No dia 07 de maio último comemorou-se
o aniversário de fundação da cidade de São Joaquim (SC). Para juntar-nos às
celebrações, organizamos uma breve retrospectiva desses 130 anos de nosso
caminhar neste solo sagrado para seus habitantes.
Primeiramente,
apresentamos estudo realizado pelo IBGE[i], no
qual é descrita a formação administrativa de São Joaquim, explicitando seus
distritos e os desmembramentos ocorridos:
Freguesia criada com denominação de São Joaquim da Costa da Serra, pela
lei provincial nº 645, de 02-05-1871, subordinado a vila de Lages.
Elevada à categoria de vila com a [mesma]
denominação, pela lei provincial nº 1.108, de 28-08-1886, desmembrada de Lages.
[...]
Instalado em 07-05-1887 [o município
de São Joaquim da Costa da Serra].
Pela lei municipal n 4, de 30-03-1905, é criado o distrito de Nossa
Senhora do Socorro e anexado a Vila de São Joaquim da Costa da Serra.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é
constituído de 2 distritos: São Joaquim da Costa da Serra e Nossa Senhora do
Socorro.
Nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-09-1920, a Vila
figura com a denominação de São Joaquim, e o distrito com a denominação de
Socorro, ex- Nossa Senhora do Socorro.
Pela lei municipal nº 158,de 15-07-1922, é criado o distrito de Urubici,
anexado à Vila de São Joaquim.
Pela lei municipal nº 170, de 17-10-1923, é criado o distrito de Santana
do Cedro, anexado à Vila de São Joaquim. [...] “Pelo Decreto Federal nº 86, de
31 de março de 1938, o povoado foi elevado à categoria de Vila”[ii].
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município já
denominado São Joaquim da Costa da Serra é constituído de 4 distritos: São
Joaquim da Costa da Serra, Nossa Senhora do Socorro, exSocorro, Urubici e
Santana do Cedro.
Em divisões territoriais datadas de 31-12-1936 e 31-12-1937, o município
figura com 4 distritos: São Joaquim da Costa da Serra, Nossa Senhora do
Socorro, Nossa Senhora de Santana e Urubici, menos o distrito de Santana de
Cedro.
Pelo decreto-lei estadual nº 86, de 31-03-1938, o município de São
Joaquim da Costa da Serra teve sua denominação simplificada para São Joaquim, o
distrito Nossa Senhora de Santana à denominação de Santana, e o distrito de
Nossa Senhora de Socorro à denominação Bom Jardim.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é
constituído de 4 distritos: São Joaquim, Bom Jardim, ex-Nossa Senhora do
Socorro, Santana, ex-Nossa Senhora de Santana e Urubici.
Pelo decreto-lei estadual nº 941, de 31-12-1943, o distrito de Bom Jardim
passou denominar-se Cambajuva, e o distrito de Santana a denominar-se Urupema.
No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é
constituído de 4 distritos: São Joaquim, Cambajuva, Urubici e Urupema.
Pela lei estadual nº 282, de 28-07-1949, o distrito de Cambajuva passou a
denominar-se Bom Jardim da Serra.
Em divisão territorial datada de 1-07-1955, o município é constituído de
4 distritos: São Joaquim, Bom Jardim da Serra, ex-Cambajuva, Urubici e Urupema.
A lei estadual nº 274 de 06-12-1956, desmembra do município de São
Joaquim o distrito de Urubici, que por sua vez, é elevado à categoria de
município.
Em divisão territorial datada de 1-07-1960, o município é constituído de
3 distritos: São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urupema.
Pela lei estadual nº 1.052, de 26-01-1967, é desmembrado do município de
São Joaquim o distrito de Bom Jardim da Serra, por sua vez elevado à categoria
de município.
Pela lei estadual nº 1.057, de 19-04-1967, é criado o distrito de Pericó,
também anexado ao município de São Joaquim.
Pela lei estadual nº 1.058, de 19-04-1967, é criado o distrito de São
Sebastião de Arvoredo, igualmente anexado ao município de São Joaquim.
Em divisão territorial datada de 1-01-1979, São Joaquim é constituído de
4 distritos: São Joaquim, Pericó, São Sebastião do Arvoredo e Urupema.
Pela lei estadual nº 1.105, de 04-01-1988, é desmembrado do município de
São Joaquim o distrito de Urupema, igualmente elevado à categoria de município.
Pela lei municipal nº 1.487, de 22-12-1989, é criado o distrito de Santa
Izabel e anexado ao município de São Joaquim.
