sexta-feira, 3 de março de 2017

Nomes de Ruas e Praças de São Joaquim - Praça João Ribeiro

      Ismênia Ribeiro Schneider
Cristiane Budde


      Nomes de ruas e praças possibilitam que as pessoas se localizem e se locomovam com mais facilidade em uma cidade. Contudo, esses nomes, em geral, não se limitam apenas a orientar geograficamente os habitantes e turistas, e não são dados meramente ao acaso. Por vezes, fazem referência a acontecimentos históricos importantes ou homenageiam um personagem relevante para o país, estado, cidade ou região. Esse fato pode ser constatado também na cidade de São Joaquim (SC), ao observar nomes de ruas como Manoel Joaquim Pinto, Paulo Bathke, Inácio Palma, Bento Cavalheiro do Amaral, dentre outros.
Contudo, muitas vezes a história de quem deu origem ao nome das vias e praças acaba se perdendo “nas poeiras do tempo”, e a própria população desconhece a razão pela qual foi prestada tal homenagem. Dessa maneira, ressalta-se a importância do resgate histórico sobre as personagens que nomeiam os logradouros da cidade, proporcionando o conhecimento da história local para habitantes e pessoas que visitam ou pesquisam sobre a região. Este dado histórico fornece substrato para um resgate cultural e cidadão da localidade, pois o povo que conhece sua história sabe localizar-se melhor em seu presente e planejar com mais segurança seu futuro. 
Iniciamos hoje, portanto, uma série de matérias em que serão apresentados estudos sobre diversos personagens que deram nome às praças e ruas de São Joaquim (SC). Começamos com João da Silva Ribeiro Júnior, “Cel. João Ribeiro”, que deu nome à praça central da cidade.

PRAÇA JOÃO RIBEIRO

            A praça central da cidade de São Joaquim (SC) recebeu o nome de “Praça João Ribeiro”, em homenagem a João da Silva Ribeiro Júnior. Da mesma forma, a praça em frente à Catedral Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres de Lages (em Lages, SC) também recebeu seu nome. “Coronel João Ribeiro”, como era conhecido, foi político influente na região, chefe do Partido Conservador no tempo do Império na Região Serrana, que continuou a comandar depois de proclamada a República, já então com o nome de “Partido Republicano”.
            É um personagem muito importante para a história local, pois foi um dos fazendeiros fundadores da Freguesia de São Joaquim da Costa da Serra, no dia 1º de abril de 1873, quando desempenhou a função de chefe do Conselho Fiscal. De 1891 a 1895 foi nomeado 2º Intendente da cidade (Prefeito), e desempenhou a função de Presidente da Câmara de Vereadores de Lages nos anos de 1875 e 1878.
Coronel João Ribeiro.


Praça João Ribeiro em São Joaquim. Ao fundo, Igreja Matriz. Fonte: site café com bagagem.


Praça João Ribeiro, em Lages. Ao fundo, a Catedral Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres de Lages. Fonte: Cartão postal de Lages (Fonte: paulomarques.net).
  

            Cel. João Ribeiro nasceu em 29 de março de 1819, em Lages (SC). Casou-se em 17.05.1845, em Lages, com Esmenia Baptista de Souza, filha de João Batista de Souza, “Inholo”, (19/01/1800 - 13/08/1850) e de Maria Gonçalves do Espírito Santo (1802 - 19/08/1882). O casal residia na Fazenda São João de Pelotas, e teve dez filhos, dos quais apenas dois eram homens.
Cel. João Ribeiro era filho de João da Silva Ribeiro (Sênior) (1878 – 1868) e de Maria Benta de Souza (1790 – 1857), sendo, portanto, descendente de duas famílias importantes na região: a Ribeiro e a Souza.
Para mais informações sobre seus ancestrais e filhos, visite o link: http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2011/02/vida-familiar-e-politica-do-coronel.html.

João da Silva Ribeiro Júnior e Esmênia Baptista de Souza.


