ribeiro em São Joaquim. Ao fundo, Igreja Matriz. Fonte: site café com bagagem. |
Praça João Ribeiro, em Lages. Ao fundo, a Catedral Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres de Lages. Fonte: Cartão postal de Lages (Fonte: paulomarques.net). |
Cel. João Ribeiro nasceu em 29 de
março de 1819, em Lages (SC). Casou-se em 17.05.1845, em Lages, com Esmenia
Baptista de Souza, filha de João Batista de Souza, “Inholo”, (19/01/1800 -
13/08/1850) e de Maria Gonçalves do Espírito Santo (1802 - 19/08/1882). O casal
residia na Fazenda São João de Pelotas, e teve dez filhos, dos quais apenas
dois eram homens.
Cel. João Ribeiro era filho de João da Silva Ribeiro (Sênior) (1878 –
1868) e de Maria Benta de Souza (1790 – 1857), sendo, portanto, descendente de
duas famílias importantes na região: a Ribeiro e a Souza.
Para mais
informações sobre seus ancestrais e filhos, visite o link: http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2011/02/vida-familiar-e-politica-do-coronel.html.
João Ribeiro faleceu em 10 de maio de 1894, com 75 anos, na Fazenda Limoeiro[1]
(Quarteirão do Pelotinhas), Coxilha Rica, em Lages. Foi enterrado no cemitério
particular de Pelotinhas, devido a perturbações da ordem ocasionadas pela
Revolução de 1893. No dia 10 de maio de 1897, três anos após sua morte, seus
restos mortais foram transladados para o Cemitério público de Lages, o “Cruz
das Almas”, após missa solene cantada na Igreja Matriz, oficiada pelo
Reverendíssimo Padre Rogério Nenhaus. Nessa ocasião foram distribuídas esmolas
aos pobres, em honra à memória do falecido, cidadão dos mais ricos da região,
mas conhecido por sua simplicidade e generosidade.
Por ocasião do inventário de Inholo (pai de Esmenia), após o seu
assassinato por dois escravos em 13 de agosto de 1850, a grande fazenda de São
João de Pelotas foi herdada pelos quatro filhos naturais (Maria Benta, Esmênia,
Maria Magdalena e Marcos). O Casal Esmênia e Coronel João Ribeiro adquiriu toda
a propriedade dos demais herdeiros, não sabemos ainda como, mas provavelmente
por permuta e compra. É só a partir daí que a fazenda recebe essa denominação,
antes era chamada “Fazenda São João”. Todo o seu território, bem mais tarde, se
transformou num distrito do município de São Joaquim, com o nome de São João de
Pelotas. Em 1858, a nova sede mandada construir pelo Coronel João Ribeiro
estava pronta. Para defesa do frio intenso da região, a maioria das fazendas
localizava-se em zonas baixas, e assim aconteceu com essa: do alto das coxilhas
que a rodeavam avistava-se um impressionante conjunto de casa, benfeitorias e
taipas, tudo em “pedra-ferro” (basalto), sede de fazenda que se transformaria
em referência na Região Serrana. As ruínas das taipas ciclópicas atestam ainda
a grandiosidade do que foi o latifúndio construído por João da Silva Ribeiro
Júnior.
Dos quinhentos inventários da Comarca de Lages, referentes ao período
1840-1888, e os dezenove pertencentes à Comarca de São Joaquim, período de
1888-1940, o que denota a maior fortuna da Região nesse período é a do Cel.
João Ribeiro, seguida pela de Inácio da Silva Mattos, na época do inventário de
sua mulher, Ismênia Pereira Machado, falecida em 1934 – Inácio e Ismênia Palma
– casal fundador da Família PALMA de São Joaquim, cujo monte-mor (montante de
bens) alcançava 333:921$000. O montante dos bens de João Ribeiro era de
406:016$370. A terceira maior herança pertenceu a Vidal José de Oliveira Ramos,
no valor de 286:111$500. Vale ressaltar que, segundo o historiador Gilberto
Machado, quem tivesse a partir de dez contos de réis, era “remediado”. Esta
análise sobre as fortunas é relativa, pois naturalmente, perderam-se, ou estão
arquivados em lugar desconhecido, muitos inventários além dos aqui referidos,
que se encontram a salvo no Museu do Judiciário Catarinense, em Florianópolis e
os de São Joaquim no Fórum daquela cidade.
Mais informações sobre o inventário do Coronel João Ribeiro podem ser
encontradas no link: http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2011/04/coronel-joao-ribeiro-um-dos-dez.html.
REFERÊNCIAS
Caderno de Enedino
Batista Ribeiro. Acervo pessoal de Ismênia Ribeiro Schneider.
Inventário judicial sem
testamento de João da Silva Ribeiro, do ano de 1894, Processo nº 76, Fls 1,
arquivado no Juízo de Direito da Comarca de São Joaquim da Costa da Serra,
Província de SC. Em julho de 2007, encontrava-se arquivado na 2ª Vara Civil, no
cartório sob responsabilidade da escrivã D. Josenádia Vicentini de Nardi, Fórum
de São Joaquim, SC.
Inventário João
Baptista de Souza, 1850, arquivado na pasta 43 (0-10), no Museu do
Judiciário Catarinense.
Certidão de batismo de João da Silva Ribeiro Júnior. Documento
fornecido por Rogério Palma de Lima. Disponível em: https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-9835-75988-44?cc=1719212&wc=MMLV-SVB:1784094033
Certidão de Matrimônio João da Silva Ribeiro Júnior e Esmênia Baptista
de Souza. Documento fornecido por Rogério Palma de Lima. Disponível em: https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-267-12415-26157-57?cc=1719212&wc=11578550
Certidão de Óbito de João da Silva Ribeiro Júnior. Documento
fornecido por Rogério Palma de Lima. Disponível em:
Obs.: O arquivo morto da 2ª Vara do Fórum de São Joaquim foi
transferido para o Museu do Judiciário de SC, em Florianópolis.
[1] A Fazenda
do Limoeiro era de propriedade Moysés da Silva Furtado (1832 – 04.08.1900),
casado com Emília Baptista de Souza (nasc. 01/04/1852), filha do Cel. João
Ribeiro. Moysés era filho de José da Silva Furtado e Joaquina Maria do Espírito
Santo.
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