Em divisão territorial datada de 17-01-1991, o município é constituído de
4 distritos: São Joaquim, Pericó, Santa Izabel e São Sebastião do Arvoredo.
Em divisão territorial datada de 15-07-1997, o município é constituído de
4 distritos: São Joaquim, Pericó, Santa Izabel e São Sebastião de Arvoredo.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2003.
Alterações toponímicas distritais:
São Joaquim da Costa da Serra para São Joaquim, alteração de 1920.
Em 1933, São Joaquim voltou a denominar-se São Joaquim da Costa da Serra.
Finalmente, em 31/12/1938, parece que a cidade sofreu a última e definitiva
alteração, como SÃO JOAQUIM (decreto lei nº 86).
A Ata de Fundação de Freguesia (de São Joaquim), é datada de 1º de
abril de 1873. Nesse dia, estiveram presentes e assinaram a Ata de Fundação de
Freguesia as seguintes pessoas, constando o nome, a região do domicílio e as
cotas com que contribuiriam para a construção da igreja:
Manoel Joaquim Pinto
|
Cedro
|
100$000
|
Marcos Baptista de Souza
|
Arvoredo
|
100$000
|
Joaquim José de Souza
|
Bom Sucesso
|
100$000
|
João da Silva Ribeiro Júnior (Coronel João
Ribeiro)
|
São João de Pelotas
|
20$000
|
Bento Cavalheiro do Amaral
|
Morro Agudo
|
10$000
|
Joaquim Cavalheiro do Amaral
|
Morro Agudo
|
50$000
|
Manoel Saturnino de Souza Oliveira
|
Bom Sucesso
|
10$000
|
Joaquim da Silva Mattos
|
1 milheiro de têlhas
|
|
Ezírio Bento Rodrigues Nunes
|
Mantiqueira
|
10$000
|
Antônio Henrique de Oliveira
|
São Mateus
|
10$000
|
Joaquim Henrique de Oliveira
|
Antoninha
|
10$000
|
Máximo Sutil de Oliveira
|
São Mateus
|
10$000
|
Manoel Antunes de Souza
|
Bom Sucesso
|
1$000
|
Antônio Francisco de Figueiredo
|
10$000
|
|
Pedro Borges do Amaral
|
Costa da Serra
|
10$000
|
Olivério Candido da Silva
|
São Mateus
|
5$000
|
José Alano de Souza Netto
|
5$000
|
|
A pedido de João Pereira Rodrigues,
Ezírio
Bento Rodrigues Nunes
|
3$000
|
|
A pedido de Jenuíno da Silva Ribeiro,
Ezírio
Bento Rodrigues Nunes
|
Lavatudo
|
1 semana de serviço no campo da obra da Igreja
|
Manoel Romeno (Negro) da Divisa
|
2$000
|
|
Antônio Joaquim da Santana
|
Postinho
|
2$000
|
Feliciano Antonio Pereira
|
10$000
|
|
Manoel Joaquim da Rosa
|
2$000
|
|
Lúcio da Silva Ribeiro
|
4$000
|
|
Thomas José da Silva
|
10$000
|
|
Manoel Jesus de Oliveira
|
4$000
|
|
Evaristo José de Oliveira
|
2$000
|
|
Rufino Pereira de Medeiros
|
Santa Izabel
|
10$000
|
Ulbano Maximiliano da Silva
|
10$000
|
|
Manoel Francisco Carvalho
|
Postinho
|
2$000
|
Pedro José Ribeiro
|
Costa da Serra
|
10$000
|
Oracio José Luz
|
Bom Sucesso
|
5$000
|
Manoel Rodrigues de Jesus Borges
|
Postinho
|
20$000
|
João de Deus Pinto de Arruda
|
Cedro
|
1$000
|
Francisco Bernardo Souza
|
Postinho
|
2$000
|
Domingos Thomaz de Souza
|
Bom Sucesso
|
10$000
|
João Pedro Ribeiro
|
Costa da Serra
|
3$000
|
José Joaquim de Souza
|
Bom sucesso
|
10$000
|
Manoel José de Aguirra *
|
Postinho
|
1 semana de serviço
|
Manoel dos Santos Soares
|
Costa da Serra
|
2$000
|
Francisco Ribeiro da Costa
|
Costa da Serra
|
2$000
|
Manoel Bento Rodrigues Junior
|
Costa da Serra
|
5$000
|
Manoel Bento Ribeiro
|
Costa da Serra
|
10$000
|
Manoel Cavalheiro do Amaral
|
Morro Agudo
|
|
Francisco Pedro Ribeiro
|
Costa da Serra
|
10$000
|
Filisberto José Oliveira
|
Postinho
|
10$000
|
Jose Gonçalves Tiadorio
|
Bom Sucesso
|
2$000
|
Manoel Alano de Souza
|
São Mateus
|
10$000
|
Jose Martins
|
15 dias de serviço e 10$000
|
|
José Zeferino da Luz (em casa do Fermino)
|
4$000
|
|
João Rodrigues de Souza
|
Bom Sucesso
|
10$000
|
Januario Pinto de Arruda
|
Cedro
|
10$000
|
Jose Pinto de Arruda
|
Cedro
|
10$000
|
Polidorio Pereira da Cruz
|
Cedro
|
10$000
|
Timóteo Pereira da Cruz
|
Cedro
|
10$000
|
Antônio Pereira Cunha Cruz
|
Cedro
|
20$000
|
Manoel Souza Mattos
|
10$000
|
|
João Baptista Costa Cardozo, casa de Manoel
Joaquim
Pinto
|
5$000
|
|
Simplicio dos Santos Souza, casa Sr.