João Ribeiro faleceu em 10 de maio de 1894, com 75 anos, na Fazenda Limoeiro[1] (Quarteirão do Pelotinhas), Coxilha Rica, em Lages. Foi enterrado no cemitério particular de Pelotinhas, devido a perturbações da ordem ocasionadas pela Revolução de 1893. No dia 10 de maio de 1897, três anos após sua morte, seus restos mortais foram transladados para o Cemitério público de Lages, o “Cruz das Almas”, após missa solene cantada na Igreja Matriz, oficiada pelo Reverendíssimo Padre Rogério Nenhaus. Nessa ocasião foram distribuídas esmolas aos pobres, em honra à memória do falecido, cidadão dos mais ricos da região, mas conhecido por sua simplicidade e generosidade.
Por ocasião do inventário de Inholo (pai de Esmenia), após o seu assassinato por dois escravos em 13 de agosto de 1850, a grande fazenda de São João de Pelotas foi herdada pelos quatro filhos naturais (Maria Benta, Esmênia, Maria Magdalena e Marcos). O Casal Esmênia e Coronel João Ribeiro adquiriu toda a propriedade dos demais herdeiros, não sabemos ainda como, mas provavelmente por permuta e compra. É só a partir daí que a fazenda recebe essa denominação, antes era chamada “Fazenda São João”. Todo o seu território, bem mais tarde, se transformou num distrito do município de São Joaquim, com o nome de São João de Pelotas. Em 1858, a nova sede mandada construir pelo Coronel João Ribeiro estava pronta. Para defesa do frio intenso da região, a maioria das fazendas localizava-se em zonas baixas, e assim aconteceu com essa: do alto das coxilhas que a rodeavam avistava-se um impressionante conjunto de casa, benfeitorias e taipas, tudo em “pedra-ferro” (basalto), sede de fazenda que se transformaria em referência na Região Serrana. As ruínas das taipas ciclópicas atestam ainda a grandiosidade do que foi o latifúndio construído por João da Silva Ribeiro Júnior.
Dos quinhentos inventários da Comarca de Lages, referentes ao período 1840-1888, e os dezenove pertencentes à Comarca de São Joaquim, período de 1888-1940, o que denota a maior fortuna da Região nesse período é a do Cel. João Ribeiro, seguida pela de Inácio da Silva Mattos, na época do inventário de sua mulher, Ismênia Pereira Machado, falecida em 1934 – Inácio e Ismênia Palma – casal fundador da Família PALMA de São Joaquim, cujo monte-mor (montante de bens) alcançava 333:921$000. O montante dos bens de João Ribeiro era de 406:016$370. A terceira maior herança pertenceu a Vidal José de Oliveira Ramos, no valor de 286:111$500. Vale ressaltar que, segundo o historiador Gilberto Machado, quem tivesse a partir de dez contos de réis, era “remediado”. Esta análise sobre as fortunas é relativa, pois naturalmente, perderam-se, ou estão arquivados em lugar desconhecido, muitos inventários além dos aqui referidos, que se encontram a salvo no Museu do Judiciário Catarinense, em Florianópolis e os de São Joaquim no Fórum daquela cidade.
Mais informações sobre o inventário do Coronel João Ribeiro podem ser encontradas no link: http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2011/04/coronel-joao-ribeiro-um-dos-dez.html.


REFERÊNCIAS

Caderno de Enedino Batista Ribeiro. Acervo pessoal de Ismênia Ribeiro Schneider.

Inventário judicial sem testamento de João da Silva Ribeiro, do ano de 1894, Processo nº 76, Fls 1, arquivado no Juízo de Direito da Comarca de São Joaquim da Costa da Serra, Província de SC. Em julho de 2007, encontrava-se arquivado na 2ª Vara Civil, no cartório sob responsabilidade da escrivã D. Josenádia Vicentini de Nardi, Fórum de São Joaquim, SC.

Inventário João Baptista de Souza, 1850, arquivado na pasta 43 (0-10), no Museu do Judiciário Catarinense.

Certidão de batismo de João da Silva Ribeiro Júnior. Documento fornecido por Rogério Palma de Lima. Disponível em: https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-9835-75988-44?cc=1719212&wc=MMLV-SVB:1784094033

Certidão de Matrimônio João da Silva Ribeiro Júnior e Esmênia Baptista de Souza. Documento fornecido por Rogério Palma de Lima. Disponível em:  https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-267-12415-26157-57?cc=1719212&wc=11578550

Certidão de Óbito de João da Silva Ribeiro Júnior. Documento fornecido por Rogério Palma de Lima. Disponível em:    

Obs.: O arquivo morto da 2ª Vara do Fórum de São Joaquim foi transferido para o Museu do Judiciário de SC, em Florianópolis.
  



[1] A Fazenda do Limoeiro era de propriedade Moysés da Silva Furtado (1832 – 04.08.1900), casado com Emília Baptista de Souza (nasc. 01/04/1852), filha do Cel. João Ribeiro. Moysés era filho de José da Silva Furtado e Joaquina Maria do Espírito Santo.



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