Cruz
|
5$000
|
|
Jose Rodrigues de Souza
|
Bom Sucesso
|
100$000
|
Manoel de Souza Ribeiro
|
10$000
|
|
Manoel Ribeiro Nesinho
|
Bom Sucesso
|
5$000
|
José Anastácio de Souza
|
Postinho
|
2$000
|
Francisco José Pereira
|
Postinho
|
2$000
|
João Cavalheiro do Amaral
|
Morro Agudo
|
50$000
|
Inácio Cavalheiro do Amaral
|
Morro Agudo
|
50$000
|
Souza
|
Presta vinte dias de serviço
|
|
Jesus
|
2$000
|
|
Cunhal
|
3$000
|
|
Julião Francisco Padilha
|
Postinho
|
10$000
|
* No documento de Ata de Fundação consta como
"Manoel José de Águida", mas o descendente Valmir Nunes
(trineto de Manuel José de Aguirra) nos enviou a correção.
Notas:
**Os dez fazendeiros que assumiram a chefia dos trabalhos de fundação de São Joaquim da Costa da Serra em 01.04.1873 foram:
1. Manoel Joaquim Pinto - Presidente
2. Marcos Baptista de Souza - Secretário
3. João da Silva Ribeiro Júnior (Coronel João Ribeiro) - Presidente do Conselho Fiscal
4. Antônio Gonçalves Padilha - Procurador
5. Joaquim José de Souza - Tesoureiro
6. Joaquim Cavalheiro do Amaral - Membro do Conselho Fiscal
7. Bento Cavalheiro do Amaral - Membro do Conselho Fiscal
8. Manoel Saturnino de Souza e Oliveira - Membro do Conselho Fiscal
9. Joaquim das Palmas da Silva Mattos – Arruador público; desenhou as ruas e logradouros da cidade
10. Ezírio Bento Rodrigues Nunes - Membro do Conselho Fiscal
***A função de “Procurador”,
delegada a Antônio Gonçalves Padilha, talvez fosse a mais espinhosa do grupo,
pois era a de arrecadar, de fazenda em fazenda, dinheiro vivo ou donativos,
para a compra do terreno onde seria erguida a freguesia com uma igreja,
condição indispensável para o início da vida comunitária. Em fotografia vista
no acervo de Joaquim Galete da Silva, tive ocasião de observar que o Procurador
era homem alto, magro e elegante, de cor parda. Residia em sua fazenda “Quinze
Dias”, na região do hoje município de Bom Jardim, legado que sua esposa, Felisbina
Rodrigues da Maia, recebeu por ocasião do falecimento do padrinho, Francisco
José Velho, em 1858.
****A principal função do Tesoureiro do Grupo Fundador, logo após o 1º de abril de 1873, foi gerir e aplicar os fundos arrecadados, em três atividades essenciais: o pagamento do terreno destinado ao assentamento da Freguesia, comprado à Família Cavalheiro do Amaral; a construção de uma capela que permitisse o quanto antes o início das atividades religiosas junto à população desassistida, e o pagamento de todos os procedimentos jurídicos necessários à consolidação da póvoa que estava sendo fundada.
Manoel Joaquim Pinto. |
Marcos Baptista de Souza (bisavô desta pesquisadora, Ismênia Ribeiro Schneider). |
João da Silva Ribeiro Júnior (Coronel João Ribeiro). |
Apesar
de a Ata de Fundação da Freguesia ser de 1º de abril de 1873, a instalação do município e da 1ª Câmara
Municipal ocorreu em 7 de maio de 1887, onde foram eleitos como vereadores
Matheus Ribeiro de Sousa, Marcos Batista de Sousa, José Alves de Sá, José
Rodrigues de Sousa, João de Deus Pinto de Arruda, Aureliano de Sousa e Oliveira
(Neto) e Policarpo José Rodrigues[iii].
Neste momento, é importante também resgatar a
Conferência proferida por Enedino Batista Ribeiro em São Joaquim, por ocasião
do 1º Centenário de fundação da cidade, em 1973[iv]:
Conferência
sobre a Fundação da Cidade de São Joaquim-SC
Prof.
Enedino Batista Ribeiro
Saudação às autoridades presentes e à plateia,
Atendendo a honroso convite do Presidente e
Secretário da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – Escola Técnica de
Comércio “São Joaquim”, em sintonia com as autoridades municipais de nossa
terra, aqui me encontro para vos falar do tema que me foi proposto – FUNDAÇÃO E
HISTÓRIA DA CIDADE DE SÃO JOAQUIM.
A tarefa foi árdua, mas sumamente honrosa e
agradável. Por certo que outros joaquinenses poderiam fazê-lo com maior
brilhantismo, pois meus 74 anos representam justificável empecilho para o êxito
da missão que exige pesquisa, tempo e muito ardor.
Vários fatos concorreram para aceitar o
desafio dos moços de nossos dias: A oportunidade de voltar ao torrão natal,
para rever a cidade, por nós todos muito querida, bela, progressista e altiva
nos seus 100 anos de existência! E principalmente porque represento um espaço
de mais de 70 anos, um elo entre as gerações do presente e as dos nossos
valorosos antepassados. Saibam todos que nasci no derradeiro ano do século XIX,
século esse de nascimento de milhares de cidades brasileiras e desta Suíça
nativa!
Em agosto de 1940, publiquei a monografia de
São Joaquim às expensas do Departamento Estadual de Estatística. Trabalho
elaborado com muitos sacrifícios e amor por esta terra de que muito me orgulho.
Cem (100) exemplares desse trabalho foram entregues à Prefeitura para
distribuição em todo o território municipal e arquivos da municipalidade. Nessa
monografia, encontra-se um bom resumo histórico da origem do povoamento,
evolução social e política do município de São Joaquim.
Modéstia à parte, é um trabalho bom, minucioso e que na década de 1940
anos nos deu muito trabalho na colheita de dados. Quem desejar conhecer melhor
a história de nossa terra, poderá compulsar aquela monografia.
A presente conferência além dessa fonte histórica é vasada
principalmente no conjunto de atas que registraram a fundação da cidade, seu
nascimento e crescimento até 1890.
O território joaquinense, como se sabe, integrava o imenso território da
freguesia de Lages.
Em 28 de janeiro de 1868, foi
dado o primeiro passo para o surgimento do nosso município. Nessa data, foi
criado um distrito policial no lugar denominado “Costa da Serra”.
Pela lei provincial nº 645, de 2 de
maio de 1871, 2 anos antes da
fundação da cidade, foi criado o
distrito da Costa da Serra.
Ora, criado e desmembrado, o novo distrito passou a ser uma unidade
autônoma, precisando de uma denominação própria, pela qual se tornasse
conhecida.
A criação do Distrito pelo Governo
provincial empolgou os homens que habitavam os nossos rincões e ao despontar o
ano de 1873 um pugilo de bravos dedicaram suas vidas à consolidação política e
administrativa de sua terra.
Essa plêiade de varões ilustres, em
reuniões informais, liderados pelo notável fazendeiro MANOEL JOAQUIM PINTO, natural de Piracicaba, Estado de São
Paulo, batizaram esta terra abençoada
com o pomposo nome de “São Joaquim da Costa da Serra”.
Mas foi no dia 1º de abril de
1873, que se realizou a primeira assembléia geral para se proceder,
oficialmente, à escolha do sítio para a fundação da freguesia, com a construção
imediata de uma Capela.
Encontramos referências históricas e precisas de que a reunião foi
levada a efeito na casa de MANOEL JOAQUIM PINTO, que, dali por diante, foi
sempre a sede das reuniões dos fundadores de São Joaquim.
Consta da ata nº 1, cuja cópia
possuo em meus arquivos particulares, que na manhã de 1º de abril de 1873,
realizou-se a 1ª reunião, na qual se nomeou a Comissão e a Mesa encarregadas da
escolha e demarcação do terreno no centro do Distrito, bem como da edificação
de uma Igreja que servisse para Matriz da nova freguesia.
Os membros dessa Comissão, eleitos pelo período de 1 ano, foram
integrados pelos seguintes joaquinenses, cujas gerações vêm se sucedendo até
nossos dias:
PRESIDENTE DA COMISSÃO – Manoel Joaquim
Pinto
SECRETÁRIO – Cap. Cte. Marcos Baptista de
Souza
TESOUREIRO – Joaquim José de Souza
PROCURADOR – Antonio Gonçalves Padilha
Na mesma reunião foi eleita a Mesa de controle das contas da comissão –
o que corresponde hoje em dia aos Conselhos Fiscais.
Há que se registrar, nesta oportunidade, o nome desses ilustres
cidadãos, cujos sobrenomes hão de repercutir com carinho, admiração e respeito,
no coração desta platéia, pois são nossos antepassados, cujos filhos, netos,
bisnetos, e tataranetos, nasceram e se criaram sob os céus de São Joaquim. São
eles:
Tenente Coronel – João da Silva Ribeiro
Major – Bento Cavalheiro do Amaral; Joaquim
Cavalheiro do Amaral; Manoel Saturnino de Souza e Oliveira, Joaquim da Silva
Mattos e Ezirio Bento Rodrigues Nunes.
Ficou estipulado que a Mesa se reuniria todas as vezes que o presidente
Manoel Joaquim Pinto a convocasse, podendo a reunião efetivar-se desde que
presentes três membros, além do Presidente e do Secretário da Comissão. E mais,
que o procurador Antonio Gonçalves Padilha ficaria encarregado de angariar
donativos para as obras da Igreja, o que deveria ser rigorosamente lançado no
livro de “Receita e Despesa”, que seria escriturado pelo Secretário, com a
supervisão do Presidente e do Tesoureiro. Veja-se nesse tópico o zelo, cuidado
e o resguardo pela honorabilidade dos fundadores da cidade e da coisa pública.
Todavia, o registro mais importante dessa ata de fundação da freguesia,
sede do novo distrito, é o seguinte:
A Comissão e Mesa reunir-se-ão, ordinariamente uma vez por ano, no dia
1º de abril, data do aniversário da instalação da Freguesia.
Portanto, 1º de abril é a data histórica da fundação da cidade de São
Joaquim. Aqui fica a corrigenda, baseada em documento autêntico e
irretorquível.
A ata nº 2 e 3 foram lavradas no mesmo dia 1º de abril de 1873.
Na 3ª ata ficou consignada a escolha do sítio onde se assentaria a
cidade e que na época chamava-se Cruzeiro, cujo terreno era de propriedade dos
cidadãos Joaquim Cavalheiro do Amaral, João Cavalheiro do Amaral, Antônio
Cavalheiro do Amaral Tota e Inácio Cavalheiro do Amaral. O preço de Cr$. 1250
(hum mil, duzentos e cinquenta milréis).
Foi lavrada a escritura manual entre os
membros da Comissão e os vendedores. Na mesma oportunidade, para usar o termo
empregado pelo Secretário foi “riscado” o lugar da Matriz, com 70 metros de
comprimentos por 45 metros de largura; a praça da Matriz com 300 palmos
quadrados. Demarcou-se, ainda, o pátio da cadeia com 140 palmos quadrados, uma
rua municipal que é a existente ainda hoje e mais três transversais, recebendo
estas as seguintes denominações: Duque de Caxias, General Osório e Gel. Câmara.
Pergunto ao nobre auditório se não é lamentável que o nome dessas três
ruas se tenham perdido na poeira dos tempos, e na memória das gerações, pois a
permanência imperecível do nome das três primeiras ruas de nossa cidade seria
um elo de união entre os nossos antepassados e as suas gerações descendentes.
O mestre construtor da Matriz foi João Pedro Lucrécio, por contrato
firmado com o Presidente Manoel Joaquim Pinto.
A Comissão e a Mesa, com pequenas substituições, se mantiveram nos
cargos até abril de 1875, durante três anos de intensa atividade,
principalmente em torno da construção da Matriz, que foi para a nova comuna, a
obra do século.
Anotem que a 1º de abril de 1874, reeleitas a Comissão e Mesa, foi feita
a primeira tomada de contas e meditem nesta curiosidade – Diz a ata nº 7,
textualmente:
“Na prestação de Contas, a Comissão verificou importar a receita em
1.518$920 e mais 31 rezes, 15,50 alqueires de feijão e a despesa na quantia de
1.494$380 e mais 6 rezes e 12 alqueires de feijão, resultando um saldo a favor
da Comissão da quantia de Cr$. 24$540 e mais 25 reses e 31, 2 alqueires de
feijão”.
Anotem, ainda, que no dia 1º de janeiro de 1876 feriu-se a primeira
eleição de São Joaquim do Cruzeiro da Costa da Serra.
Por motivos que não pudemos investigar por falta de tempo, nessa data
procedeu-se à eleição para renovação geral dos cargos, saindo vitoriosa a chapa
encabeçada por José Florêncio Pereira de Medeiros, com 38 votos. Joaquim da
Silva Mattos foi reeleito Secretário, passando a ocupar o cargo de Tesoureiro:
Manoel Cavalheiro do Amaral, e como procurador, José Rodrigues de Souza.
Foram nomeados para a Mesa (Conselho Fiscal) Joaquim Cavalheiro do
Amaral, João Pinto de Arruda, Manoel José da Silva, Manoel José Pereira, Inácio
da Silva Mattos e Timóteo Pereira da Cruz.
Conhecidos os resultados e proclamados os eleitos, estes se reuniram
para consignarem em ata voto de louvor e reconhecimento e Manoel Joaquim Pinto
e seus companheiros.
Consignou-se, ainda, na ata, que Manoel
Joaquim Pinto, durante 32 meses de sua gestão, dispendeu do próprio bolso os
recursos para prosseguimento das obras da Igreja, contratando, inclusive, mais um servente para
os pedreiros.
Entre tantas coisas que poderíamos relatar, quero deixar registrado
nesta oportunidade as deliberações da reunião de 9 de julho de 1876, que
comprovam que a freguesia, crescia e prosperava:
1º - Daquela data em diante qualquer cidadão que desejasse edificar uma
casa, deveria formular requerimento que, mediante aprovação da Comissão, seria
encaminhada à Câmara Municipal de Lages, para os devidos fins;
2º - Nome e balizamento das ruas para atender aos interesses da comuna;
3º - Criação do cargo de arruador público, sendo nomeado o cidadão
Joaquim da Silva Mattos e seu substituto Joaquim Cavalheiro do Amaral;
4º - Edificação do nicho do Santo Sacrário e compra dos paramentos para
a solene benzedura da Matriz.
Ao terminar esta conferência, na realidade uma palestra com os meus
jovens e velhos conterrâneos, registro um conhecimento que tenho, o qual não
deixa de ser um sugestivo episódio histórico sobre a fundação de São Joaquim: A
primeira reunião foi presidida, como sabemos, por Manoel Joaquim Pinto; faziam
parte da Comissão Joaquim Cavalheiro do Amaral e Joaquim José de Souza; era
Juiz da Comarca de Lages a que pertencia o Termo de São Joaquim – o Dr. Joaquim
José Henrique, que aplaudiu a fundação do povoado às margens do rio São Mateus,
sendo presidente da província de Santa Catarina o Dr. Joaquim Bandeira de
Gouvêa, que sancionou a lei que desmembrou o Distrito da Costa da Serra da
Freguesia da cidade de Lages para formar outra freguesia.
A colaboração de quatro cidadãos com o
prenome de Joaquim explica a razão por que o povoado recebeu o nome de São
Joaquim, sobre ser ainda a invocação do nome de um grande santo, que é o avô
materno de Jesus Cristo.
Para mais informações sobre
alguns dos fundadores de São Joaquim, acesse:
Referências
Dados de Enedino Batista Ribeiro, contidos na 1ª
Ata de Fundação de Freguesia de São Joaquim da Costa da Serra.
[i]
IBGE. São Joaquim – Santa Catarina (SC).
(Pequenas correções no texto realizadas por Ismênia Ribeiro Schneider) Disponível
em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/santacatarina/saojoaquim.pdf.
Acesso em: 09 de maio de 2017.
[ii]
PREFEITURA Municipal de Urupema. História
de Urupema. Disponível em: http://www.cidademaisfriadobrasil.com.br/historia-de-urupema.php.
Acesso em: 11 de maio de 2017.
[iii]
RIBEIRO, Enedino Batista. In: ed. Departamento Estadual de Estatística. São
Joaquim: notícia estatístico-descritiva. [S.l.: s.n.]. 71 p.
[iv]
Considerando a data da Ata de Fundação.
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